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4.4.1 Coleta e Análise dos Dados

(i) Caracterização do instrumento de coleta de dados

Como instrumento de coleta de dados primários do estudo de caso coletivo proposto para a unidade-caso, microrregião agrícola do Distrito Federal, optou-se pela aplicação presencial e individual de formulário estruturado dividido em quatro blocos de informações e quesitos estruturados.

O instrumento de coleta de dados proposto fora elaborado com base no roteiro de elaboração de questionários veiculado por Barbetta (2012, p. 32-35) contemplando quesitos dicotômicos a serem respondidos com uma afirmação ou com uma negação, facultando-se também a abstenção de respostas.

O instrumento formulado com quesitos dicotômicos restringe as possibilidades de análises estatísticas dos dados obtidos, entretanto as peculiaridades espaciais e temporais do desenvolvimento da pesquisa de campo não recomendavam a adoção de outra formatação, uma vez que os respondentes encontravam-se no pico das atividades de colheita ou plantio e dispunham de pouco tempo para apreciar os quesitos formulados, o que demandou abordagem simplificada e direta.

A modelagem do instrumento considerou ainda a grande disparidade entre os níveis de escolaridade dos respondentes o que recomendou a adoção de modelagem simplificada e acessível de modo a minimizar as resistências de colaboração com o estudo.

O trabalho de campo implicou visitas sucessivas aos Núcleos Rurais Córrego do Atoleiro, Taquara, Tabatinga, Rio Preto e a área do Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD-DF), visitando-se aproximadamente 169 propriedades rurais, algumas por mais de duas vezes, percorrendo-se 1.830 quilômetros nesses deslocamentos.

A aplicação dos questionários se deu entre fevereiro e abril de 2014, durante o período final da colheita da safra principal de 2013/2014 e início do plantio da safrinha 2014, o que implicou maior esforço de convencimento dos respondentes, visto que esses, em muitos casos, foram abordados em momento de pausa para abastecimento de máquinas, recarga de plantadeiras ou descarga de colheitadeiras.

A priorização da aplicação presencial visou reduzir a possibilidade de erro amostral e das imprecisões e omissões no preenchimento do formulário, garantindo-se ainda a captação de informações e dados gerais complementares à revisão bibliográfica, oriundos de conversas prévias e posteriores à aplicação do instrumento estruturado, quanto à aceitação do instrumento e ainda quanto às reações dos entrevistados ao questionário, sem mencionar a garantia de devolução rápida do instrumento de pesquisa.

A utilização do correio eletrônico se deu de modo pouco relevante, obtendo-se apenas três respostas com o uso desse instrumento. Fora também utilizado como recurso adicional para contatos iniciais e para eventuais complementações de dados, já que, embora essa ferramenta minimize custos de deslocamentos e tempo demandado, em geral oferta baixo número de respostas de boa qualidade.

O formulário estruturado utilizado no trabalho de campo, constante do Apêndice A – Carta de Apresentação & Questionário, é composto de quatro blocos que serão a seguir descritos de forma detalhada.

Bloco I – composto de textos motivadores que objetivam instigar e situar o entrevistado quanto ao foco da pesquisa;

Bloco II – contempla dados socioeconômicos do entrevistado, da área projetada para plantio e das opções habituais de cultivo. Dados que ao serem conjugados às respostas das perguntas objetivas do Bloco III podem propiciar a extração de inferências sobre a existência ou não de prática de pirataria de sementes entre os entrevistados;

Bloco III – composto de conjunto de treze quesitos objetivos que visam captar informações sobre a relação dos entrevistados com as sementes certificadas de alto padrão; as formas de utilização dessas; os níveis de conhecimento quanto à importância de sementes de qualidade e ainda quanto às obrigações decorrentes da utilização desses suportes de difusão de inovações tecnológicas e de germoplasmas de alto padrão de desempenho.

Bloco IV – composto de seis quesitos objetivos que visam captar os níveis de conhecimento dos agricultores sobre alguns dos riscos econômicos para o agronegócio brasileiro que podem decorrer da utilização indevida, descuidada e ainda da pirataria de sementes certificadas de alto padrão de desempenho.

As perguntas objetivas constantes dos blocos III e IV, sobre a utilização de sementes e sobre a percepção de riscos, deverão ser respondidas com uma afirmação, uma negação ou com uma manifestação de abstenção de resposta.

Esse procedimento objetiva evitar concentração de respostas em quesitos que parecem mais confortáveis ao entrevistado, tais como: quase sempre, quase nunca e às vezes, que são passíveis de utilização em questionários que se valem da Escala de Rensis Likert, pois, em sondagem presencial efetuada junto a Sousa (2011), apurou-se que com o uso dessa escala os respondentes tendem a concentrar respostas nas opções que lhes parecem mais politicamente corretas, o que pode contribuir para mascarar erros de resposta passíveis de verificação pelo pesquisador e conduzir a conclusões contrárias aos reais sentimentos dos entrevistados.

(ii) A análise dos dados

Para a análise das informações coletadas fora utilizado o software de análise preditiva

Statistical Package for the Social Sciences (IBM SPSS) que possibilita a utilização de

diversas ferramentas e testes estatísticos úteis para a transformação da informação coletada em campo em dados ordenados que conduzam a inferências lógicas e conclusões racionais

quanto ao fenômeno objeto de estudo, que são as violações da propriedade intelectual sobre sementes e a percepção dos agricultores do DF quanto aos riscos econômicos para o agronegócio nacional, que possam decorrer dessas práticas.

(iii) Localização espacial das propriedades visitadas

Extrai-se do Zoneamento Ecológico-Econômico do DF (2010/2012) que as áreas agrícolas destinadas à produção de grãos no DF concentram-se em sua maioria do lado leste do quadrilátero, classificado como Zona Rural de Uso Diversificado, conforme expresso no mapa constante da Figura 2.

Figura 2 – Indicação das glebas rurais existentes no DF (em vermelho)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO