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2 ANÁLISE DA POLÍTICA DE ENSINO MÉDIO INTEGRADO À EDUCAÇÃO

2.3. O cenário atual da Educação Profissional na Rede Estadual do Ceará:

2.3.2 Dados de inserção na Universidade e no mercado de trabalho

A partir de 2012, a SEDUC vem realizando estudo anual para identificar o número de alunos que ingressam no Ensino Superior e no mercado de trabalho. Os dados apresentados nos Gráficos 5 e 6, a seguir, correspondem aos resultados dos alunos que ingressaram na Universidade e no mercado de trabalho referentes a três ciclos de formação (2009-2011; 2010-2012; 2011-2013).

Gráfico 5 - Percentual dos alunos, segundo inserção na Universidade, Ceará, 2011 – 2013.

Fonte: SEDUC, 2013.

De acordo com o Gráfico 5, observa-se uma tendência de crescimento de 10 pontos percentuais em relação aos alunos que ingressam na Universidade a cada ciclo de formação técnica. Ainda não existem pesquisas que expliquem esse fenômeno, mas é possível levantar algumas hipóteses: a expansão do Programa Universidade para Todos (PROUNI), a utilização do ENEM como critério de ingresso no Ensino Superior e a cultura do diploma de curso superior como instrumento de elevação do nível socioeconômico das populações.

Esses resultados revelam um cenário positivo em relação à aceitação da política de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional, oferecida em tempo integral por parte da comunidade escolar e sociedade em geral, justificando assim o volume expressivo de recursos aplicados. Conforme demonstrado no Gráfico 6, a seguir, o indicador de inserção na Universidade vem apresentando uma variação superior ao percentual de inserção produtiva dos egressos da política.

Gráfico 6 - Distribuição dos alunos segundo inserção total no Mercado de Trabalho, Ceará, 2011 – 2013.

Fonte: SEDUC, 2013.

De acordo com o Gráfico 6, observa-se que o percentual de inserção total dos alunos no mercado de trabalho ao longo de três ciclos de formação técnica vem apresentado oscilações. Em 2011, o percentual de alunos que ingressaram no mercado de trabalho foi de 27,7%. Em 2012, o estudo revelou um crescimento de 0,5% e em 2013 uma queda de 2,5% em relação ao ano de 2011, atingindo o percentual de 25,2% de alunos inseridos no mercado de trabalho.

O estudo realizado pela SEDUC também quantificou a distribuição dos alunos inseridos no mercado de trabalho em relação à sua área de formação. Nesse caso, para o segundo ciclo de formação (2009-2011). Os resultados desse estudo estão dispostos no Gráfico 7, a seguir.

Gráfico 7 – Distribuição dos alunos inseridos no mercado de trabalho segundo atuação em área afim à formação profissional, Ceará, 2011.

Fonte: SEDUC, 2012.

Os dados apresentados no Gráfico 7 revelam que 61,8% dos alunos conseguiram sua inserção no mercado de trabalho dentro da sua área de formação. Um percentual de 31,3% foi alocado em postos de trabalhos distintos de sua área de formação e 6,9% não especificaram em qual área estavam trabalhando.

Quanto aos resultados de inserção no mercado de trabalho, embora o propósito da política de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional não seja a geração de emprego e renda, tanto o MEC quanto a SEDUC concordam que esse indicador contribui para a definição de políticas integradas voltadas para a inserção no mercado de trabalho e norteia o plano de oferta de cursos técnicos.

Nessa mesma linha de pensamento, Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005, apud Silva, 2007) destacam a correlação que deveria existir entre itinerários formativos e ocupações profissionais na formulação de propostas de qualificação e requalificação profissional com vistas à elevação da escolaridade dos trabalhadores.

Segundo Silva (2007), o percentual de inclusão esperado para os cursos que têm por objetivo a inserção imediata no mercado de trabalho, a exemplo do Juventude Cidadã, promovido pelo Ministério do Trabalho e Emprego e Escola de Fábrica, sob a responsabilidade do MEC, era de 30% e 50%, respectivamente.

Nesse contexto, o percentual de 25,2% dos alunos inseridos no mercado de trabalho, no quarto ciclo de formação da política de Ensino Médio Integrado à

Educação Profissional do Ceará (Turma 2011-2013) aponta para a necessidade de se rever os itinerários formativos para as regiões beneficiadas com as escolas de educação profissional.

A distribuição dos alunos em relação aos indicadores de inserção na Universidade e no mercado de trabalho considerou também os resultados por regiões, agrupando municípios com características regionais e econômicas, divididos em quatro grupos: Fortaleza (composta pelas 12 EEEP do município de Fortaleza), Metropolitana (formada pelas EEEP localizadas nos municípios de Caucaia, Maracanaú, Pacatuba, Horizonte, Pacajus e Cascavel), Médio porte (formada pelas EEEP localizadas nos municípios com mais de 60.000 habitantes) e Pequeno porte (formada pelas EEEP localizadas nos municípios com menos de 60.000 habitantes). O Gráfico 8 mostra a organização desses dados, segundo essas regiões.

Gráfico 8 – Inserção dos alunos das EEEP na Universidade e no mercado de trabalho por Região, Ceará, 2011.

Fonte: SEDUC, 2012.

Os dados apresentados no Gráfico 8 apresentam o percentual de inserção dos alunos na Universidade e no mercado de Trabalho nas quatros regiões, compreendido no intervalo entre 20% e 30,8% para os dois indicadores, sendo que o menor percentual observado para a inserção na Universidade foi de 20%, na região de Fortaleza, e o maior, nas escolas localizadas na região de Médio porte, que foi de 30,7%. Quanto ao indicador de inserção no mercado de trabalho, o menor

percentual observado foi de 25,5%, na região de Pequeno porte, e o maior percentual na região de Médio porte.

Os resultados apresentados são coerentes com as características econômicas e de inserção na Universidade e no mercado de trabalho das regiões. Uma possível explicação para Fortaleza apresentar o menor percentual de inserção na Universidade é o fato de concentrar as Universidades públicas e privadas mais bem conceituadas do Ceará, estimulando, portanto, uma concorrência maior entre os candidatos das redes privadas e públicas.

Em relação à inserção no mercado de trabalho, o menor percentual ter sido observado na região de Pequeno porte denota uma correlação com a oferta reduzida de postos de trabalhos, visto que a economia nesses municípios gira em torno do setor terciário (comércio e serviços), o que implica uma análise dos cursos técnicos ofertados nessa região.

Em contrapartida, o percentual de ingressantes na Universidade foi o segundo maior obtido entre as regiões, atingido 28,3% dos alunos. Uma possível explicação para o crescimento do acesso à Universidade nesses municípios se deve ao processo de interiorização das Instituições de Ensino Superior públicas, a criação de polos da Universidade Aberta do Brasil e a oferta de cursos de nível superior, através da Educação à Distância por parte de instituições privadas. Esse resultado também revela as expectativas positivas dos estudantes em relação à continuidade nos estudos.

O Gráfico 9, apresentado a seguir, traz dados referentes à área de trabalho e ao curso realizado para cada uma das quatro regiões. Esses dados podem representar um feedback em relação à oferta do curso e as características econômicas e de inserção na Universidade e mercado de trabalho das regiões.

Gráfico 9 - Afinidade entre a área de trabalho e o curso realizado por Região, Ceará, 2011.

Fonte: SEDUC, 2012.

Os dados apresentados no Gráfico 9 demonstram que a região onde se verifica a maior afinidade entre a área de trabalho e o curso realizado é Fortaleza, com um percentual de 68,4% dos alunos inseridos no mercado de trabalho em postos relacionados à sua área de formação e a menor afinidade ocorreu na região de Médio porte, atingindo um percentual de 57,5%, uma variação de menos de 10 pontos percentuais. Esses resultados dão subsídios para a gestão da Educação Profissional na reformulação da oferta dos cursos técnicos a cada ciclo de três anos.