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Capítulo 6 – Impacto cultural: análise do conteúdo acessado na internet por

6.3 Dados sobre Gênero, formação de grupos, educação e tecnologias

Para evidenciar a influência das TDIC sobre os papéis de gênero nos espaços formadores de conhecimento, principalmente aqueles que privilegiam tecnologias, consideramos a maneira como os grupos se formam, com quais critérios se formam e as características de relacionamento com a internet para construir o conhecimento.

A primeira pergunta é a mais óbvia. Pois, esclarece se os participantes fazem parte de algum grupo formado na internet. Isso, inclui aqueles formados a partir de redes sociais e mesmo aqueles que envolvem um interesse por alguém que se manifesta em um blog (ou página web de mesma natureza) e, a partir dele, forma-se uma legião de seguidores discutindo assuntos por afinidade.

Tabela 31. Participação dos adolescentes em grupos de Internet.

Faz parte de grupos de blog, jogos ou facebook etc?

Mulher Homem Geral Sim 197 (75,77) 215 (78,75) Não 59 (22,69) 54 (19,78) N/A 4 (1,54) 4 (1,47) Grupo A (intensivo) Sim 102 (39,23) 113 (41,39) Não 24 (9,23) 14 (5,13) N/A 3 (1,15) 1 (0,37)

Grupo B (não intensivo)

Sim 95 (36,54) 102 (37,36)

Não 35 (13,46) 40 (14,65)

Nota. Valor absoluto (valor relativo %) ou Número de participantes (Porcentagem em cada grupo).

Os homens participam mais de grupos na internet; mas quando o consideramos a variável do tempo de acesso diário à Internet, percebe-se que as mulheres, tanto quanto os homens, participam mais de grupos, blogs, redes sociais e jogos conforme aumenta o tempo em que se passam na Internet diariamente. A afirmação de Meyrowitz (1985) de que a fusão dos papéis ocorrer com a influência dos meios eletrônicos é, portanto, corroborada. Assim, mulheres estariam participando tanto quanto os homens da formação de grupos na internet, por influência do maior tempo de exposição diária à internet.

Contudo, se as escolas são espaços privilegiadores da formação do conhecimento e das tecnologias, passa a ser parte da análise saber se alguns dos grupos foram formados com o objetivo de estudar.

Tabela 32. Participação em grupos de Internet para estudo por gênero e uso intensivo.

Alguns dos grupos é para estudo?

Mulher Homem Geral Sim 64 (24,62) 74 (27,11) Não 41 (15,77) 64 (23,44) N/A 155 (59,62) 135 (49,45) Grupo A (intensivo) Sim 30 (11,67) 36 (14,0) Não 25 (9,73) 40 (15,56) N/A 74 (28,79) 52 (20,23)

Grupo B (não intensivo)

Sim 34 (12,31) 38 (13,77)

Não 16 (5,78) 24 (8,8)

N/A 81 (29,35) 83 (30,07)

Os dados que apontam as mulheres formando menos grupos na Internet com o intuito de estudar do que os homens, mas tanto mulheres quanto homens, formam mais grupos em geral e para estudo, quando usam a internet.

Para corroborar, afirmamos que a tabela 31 e 32 foram analisadas pelo teste estatístico de correlação entre uso intensivo e não intensivo e a diferença se mostrou significativa (p=0,000), significando que as variáveis de formação de grupos conforme uso intensivo são dependentes. Isso indica que, aqueles que fazem o uso intensivo têm uma frequência significativa muito maior de participação em grupos do que aqueles com uso não intenso.

Retomando a consideração de Meyrowitz (1985), de que numerosos escritores feministas têm notado que a maioria das mulheres não se percebiam como um "grupo", entendemos que isso continua a ser uma tendência.

Entretanto apresentamos um dado sobre usar a Internet para estudar que, aparentemente, parece ser contraditório.

Tabela 33. Uso da Internet por gênero e tempo de acesso diário.

Usa a internet para estudar?

Mulher Homem Geral Sim 226 (86,92) 218 (79,85) Não 34 (13,08) 55 (20,15) Grupo A (intensivo) Sim 119 (46,3) 105 (40,86) Não 10 (3,89) 23 (8,95)

Grupo B (não intensivo)

Sim 107 (38,77) 113 (40,94)

Não 24 (8,7) 32 (11,6)

Há uma diferença de 7,07 pontos percentuais entre meninas e meninos que usam a Internet para os estudos (86,92% das moças, contra 79,85% dos rapazes).

Isto indica maior interesse educacional na Internet por parte das estudantes do sexo feminino. Embora os dados apresentem menos meninas, mesmo sendo do grupo A, ainda é maior o percentual de participantes femininas que usam a Internet para estudar, considerando os resultados percentuais dentro de cada grupo (A e B).

Essa informação reforça a ideia de que elas aderem aos estudos usando tecnologias, mas o fazem individualmente. Essa referência será particularmente interessante na articulação com os dados sobre o conteúdo acessado pelas mulheres na adolescência dos 14 aos 16 anos.

Por outro lado, sejam eles formados por mulheres ou homens, saberemos se alguns deles estão relacionados a características de gênero tipicamente delimitadas, tais como ser homem ou mulher ou outra característica que demarque esses gêneros. Assim, procuramos extrair a informação comentada dos participantes sobre os critérios para a formação desses grupos.

Tabela 34. Categorias de critérios para formação de grupos por gênero.

Mulher

Categorias Citações Homem

260 participantes 273 participantes

29 (11,15) Relações anteriores

Amizade/ Coleguismo/ Ser convidado/ Pedir convite/

Indicação de amigo

29 (10,62)

24 (9,23) Identificação Interesse/ Identificação 8 (2,93)

19 (7,3) Estrutura Conexão de Internet/

Email/Facebook/Cadastro 25 (9,16)

2 (0,77) Jogos Jogar jogo/ ter level 6 (2,2)

2 (0,77) Inteligência Inteligência/saber sobre o

assunto/ habilidade 12 (4,4)

0 Poder/Submissão Humildade/ Ser discípulo 3 (1,1)

2 (0,77) Personalidade Ser legal/ Autenticidade 4 (1.47)

5 (1,92) Acondicionalidade Nada 8 (2,93)

4 (1,54) Indefinição Não sei/ Sem resposta 4 (1,47) Total de respostas

97 (37,3) - -

Total de respostas 99 (36,3) Nota. Valor absoluto (valor relativo %) ou Número de participantes (Porcentagem em cada grupo).

A característica mais comentada pelos participantes de ambos os gêneros foi de “relações anteriores”. Nesse critério, os participantes devem ter, necessariamente, relações que os levem a participar desses grupos. Conforme tabela, foram 11,15% das mulheres que relataram ter de precisar de outras pessoas do seu meio para entrar nos grupos contra enquanto houve 10,62% das respostas masculinas para esse mesmo critério.

No critério Identificação, as respostas resumem-se a “Interesse” e “Identificação” e é o segundo critério com mais números de respostas para as mulheres. Entretanto, não para os homens que têm, como segundo critério mais comentado, o de estrutura, - ou seja - para a entrada em um determinado grupo, a lógica é que tenha primeiro condições para isso: “conexão com a Internet”, “e-mail”, “facebook” para cadastro, etc. Para este mesmo critério os homens apresentaram 2,93% das respostas contra 9,23% das respostas femininas. O problema para analisar este critério é que identificação pressupõe semelhança de interesses e gostos que são culturalmente orientados tanto para homens quanto para mulheres, segundo o nosso levantamento bibliográfico.

No critério Jogos, as meninas apresentaram 0,77% das respostas enquanto os meninos apresentaram 2,2% das respostas.

O critério Inteligência não costuma ser associado a gênero; entretanto, os resultados mostram que homens exigem mais esse critério do que mulheres. Uma das interpretações possíveis é o fato de que os homens possuem mais participação em grupos de estudos do que meninas.

Já o critério de Personalidade (Ser legal/Autêntico), assim como o de inteligência não costuma ser uma característica que se associe a gêneros, no senso comum.

O critério de “Poder Submissão” não foi citado pelas meninas. Os meninos apresentaram 1,1% das respostas nesse critério. Exigir humildade ou submissão pode ser importante característica a ser analisada. Entretanto, precisaríamos de uma teoria específica sobre relações de poder associados a gênero, para conseguir aprofundar

O teste estatístico resultou em uma diferença significativa entre as frequências dos comentários feitos entre homens ou mulheres (p-valor=0,005). Isso significa dizer que há diferença significativa entre o gênero e o tipo de conteúdo escolhido como resposta. Em outras palvras, pode-se dizer que não havendo correlação entre as variáveis de acesso à internet e ao gênero, o conteúdo generificado é um indicativo de que este tipo de variável é indendependente do uso de internet.

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