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Dados da Realidade Brasileira Atual

No documento Tenho um aluno surdo: aprendi o que fazer! (páginas 51-54)

3 A SURDEZ E O PROCESSO EDUCACIONAL DOS SURDOS

4 AS NOSSAS ESCOLAS E A INCLUSÃO DOS SURDOS

4.1 Dados da Realidade Brasileira Atual

Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, o número de alunos com deficiência matriculados na rede regular de ensino é crescente. O INEP (2015) aponta que existem mais de 745 mil alunos com deficiência no Brasil, entre educação infantil, ensino fundamental, médio e Educação e Jovens e Adultos – EJA. Esse número abrange alunos tanto de escolas especiais quanto alunos com deficiência inseridos em escolas regulares. Os dados também apontam que a maioria dos alunos com deficiência está no ensino fundamental (séries iniciais e séries finais) conforme é possível ver no gráfico 1.

0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000

Quantidade de alunos com deficiência em 2015 no Brasil

Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio EJA

Gráfico 1: dados do INEP (2015) com a quantidade de alunos da Educação Especial (alunos de escolas especiais, classes especiais e incluídos) no Brasil.

O quadro 2 abrange a quantidade de alunos com deficiência em cada segmento, ainda segundo o INEP (2015).

Censo Escolar (INEP, 2015)

Alunos Especiais (INEP, 2015)

Creche 10.355

Pré-escola 34.617

Ensino Fundamental – anos iniciais

367.507

Ensino Fundamental – anos finais 213.716 Ensino Médio 59.241 Educação de Jovens e Adultos 59.927

Quadro 2: quantidade de alunos especiais por seguimento no Brasil, segundo dados do INEP (2015).

O INEP entende como alunos especiais os alunos com deficiência matriculados em escola especial e também os que estão inseridos na escola regular.

Foi possível perceber a conquista de espaço dos alunos com deficiência. Porém, ainda há muito que fazer para contribuir com essa nova perspectiva de ensino, o cenário escolar precisa ser modificado para atender as especificidades de todos os alunos e assim, atender a diversidade.

Educação inclusiva se refere não apenas às deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e às altas habilidades. Refere-se a todo grupo minoritário que, de uma forma ou de outra necessita de medidas educacionais diferenciadas quanto a processos de avaliação, de desenvolvimento curricular e estratégias metodológicas, de comunicação” (KELMAN, 2010, p.38).

Todos os alunos, mesmo os que não têm deficiência, apresentam alguma necessidade específica que precisa ser atendida. Alguns têm dificuldade em Matemática, outros em História, outros não conseguem manter a atenção muito tempo no professor, outros têm muita dificuldade em Artes Plásticas... Sendo assim, vale ressaltar que em uma turma o aproveitamento da aula não será o mesmo para todos, pois cada aluno tem suas fragilidades e potencialidades individuais. E uma fragilidade detectada não deve ser fator limitador, pois o aluno ruim em Literatura pode ser um excelente aluno em Matemática. Portanto, o aluno deve ser considerado em suas especificidades: “cada ser apresenta características educacionais específicas, às quais o professor deve responder

pedagogicamente também de forma diversificada, almejando assim abarcar um maior número de alunos” (RAZUCK; 2011 p.49).

Sendo assim, é necessário que o educador reconheça o aluno, com ou sem deficiência, como alguém capaz de se desenvolver cognitivamente e socialmente. É preciso acreditar nesse processo e atribuir ferramentas que o torne possível. Segundo Vigotski (1991 apud KELMAN, 2010, p. 23) “as leis do desenvolvimento são as mesmas para todas as crianças: o que mudam são os caminhos para alcançar esse desenvolvimento”, ou seja, as possibilidades para se alcançar objetivos educacionais possuem condições igualitárias a todos, o que determina o sucesso são os caminhos escolhidos para esta caminhada. Alunos com deficiência não são incapazes de se desenvolver educacionalmente, apenas precisam ter seus caminhos adaptados, com estímulos e apoio especializado.

Na nossa realidade o que acontece é o que os professores ainda se encontram inseguros quanto ao processo de escolarização de alunos com deficiência. Os professores frequentemente se reconhecem despreparados para lidar com os alunos ditos especiais (RAZUCK, 2011). A formação específica para lidar com este alunado precisava ser tratada como prioridade, para que, assim, haja impacto significativo no processo de inclusão e escolarização dos alunos com deficiência.

O apoio de políticas públicas pode favorecer esse processo, contribuindo para que os professores possam conhecer e se preparar para lidar com a diversidade de alunos que, certamente encontrarão.

Todo o processo de escolarização dos sujeitos Surdos vem sendo baseada nos ideais dos ouvintes. Diversas ferramentas, como o Oralismo, surgiram como tentativa de integrar os Surdos na comunidade ouvinte, “sendo a surdez interpretada como uma deficiência que deveria ser minimizada, algo a ser corrigido e normalizado” (RAZUCK, 2011, p. 31). Há um esforço de superar todo o impacto negativo do histórico da Educação dos Surdos, mas ainda estamos caminhando a fim de incluir os Surdos efetivamente, respeitando sua cultura e sua língua.

5 . METODOLOGIA

O processo de transição de alunos com deficiência para escola inclusiva demanda uma série de mudanças significativas para o ambiente escolar. Para atender o objetivo da pesquisa, que é identificar quais seriam as ações que favoreceriam a efetiva inclusão de Surdos em âmbito escolar, o presente trabalho desenvolveu uma pesquisa qualitativa, uma vez que os dados obtidos foram coletados no ambiente de atuação dos entrevistados e com contato direto com a pesquisadora.

A entrevista qualitativa é fundamental, pois “fornece os dados básicos para o desenvolvimento e a compreensão das relações entre os atores sociais e sua situação” (GASKELL, 2003, p. 65).

Segundo Oliveira (2010, p. 16), a pesquisa qualitativa é importante “por proporcionar a real relação entre teoria e prática, oferecendo ferramentas eficazes para a interpretação das questões educacionais”. Para Creswell (2007), “a pesquisa qualitativa é uma pesquisa interpretativa, com o investigador geralmente envolvido em uma experiência sustentada e intensiva com os participantes” (p. 188). No decorrer do ano de 2016, a pesquisadora foi convidada para atuar como substituta de intérprete de Libras em uma escola pública do Distrito Federal. Com essa oportunidade de aproximação com uma escola inclusiva, foi possível vivenciar um pouco da inclusão no DF e estabelecer uma aproximação com os sujeitos participaram da pesquisa. Sendo assim, os dados foram obtidos nessa escola, a não ser a entrevista com a professora da Escola Bilíngue de Taguatinga-DF.

A seguir serão apresentadas as características da escola inclusiva selecionada, os participantes, instrumentos de pesquisa, procedimento de coleta de dados e o procedimento de análise de dados.

No documento Tenho um aluno surdo: aprendi o que fazer! (páginas 51-54)