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Os dados utilizados nesse trabalho são estimativas feitas pelos pesquisadores Jan Mulder e Paulo Oliveira das quantidades dos materiais necessários para construção do processo produtivo, com base em experimentos em laboratório/protótipo, aliados a uma pesquisa de preços feita em diversas empresas. Vale ressaltar que as estimativas foram necessárias, devido o método de produção ser inovador, não possuindo dados precisos desse tipo de processo produtivo. Já os dados de demanda e oferta de eletricidade no Brasil foram retirados do Balanço Energético Nacional, e em Pernambuco foram fornecidos pela CELPE.

Capítulo 6 Resultados

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6 RESULTADOS

Através das estimativas dos custos e receitas anuais oriundas do processo de produção de microalgas em conjunto com a produção em uma usina de etanol esquematizou-se um fluxo de caixa para um período de 8 anos, que é a vida útil do investimento, pois no 9º ano estima-se que alguns equipamentos estarão defasados e outros precisando de manutenção, sendo necessário um novo investimento. Como pode ser visto no fluxo de caixa da Figura 6.1, com um investimento estimado de R$ 2.880.180,00 na implantação do processo, obtém-se receitas anuais de R$ 7.809.300,00, provenientes da venda de bioeletricidade e da aquisição dos créditos de carbono, e tendo custos de produção anuais de R$ 160.000,00.

Figura 6.1: Fluxo de caixa da movimentação financeira da produção de microalgas Fonte: Elaboração própria

No entanto, na Figura 6.2 temos a representação dos saldos (Receita – Custos) anuais da produção de microalgas. As estimativas apontam para formação de lucros anuais de R$ 7.649.300,00.

Capítulo 6 Resultados

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Figura 6.2: Fluxo de caixa dos saldos anuais da produção de microalgas Fonte: Elaboração própria

Como já mencionado, o valor presente líquido (VPL) mensura o lucro ou prejuízo líquido de um projeto antes de sua implementação. Para a avaliação do projeto em análise adotou-se uma taxa de juros de 12% ao ano, que é aproximadamente a taxa de juros aplicada no mercado financeiro, essa seria a taxa mínima de atratividade (iM), ou seja, é o custo de

oportunidade do capital a investir nesse projeto. Com a adoção da taxa de juros o VPL desse projeto é: VPL iM = − I + Rt− Ct (1+ iM)t n t=0 (5.1) VPL 12% = −2.880.180 + 7.809.300− 160.000 (1+0,12)t 8 t=1 VPL 12% = −2.880.180 + 7.649.300 (1,12)t 8 t=1 VPL (12%) = R$ 35.118.786,87

Sob a ótica do critério do valor presente líquido o investimento no projeto de produção de microalgas é viável, pois o VPL deste é maior que zero.

Ainda de acordo com o critério do VPL pode-se afirmar que a partir do primeiro ano de produção já se tem todo o retorno do investimento feito no início, e ainda obtém-se lucro líquido de R$ 3.949.552,14, como pode ser acompanhado a seguir:

VPL iM = − I + Rt− Ct

(1+ iM)t

n

Capítulo 6 Resultados 36 VPL 12% = −2.880.180 +7.809.300− 160.000 (1+0,12)1 VPL 12% = −2.880.180 + 7.649.300 (1,12)1 VPL (12%) = R$ 3.949.552,14

A determinação da taxa interna de retorno (i) para esse projeto é importante para determinar se a produção é rentável economicamente.

VPL i = − I + Rt− Ct (1+ iM)t n t=0 = 0 (5.1) 0 = −2.880.180 + 7.649.300 (1+i)t 8 t=1 i = 265,57% a. a

Como a TIR (i) é superior ao custo (real) de oportunidade do capital a investir (iM) o

projeto da produção de microalgas apresenta rentabilidade econômica e, portanto, é viável. O Gráfico 6.1 expõe uma análise de sensibilidade do VPL desse projeto em relação às taxas de juros. O VPL é decrescente com as taxas de juros, anulando-se exatamente para uma taxa idêntica à taxa interna de retorno (i). Dessa forma, o investimento no projeto do processo produtivo de microalgas é viável até uma taxa de 265,57% ao ano.

Capítulo 6 Resultados

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Gráfico 6.1: Valor presente líquido do projeto correspondente às taxas de juros Fonte: Elaboração própria

Vale ressaltar que nesta análise não são considerados os tributos que incidem na comercialização da energia, como imposto de renda, ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e serviços), PIS/PASEP/COFINS e a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL). Ao considerarmos esses impostos obtemos uma taxa interna de retorno de 9,16%. Esse resultado não elimina a viabilidade da produção dessa fonte de energia, pois todos esses impostos incidem da mesma forma em todas as outras fontes de energia, ou seja, a redução na TIR seria similar para todas.

O ultimo critério para avaliação desse investimento é a razão benefício/custo, onde os benefícios são as receitas anuais e os custos são os custos de produção anuais e custo de investimento de implantação. R iM = VPL Benef ícios VPL Custos (5.2) R iM = Bt (1+ iM)t n t=0 Ct (1+ iM)t n t=o (5.3) -5.000.000,00 - 5.000.000,00 10.000.000,00 15.000.000,00 20.000.000,00 25.000.000,00 30.000.000,00 35.000.000,00 40.000.000,00 10 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 VPL ( R $)

Taxas de Juros (% a.a)

Capítulo 6 Resultados 38 R 12% = 7.809.300 (1+ 0,12)t 8 t=1 2.880.180 + 160.000 (1+ 0,12)t 8 t=1 R 12% = 38.793.789,23 3.675.002,36 R 12% = 10,55

A uma taxa de 12% ao ano o projeto oferece benefício líquido de R$ 38.793.789,23 superior ao custo líquido de R$ 3.675.002,36, gerando uma razão benefício custo de 10,55 – R(12%) > 1 – afirmando que o projeto de implantação do processo produtivo de microalgas em conjunto com uma usina de etanol em Pernambuco é economicamente viável.

Capítulo 7 Conclusão

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7 CONCLUSÃO

Neste trabalho analisou-se o potencial produtivo das microalgas, que além de sua aplicabilidade em diversas áreas como na produção de biocombustíveis e em indústrias alimentar, química, cosmética e farmacêutica, também revela grande potencial na produção de eletricidade.

Um processo produtivo de microalgas para geração de energia elétrica foi proposto a fim de suprir a crescente demanda por eletricidade em Pernambuco, devido ao forte crescimento econômico do estado ocorrido nos últimos anos e previsto para os próximos anos, impulsionado pelo ótimo desempenho do Complexo Industrial e Portuário de Suape.

O processo produtivo de microalgas em conjunto com a produção de uma usina de etanol maximiza a produção dessa ultima, pela oportunidade de obter ganhos além dos meses de safra, reduzindo a ociosidade do maquinário, além de maximizar também a produção de microalgas, reduzindo custos de investimento e produção. Além disso, pôde-se verificar a oportunidade de agregar valor a produção de microalgas através dos créditos de carbono e da produção de oxigênio.

Através de estimativas de custos e receitas fez-se uma análise da viabilidade econômica da implantação do processo produtivo de microalgas em Pernambuco, gerando bioeletricidade.

Para a análise do investimento no projeto de produção de microalgas utilizou-se os critérios do valor presente líquido, da taxa interna de retorno e da razão benefício/custo.

O resultado obtido foi o mesmo através dos três critérios, a afirmação que o projeto do processo produtivo de microalgas em Pernambuco é rentável, ou seja, apresenta viabilidade econômica. E o retorno do investimento se dá logo no primeiro ano de produção.

Apesar da restrição de não conseguir trabalhar com dados de produção real, pois ainda não existem, sendo necessário utilizar estimativas, o trabalho dá sua contribuição no sentindo de fornecer a comprovação que a produção de eletricidade através da combustão da biomassa algal é viável para o estado de Pernambuco, dando subsídios para o projeto de produção ser posto em prática, reduzindo os gargalos de infra-estrutura que dificultam o crescimento econômico do estado.

Capítulo 7 Conclusão

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Com relação a trabalhos que podem ser desenvolvidos futuramente, pode ser elaborado um estudo que agregue mais valor à produção de microalgas, ou seja, desenvolvendo produções conjuntas, onde outros produtos à base de microalgas sejam produzidos, levando em conta a sua vasta aplicabilidade em outras áreas. Para isso seria necessária uma investigação de como a produção de outros produtos de origem algal se daria em conjunto com a produção de bioeletricidade.

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