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SUMÁRIO

2. Identificar quais os tipos de câncer (localização anatômica) apresentaram coeficientes de mortalidade associados aos índices e indicadores de

3.2 DADOS DE POPULAÇÃO

A contagem da população realizada em 1996 e os censos demográficos realizados em 1980, 1991 e 2000, sob a coordenação da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), forneceram informações sobre o número de moradores na cidade de São Paulo, discriminados por sexo e grupo etário (FUNDAÇÃO IBGE 1981, 1994, 1997, 2001). Para os anos intercensitários, a população foi estimada pelo método da progressão geométrica (LAURENTI et al., 1987), com ajuste mensal levando em consideração as datas base estipuladas para as medidas primárias de população e o meio de cada período para o qual os coeficientes foram calculados. Os dados de população assim obtidos foram utilizados para o cômputo dos coeficientes anuais de mortalidade por tipo de câncer (localização anatômica), com discriminação por sexo e global (ambos os sexos). Todos os coeficientes de mortalidade foram apresentados como tendo por base 100.000 habitantes.

Tendo em vista as modificações no perfil etário da população (ANTUNES, 1998; CARVALHO e GARCIA, 2003), e com o intuito de efetuar comparações de dados colhidos em diferentes períodos, os coeficientes de mortalidade foram ajustados por grupo etário (de 5 em 5 anos até 70 anos ou mais) segundo o

método direto (vide Apoio Metodológico 1). No caso do coeficiente de mortalidade global (ambos os sexos), o ajuste por sexo também foi efetuado.

Visando expressar as estimativas de risco de morte por câncer segundo medidas cuja ordem de grandeza fosse comparável à mortalidade recente na cidade, efetuou-se a padronização dos coeficientes, tanto para as medidas anuais como para as medidas por distrito, tomaram como base a distribuição etária e por sexo da população estimada para a cidade como um todo no período mais recente; isto é, o ano de 2002. Esta opção permitiu atribuir validade interna às comparações no tempo e no espaço efetuadas no âmbito do presente estudo, mas não autorizam comparações diretas com os coeficientes brutos, ou não-ajustados, calculados para outras populações, outros períodos ou mesmo para coeficientes ajustados usando outros padrões de distribuição etária.

A atual divisão geográfica da cidade em 96 distritos foi estabelecida em 1991 pelo serviço público municipal por motivos de ordem administrativa, com o objetivo de delimitar áreas contíguas com características socioeconômicas relativamente homogêneas. A população desses distritos variou de 8.404 a 333.436 habitantes no censo demográfico realizado em 2000, com média de 108.690 moradores por distrito.

Esta divisão de áreas da cidade foi adotada pela Fundação SEADE a partir de 1995, para a discriminação dos dados de mortalidade segundo o distrito de moradia. Com a especificação da área de residência, foi possível efetuar o cálculo dos coeficientes de mortalidade por câncer (geral e específico por

localização anatômica) por distritos da cidade. E, com base nas informações sobre a população em cada distrito, que foram fornecidas pelo censo demográfico de 2000 e pela contagem de população em 1996, foi possível efetuar o ajuste dos coeficientes, visando a comparação de valores relativos a áreas com distintos perfis demográficos.

Com múltiplas estratificações concomitantes (por sexo, por distrito, por localização anatômica), alguns distritos apresentaram reduzida concentração de óbitos anuais para algumas categorias de tipo de câncer. Visando evitar a estimação de coeficientes sob essas condições, escolheu-se efetuar a análise espacial de dados agregando os óbitos ocorridos no período 1995 a 2002, o que possibilitou freqüências absolutas mais elevadas e maior confiabilidade para o cálculo dos coeficientes. Para contemplar esta opção, foi estimada a população de cada distrito para o meio deste período, com discriminação por sexo e faixa etária. O cálculo dos coeficientes de mortalidade por distrito da cidade incluiu ainda o ajuste para a distribuição por sexo e idade da população estimada para a cidade como um todo em 2002. Para fins de apresentação de valores com referência anual, o valor final encontrado foi dividido pelo número de anos (oito) compreendido no intervalo.

Para a caracterização socioeconômica dos distritos da cidade, foram utilizadas informações fornecidas pelo censo demográfico de 2000, que é a fonte mais recente de dados de população. Na seqüência, são indicadas as medidas utilizadas para o estudo de associação com a mortalidade por câncer. Uma descrição mais detalhada sobre as modalidades de mensuração da condição

socioeconômica pode ser encontrada em outra seção deste trabalho (Apoio Metodológico 2).

A taxa de analfabetismo refere-se à população com quinze anos ou mais de idade. O número médio de anos de estudo refere-se aos responsáveis pelos domicílios recenseados, assim como a proporção de pessoas que concluiu o ensino secundário, assim consideradas aquelas que completaram onze ou mais anos de ensino formal, e universitário, isto é, que completaram quinze ou mais anos de ensino formal.

A renda domiciliar per capita foi calculada através do quociente entre a média das rendas informadas pelos chefes dos domicílios e o número médio de moradores por domicílio, em cada distrito. Os valores assim obtidos foram expressos em número de salários mínimos vigentes no país. A titulo de complementar a informação, indica-se que, na data base do censo de 2000, o salário mínimo correspondia a R$ 151,00 e a cotação do dólar comercial para venda no Brasil era R$ 1,8234. Ainda com base nos dados de renda fornecidos pelo censo, foi possível calcular o coeficiente de Gini (CREEDY, 1998), medida usual para aferir desigualdade na distribuição de renda.

Para avaliar as condições de moradia, foram utilizadas duas medidas de aglomeração domiciliar (número médio de moradores por domicílio e número médio de moradores por cômodo nos domicílios) e a proporção de moradores em domicílios próprios (já quitados ou em aquisição). Foram também utilizadas informações relativas à proporção de domicílios localizados em favelas, segundo

informações fornecidas pelo “Censo de Favelas” realizado pela Prefeitura do Município de São Paulo (MARQUES et al., 2004).

Além dos indicadores sócio-demográficos, foram incorporados dados relativos a dois índices compostos de desenvolvimento social: o índice de desenvolvimento humano (IDH), que congrega informações sobre renda, instrução e longevidade, conforme estimados pelo serviço público municipal (SÃO PAULO, 2004) com base em critérios estabelecidos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2003); e o índice de exclusão social (IEx), integrado ao mapa da exclusão / inclusão social na cidade de São Paulo (SPOSATI, 2000), o qual foi considerado como uma única medida para cada distrito, resultante da soma de suas quatro dimensões componentes (autonomia, qualidade de vida, desenvolvimento humano e eqüidade).