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Da perícia em aparelhos de telefone celular

5.4.2.1 “Engenharia social”

6.2 A prova pericial nos crimes informáticos

6.2.5 Da perícia em aparelhos de telefone celular

Os exames periciais realizados nos aparelhos de telefone celular muito se aproximam daqueles feitos nos dispositivos informáticos de armazenamento de informações. Isso porque estes aparelhos possuem componentes de armazenamento onde se alocam dados que podem in- teressar à investigação de um fato penal. A apontada similitude entre os dispositivos informáticos de armazenamento e os aparelhos de telefonia celular faz com que o procedimento adotado na perícia dos primeiros seja idêntico ao utilizado na dos segundos. Portanto, aqui, a perícia também ocorrerá em quatro fases, sendo elas: a preservação, extração, análise e formalização.

Antes de adentrar nas fases do exame pericial dos aparelhos de tele- fonia celular, necessário se faz o esclarecimento acerca de algumas questões que envolvem os aparelhos mais comuns na atualidade, quais se- jam, os celulares do tipo Global System for Mobile (GSM). Este tipo de aparelho possui um número único de identificação, formado por quinze caracteres, habitualmente no formato “000000/00/000000/0”, cha- mado de International Mobile Equipement Identity (IMEI).76A partir do

número do IMEI, o aparelho poderá ser bloqueado em casos de extravio, furto, roubo, entre outros. Para tanto, basta que o usuário entre em con- tato com a sua operadora, forneça o número do IMEI e requeira o blo- queio do correspondente dispositivo (SOUZA, 2012).

De outro lado, os aparelhos GSM se conectam às operadoras de tele- fonia móvel a partir de uso de, pelo menos, um cartão SIM (Subscriber

Identity Module), sendo que cada cartão é gravado com um número

único, composto de dígitos que variam entre 19 e 22, que ficam estampa- dos em seu lado externo. Esse número recebe o nome de Integrated Cir-

cuit Chip Card Identification (ICCID) e é através dele que se dá a inter-re-

lação entre o número da linha e o cartão SIM. Em outras apalavras, o armazenamento do número da linha não se dá no cartão SIM, mas, sim, nos sistemas das operadoras de telefonia móvel que o vinculam ao ICCID. Portanto, o número da linha telefônica não está no cartão SIM (comu- mente chamado chip), mas está a ele vinculado, de forma que, em caso de perda, furto, entre outros, basta requerer à operadora outro cartão SIM, vinculando ao ICCID nele presente o respectivo número da linha telefôn- ica. Sabendo disso, há de se ressaltar a possibilidade de vinculação de mais de uma linha telefônica em um único cartão SIM (ELEUTÉRIO; MACHADO, 2010, p. 94). Feitos esses esclarecimentos iniciais, passa-se às fases do exame pericial.

6.2.5.1 Das fases do exame pericial nos aparelhos de

telefonia celular

A fim de preservar os dados contidos nos aparelhos de telefonia celu- lar, especialmente nos modernos smartphones e outros de tecnologia mais avançada, alguns procedimentos devem ser seguidos. O primeiro deles objetiva evitar a alteração dos registros de recebimento de chamada, mensagens e dados. Assim, logo quando da apreensão, o aparelho celular deve ser desligado, a fim de que o recebimento de novas chamadas, mensagens e demais dados possam alterar a fidelidade das informações nele contidas.

Na sequência, a bateria do aparelho deve ser carregada e ele ligado. Contudo, aqui há uma importante observação: logo após o ligamento do

aparelho, sua conexão com a respectiva operadora deve ser eliminada.

Isso porque a conexão com a operadora permitirá que o aparelho receba novas ligações, mensagens, entre outros, e, considerando que os disposit- ivos de telefonia celular possuem uma memória capaz de armazenar de- terminada quantidade de registros, quando ocorrer um novo registro o úl- timo da cadeia poderá ser apagado. Nos aparelhos que possuam tal fun- ção, a supressão da conexão com a operadora pode se dar através do uso da função “modo avião”. Essa função corta todos os sinais recebidos e en- viados pelo aparelho de telefonia celular, evitando-se, portanto, modi- ficações nos dados armazenados em sua memória. Contudo, caso o aparelho não possua essa função, sugere-se que o ligamento do aparelho se dê em uma sala imune a sinais de telefonia celular ou onde não exista tal cobertura. Por fim, se não disponível tais lugares, a opção é a utilização de bags especiais, ou seja, sacolas especiais confeccionadas com material que bloqueia os sinais de cobertura das operadoras (ELEUTÉRIO; MACHADO, 2010, p. 94).

Ao contrário dos componentes informáticos de armazenamento de informações, nos aparelhos de telefonia celular não é simples a realização de cópias de seu conteúdo. Assim, os exames periciais geralmente são fei- tos no próprio aparelho, o que demanda uma atuação mais cuidadosa do perito.

Na sequência, chega-se à fase da extração, a qual é feita a partir dos quesitos apresentados aos peritos. Em determinados casos, demanda-se aos peritos apenas a relação das ligações realizadas a partir do parelho ce- lular e, desse modo, desnecessária é a extração de outros dados. As in- formações podem ser extraídas de forma manual, mediante navegação no aparelho e anotação dos dados, ou automática, via kits específicos, além de cabos e dispositivos de transmissão sem fio como, por exemplo, o

Bluetooth e o infravermelho.

A terceira fase, a análise, geralmente se dá através da mera descrição dos dados presentes na memória do aparelho de telefonia celular. Con- tudo, em alguns casos como, por exemplo, quando o exame pericial é feito em imagens e vídeos contidos na memória ou em cartões de memória dos aparelhos celulares, pode ser necessária a análise do respectivo material, a fim de perceber, por exemplo, a presença ou não de conteúdos de pornografia infanto-juvenil. Ademais, também pode ser necessário o cruzamento de ligações presentes em aparelho celulares distintos (ELEUTÉRIO; MACHADO, 2010, p. 99).

A formalização da perícia em aparelhos de telefonia celular segue a mesma dinâmica daquela referente aos componentes informáticos de armazenamento de informações apresentada no item “6.2.2”, acima.

6.3 Da criação de órgãos especializados no combate aos