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2. Legislação pátria sobre tópicos relativos ao ensino superior no Brasil

2.2 Legislação sobre demais exigências do ensino superior em Direito no Brasil

2.2.2 Da prática jurídica e das atividades complementares

As Diretrizes também deverão contemplar as competência/habilidades/atitudes a serem desenvolvidas, bem como as habilitações e ênfases a serem alcançadas e os conteúdos curriculares. Por fim, devem prever a organização do curso, a prática jurídica e atividades complementares, assim como o acompanhamento e a avaliação.

Dispõe o artigo 6° da Resolução CNE/CES n° 5 de 2018 que:

“A prática jurídica é componente curricular obrigatório, indispensável à consolidação dos desempenhos profissionais desejados, inerentes ao perfil do formando, devendo cada instituição, por seus colegiados próprios, aprovar o correspondente regulamento, com suas diferentes modalidades de operacionalização.”.

Essa é exatamente a mesma redação dada pelo também artigo 6° do Parecer CNE/CES n° 635 de 2018.

De acordo com o Parecer CNE/CES n° 635 de 2018, a existência de um Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ) nas Instituições de Ensino Superior é obrigatória. Esse Núcleo é o ambiente da IES “... responsável pelas atividades de prática jurídica do curso, que podem ser diversificadas.” (MEC, Parecer CNE/CES n° 635 de 2018, p. 14).

Há diversas opções de locais nos quais as práticas jurídicas podem ser realizadas, além do próprio ambiente da IES, como “... em departamentos jurídicos de empresas públicas e privadas, nos órgãos do Poder Judiciário, nos órgãos do Ministério Público, ou nos da Defensoria Pública e ainda nos órgãos das Procuradorias e demais departamentos jurídicos oficiais...”, bem como em escritórios privados e em serviços de advocacia e consultorias jurídicas (MEC, Parecer 635/2018, p. 14).

O profissional inserido no mercado de trabalho é visto como corresponsável pelo desenvolvimento social brasileiro, o que não pode ser visualizado como uma situação estática ou contextual da realidade presente.

Portanto ao ser traçado o perfil do aluno graduado em Direito, deve-se considerar que um importante objetivo é que esses profissionais formados tenham elevado preparo intelectual e que se apresentem aptos para o exercício técnico e profissional do Direito em qualquer circunstância.

Apenas para conhecimento, vale lembrar que tanto no Parecer CNE/CES n° 55 de 2004 (que anteriormente tratou das Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Direito) e no Parecer CNE/CES n° 211 de 2004 (que trata da Reconsideração do Parecer CNE/CES n° 55 de 2004, referente às Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Direito), não havia a nomenclatura “prática jurídica”, à qual esses pareceres se referiram como ‘estágio supervisionado’.

Nos dizeres do Parecer CNE/CES n° 211 de 2004, esse estágio supervisionado é um “... componente obrigatório direcionado à consolidação dos desempenhos profissionais desejados, inerentes ao perfil do formando...”, e sua estruturação também era de liberdade de cada IES. Cada instituição deveria aprovar regulamento próprio para o desenvolvimento da atividade de estágio supervisionado, contendo a forma de operacionalização dele (MEC, Parecer CNE/CES n° 211 de 2004, p. 20).

A ideia do estágio era produzir efeitos no graduando para que ele compreendesse seu papel como futuro jurista. Para o Parecer CNE/CES n° 211 de 2004, a medida em que o estágio se desenvolvesse, verificar-se ia a possibilidade de que:

“... o estagiário esteja consciente do seu atual perfil, naquela fase, para que ele próprio reconheça a necessidade da retificação da aprendizagem nos conteúdos e práticas em que revelara equívocos ou insegurança de domínio, importando em reprogramação da própria prática supervisionada, assegurando-se-lhe reorientação teórico prática para a melhoria do exercício profissional.” (MEC, Parecer CNE/CES n° 211 de 2004, p. 20).

A robusta e atual legislação trata do perfil do jurista, da prática jurídica, das atividades complementares, da pesquisa e da extensão dentre outros assuntos relacionados à caminhada acadêmica do jurista. O inciso XI do artigo 11 da Resolução CNE/CES n° 5 de 2018 faz indispensável referência à inclusão obrigatória do Trabalho de Curso.

A respeito das atividades complementares, objetivam propiciar ao aluno uma espécie de prolongamento do currículo pleno, envolvendo escolhas particulares e conteúdos extracurriculares que possam enriquecer o conhecimento jurídico que já é proporcionado pelo curso.

O artigo 8º da mesma Resolução CNE/CES n° 5 de 2018 ressalta que as atividades complementares atuam como meio de reconhecimento de habilidades, de conhecimentos e de competências do aluno, enriquecendo e implementando o perfil do formando. Não é possível pensar na formação sem essa parte de atuação prática, ainda mais porque exige a própria opção do discente.

Passando à análise das atividades complementares, o artigo 8º da Resolução reflete sua importância na formação do aluno que cursa Direito:

“Art. 8º As atividades complementares são componentes curriculares que objetivam enriquecer e complementar os elementos de formação do perfil do graduando, e que possibilitam o reconhecimento da aquisição, pelo discente, de conteúdos, habilidades e competências, obtidas dentro ou fora do ambiente acadêmico, que estimulem atividades culturais, transdisciplinares e inovadoras, a critério do estudante, respeitadas as normas institucionais do curso.” (Resolução CNE/CES n° 5 de 2018).

Cabe salientar que, de acordo com o parágrafo único do referido artigo, essas atividades complementares não se confundem com as atividades realizadas para fins de prática jurídica, nem mesmo com a realização do Trabalho de Curso, mas são outras as quais devem ser realizadas a mais que a carga horária mínima exigida.

As atividades complementares auxiliam na complementação dos elementos de formação do perfil do graduando. Elas possibilitam ao discente a aquisição de conteúdos, habilidades e competências oferecidas dentro ou mesmo fora da instituição onde cursa sua graduação.

O Parecer CNE/CES n° 635 de 2018 destaca que “O estímulo a atividades culturais, transdisciplinares e inovadoras enriquecem a formação geral do estudante, que deve ter a liberdade de escolher atividades a seu critério, respeitadas as normas institucionais do curso.” (MEC, Parecer CNE/CES n° 635 de 2018, p. 15).

Os parágrafos 1° e 2° do artigo 5° da Resolução CNE/CES n° 5 de 2018 trabalham as três perspectivas formativas que devem ser incluídas no PPP, “... considerados os domínios estruturantes necessários à formação jurídica, aos problemas emergentes e transdisciplinares e aos novos desafios de ensino e pesquisa que se estabeleçam para a formação pretendida.”

Para conhecimento, o Parecer CNE/CES n° 55 de 2004 já tratava as atividades complementares como “... componentes curriculares enriquecedores e implementadores do próprio perfil do formando, sem que se confundam com estágio curricular supervisionado.”, deixando explícito serem duas atividades distintas e obrigatórias (MEC, Parecer CNE/CES n°

55 de 2004, p. 23).

Essas atividades “... podem incluir projetos de pesquisa, monitoria, iniciação científica, projetos de extensão, módulos temáticos, seminários, simpósios, congressos, conferências...”, e até mesmo disciplinas que sejam oferecidas por outras instituições de ensino ou de regulamentação e supervisão do exercício profissional (MEC, Parecer CNE/CES n° 55 de 2004, p. 23).

Já a redação dada pelo Parecer CNE/CES n° 211 de 2004 sobre as atividades complementares traz que elas têm como meta:

“... estimular a prática de estudos independentes, transversais, opcionais, de interdisciplinaridade, de permanente e contextualizada atualização profissional específica, sobretudo nas relações com o mundo do trabalho e com as diferentes correntes do pensamento jurídico, devendo ser estabelecidas e realizadas ao longo do curso, sob as mais diversas modalidades enriquecedoras da prática pedagógica curricular, integrando-as às diversas peculiaridades regionais e culturais.” (MEC, Parecer CNE/CES n° 211 de 2004, pp. 20 e 21).

Toda essa gama de conhecimentos pode refletir positivamente no trabalho que será exercido pelo operador do Direito, independentemente de sua área de atuação, bem como nas suas relações junto da comunidade, o auxílio que a ela poderá prestar ou na sua atuação social.