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Nas seções anteriores foi desenhado um diagnóstico das políticas do governo estadual. Nesta seção apresentaremos alguns dados numéricos encontrados nas públicações da SUB-MG e em documentos administrativos.

O principal instrumento utilizado pela SUB para diagnóstico das bibliotecas públicas de Minas Gerais é o cadastro realizado bianualmente, desde 2003. Um formulário com cerca de 100 perguntas é enviado às bibliotecas municipais, para obter informações como: a posição administrativa da biblioteca na estrutura do poder público municipal, localização, tamanho e adequação do espaço físico; composição, organização e informatização do acervo; número, perfil e motivação dos leitores; atendimento à pessoa com deficiência; ações de incentivo e mediação de leitura; serviços de extensão; tamanho e qualificação do quadro de pessoal que atua na biblioteca; acesso à internet; uso de audiovisuais; recursos financeiros; experiência em elaboração/execução de projetos e existência de associação de amigos. Com os dados coletados é possível obter informações sobre a realidade das bibliotecas, subsidiando a tomada de decisão para a escolha da aplicação de seus projetos.

No cadastro de 2007, dos 853 municípios mineiros, 836 responderam que possuem bibliotecas, representando 98% do total. Já em 2009, 739 municípios

responderam que possuem bibliotecas municipais. Em 2011, ano do recadastramento mais recente, o número de municípios com bibliotecas públicas caiu para 726 e 28 municípios informaram que não têm.

A evolução dos dados fica clara no gráfico 1.

Gráfico 1 - Evolução quantitativa do número de bibliotecas públicas municipais no período de 2007 a 2009

Fonte: Dados da pesquisa.

O primeiro problema a se destacar é que estes dados referem-se à resposta das prefeituras ao Recadastramento demandado pela SUB. Ou seja, caso um município não tenha respondido ao formulário, considera-se que não existe biblioteca pública naquela localidade. Caso ela tenha respondido, mas a biblioteca funcione em prédio escolar, também não é contabilizado como um município que possui biblioteca pública.

Um outro problema que os dados quantitativos não são capazes de mostrar tem a ver com a verdadeira condição destas bibliotecas. Num estado de grande dimensão e grandes diferenças, a realidade destas bibliotecas também pode ser muito desigual e pode haver enormes distâncias entre as funções dessas

bibliotecas e aquelas elencadas idealmente pelo Manifesto da UNESCO (UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION, 1994).

De todo modo, os números apontam uma diminuição das bibliotecas públicas municipais. Uma possível explicação pode estar contida no já citado desinteresse das administrações municipais em manter e investir em suas bibliotecas. A cada mundança de administração, mudam-se os interesses e os investimentos, sendo as bibliotecas (em muitos municípios) as primeiras a serem fechadas. Nesse sentido, conforme são contactados por servidores ou munícipes que denunciam a intenção ou mesmo o fechamento das bibliotecas, a Diretoria faz todo um trabalho de contactar e tentar dissuadir o gestor municipal. Outro tema já discutido durante a pesquisa, e que os dados quantitativos corroboram com nossas impressões, é sobre o pequeno número de profissionais bibliotecários presentes nas bibliotecas públicas municipais. O gráfico 2 demonstra uma pequena evolução do número de bibliotecários no periodo de 2007 a 2009, mas ainda muito longe do ideal.

Gráfico 2 - Evolução quantitativa do número de bibliotecários nas bibliotecas públicas municipais no período de 2007 a 2009

Como podemos notar, o quadro de escassez do professional bibliotecário na Superintendência de Bibliotecas Públicas de Minas Gerais se repete nas bibliotecas municipais.

O recadastramento bianual realizado pelo Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas Municipais possui vasto conteúdo para ser estudado e comparado. No entanto, aqui expusemos apenas alguns exemplos, deixando para pesquisas futuras as análises quantitativas referentes às bibliotecas mineiras.

5 ANÁLISE CATEGORIZADA

A biblioteca pública é um local privilegiado de acesso à cultura e à informação nas comunidades onde estão inseridas, trabalhando para disseminar a informação, preservar o patrimônio bibliográfico e desenvolver ações para formação de leitores. Atende a todos os públicos, desde o bebê, a criança, o jovem, até os adultos e idosos. Todas as pessoas, de qualquer raça, classe social, credo ou afinidade política, têm espaço em uma biblioteca pública. Para suprir toda a necessidade informacional, este equipamento deve ter um acervo diversificado, atualizado, voltado para o público que a frequenta, mas deve também, na medida do possível, proporcionar novas experiências literárias, que em outras circunstâncias esta população não teria acesso ou não demandaria. Para além de um local de acesso à informação de todos os tipos e em vários suportes, a biblioteca pública tem também a importante missão de guardar a produção cultural da cidade e região na qual está inserida, concebendo-a como um lugar de memória local. A partir dessa concepção complexa é necessária a criação, implantação, manutenção e avaliação de políticas efetivas para as bibliotecas públicas, ou seja, políticas criadas considerando a variedade cultural, econômica e simbólica de cada região.

Ao longo desta pesquisa foram identificados vários programas, projetos e ações voltados para as bibliotecas públicas de Minas Gerais, sejam elas para a biblioteca estadual ou para a rede de bibliotecas municipais. As categorias de análise serão discutidas a seguir:

Quadro 9 - Categorias de análise

1 Marco legal

2 Rede de Bibliotecas Polo 3 Relação Estado-União 4 Relação Estado-Municípios

5 Papel do Bibliotecário 6 Capacitação e eventos

7 Comunicação com os municípios 8 Recursos Financeiros

9 Políticas de Estado ou Políticas de Governo 10 O Plano Estadual do Livro e Leitura

Fonte: Criado pela autora