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3 PERCURSO METODOLÓGICO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA

4.1.2 Dados socioeconômicos

A perspectiva do futuro escolar do estudante é construída socialmente submetida às condições materiais e sociais de existência (BOURDIEU; PASSERON, 1975). As predisposições de incorporação do habitus tem como referência a herança dos capitais cultural e social. Assim, a escolarização dos pais, como detentores da herança cultural e social transmitida aos filhos (estudantes pesquisados), influencia na aspiração dos níveis de ensino auferidos pelos filhos.

Nesse sentido, os estudantes foram questionados sobre a escolaridade dos pais e mães. A escolaridade dos pais está representada em tabelas divididas pelo Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), pelo Centro de Educação e Ciências Humanas (CECH) e pelo Centro de Ciências e Tecnologias para a Sustentabilidade (CCTS).

Tabela 2 – Escolaridade dos Pais - CCBS

Escolaridade Pais Mães

Analfabeto 0 0 Fundamental Completo 8,10 % 2,6 % Fundamental Incompleto 16,21 % 7,89 % Médio Completo 16,21 % 31,57 % Médio Incompleto 5,40 % 0 Superior Completo 40,54 % 34,21 % Superior Incompleto 5,40 % 18,42 % Pós-Graduação 8,10 % 5,26 % Total de participantes: 37 (92,5%) 38 (95 %)

Fonte: Questionários aplicados aos estudantes universitários, 2012.

Observa-se na Tabela 2 que os estudantes do CCBS não têm pais analfabetos e que esse Centro possui o maior número de pais com ensino superior completo (40,54%). Da mesma maneira, a Tabela 2 indica que os estudantes do CCBS não possuem mães analfabetas, 34,21% das mães dos estudantes investigados possuem ensino superior e 18,42% iniciaram um curso superior, mas não o concluíram.

Tabela 3 – Escolaridade dos Pais - CECH

Escolaridade Pais Mães

Analfabeto 2,56 % 2,5 % Fundamental Completo 12,82 % 7,50 % Fundamental Incompleto 20,51 % 22,5 % Médio Completo 28,20 % 32,5 % Médio Incompleto 5,12 % 2,5 % Superior Completo 25,64 20 % Superior Incompleto 5,12 % 7,5 % Pós-Graduação 0 5 % Total de participantes: 39 (97,5%) 40 (100 %)

Fonte: Questionários aplicados aos estudantes universitários, 2012.

Já os universitários participantes da pesquisa pertencentes ao CECH não possuem nenhum pai com o título de Pós-Graduação e um estudante (2,56%) declarou que o pai é analfabeto, como apresentado na Tabela 3. Sobre a escolaridade das mães dos estudantes investigados do CECH, evidenciado na Tabela 3, um estudante investigado afirmou que a mãe é analfabeta e outro estudante afirmou que a mãe possui ensino médio incompleto, ao passo que 32,5% das mães dos universitários investigados possuem ensino médio completo.

Tabela 4 – Escolaridade dos Pais - CCTS

Escolaridade Pais Mães

Analfabeto 0 0 Fundamental Completo 0 2,6 % Fundamental Incompleto 11,11 % 2,6 % Médio Completo 19,44 % 34,21 % Médio Incompleto 2,77 % 0 Superior Completo 44,44 % 44,73 % Superior Incompleto 11,11 % 10,52 % Pós-Graduação 11,11 % 5,26 % Total de participantes: 36 (90%) 38 (95 %)

Fonte: Questionários aplicados aos estudantes universitários, 2012.

A escolaridade dos pais dos estudantes do CCTS é apresentada na Tabela 4, de maneira que não há pais analfabetos e com ensino fundamental completo. Observa-se também que 44,44% dos pais possuem curso superior completo. Os dados da Tabela 4 permitem verificar também que 44,73% das mães dos estudantes pesquisados do CCTS possuem curso superior completo e que não há indicação de mães analfabetas e com ensino médio incompleto.

Considerando-se os dados gerais referentes aos 120 estudantes (100%) que responderam ao questionário foi possível constatar, em relação à escolaridade dos pais que: 5,8% dos pais possuem Pós-Graduação, 40,7% possuem Ensino Superior Incompleto/Completo, 24,1% possuem Ensino Médio Incompleto/Completo, 21,6% possuem Ensino Fundamental Incompleto/Completo e 0,83% é Analfabeto. Especificamente, observa- se que só há pais analfabetos no Centro de Educação e Ciências Humanas e essa unidade acadêmica possui o menor número de pais com ensino superior completo.

Em relação à escolaridade das mães, dos 116 estudantes (96,6%) que responderam à questão, constatou-se que 6,8% das mães possuem Pós-Graduação, 43% possuem Ensino Superior Incompleto/Completo, 33,5% possuem Ensino Médio Incompleto/Completo, 15,5% possuem Ensino Fundamental Incompleto/Completo e 0,86% declarou que a mãe é Analfabeta.

Os pais detentores de diplomas universitários, segundo Dubar (2005), têm maiores perspectivas de que os filhos obtenham diplomas de ensino superior, considerando o elevado volume de capital cultural dos pais graduados, investidos nos filhos. Os dados desta pesquisa indicam que 46,5% dos pais e 49,8% das mães dos estudantes investigados são detentores de altos níveis de escolarização (ensino superior e pós-graduação), incidindo, como capital cultural, na perspectiva escolar dos estudantes para o ensino superior.

Questionados sobre a renda familiar, observou-se que no CCBS 2,56% das famílias dos estudantes possuem renda familiar de até dois salários mínimos e que há maior número de famílias (35,89%) do CCBS com renda familiar entre três e cinco salários mínimos, conforme se evidencia na Tabela 5.

Tabela 5 – Renda Familiar dos Estudantes Pesquisados Renda Familiar (em

Salários Mínimos) CCBS CECH CCTS

Até 2 2,56 % 17,94 % 2,77 % 3 a 5 35,89 % 43,54 % 13,88 % 6 a 9 25,64 % 30,76 % 38,88 % 10 a 15 25,64 % 5,12 % 25,00 % Acima de 15 10,25 % 2,56 % 19,44 % Total de participantes: 39 (97,5 %) 39 (97,5 %) 36 (90 %)

Os dados da Tabela 5 evidenciam também que as menores rendas familiares dos estudantes se concentram no grupo de alunos do Centro de Ciências relacionado à área de Humanas, pois 17,9% dos estudantes desta unidade acadêmica revelaram possuir renda familiar de até dois salários mínimos11 e 43,5% afirmaram que a renda familiar se concentra entre três e cinco salários mínimos. Os dados da Tabela 5 demonstram, ainda, que os estudantes do CCTS possuem a maior porcentagem (19,44%) de renda familiar acima de 15 salários mínimos.

Observa-se nos dados gerais obtidos nesta pesquisa que 28,9% dos estudantes da UFSCar possuem rendas familiares mensais acima de 10 salários mínimos e 31,5% dos estudantes possuem rendas familiares mensais entre seis e nove salários mínimos, ao passo que 39,4% dos estudantes possuem rendas familiares mensais de até cinco salários mínimos.

A renda própria dos estudantes participantes da pesquisa está discriminada na Tabela 6, discriminadas pelos Centros de Ciências da instituição pesquisada. Os estudantes que declararam, em maior número, não possuírem renda própria estão no Centro de Ciências relacionado à área Biológica, contando-se 58,97% dos estudantes no universo de 39 participantes (97,5%) nesta Unidade Acadêmica, conforme se observa na Tabela 6.

Tabela 6 - Renda Própria dos Estudantes Pesquisados - CCBS

Renda do Estudante CCBS CECH CCTS

Não 58,97 % 37,5 % 47,5 %

Sim, sem vínculo empregatício 41,02 % 37,5 % 45,0 %

Sim, com vínculo empregatício 0 20 % 7,5 %

Outro 0 5 % 0

Total de participantes: 39 (97,5 %) 40 (100%) 40 (100%)

Fonte: Questionários aplicados aos estudantes universitários, 2012.

Referindo-se aos estudantes que possuem renda própria com vínculo empregatício, destaca-se o Centro de Ciências relacionado à área de Humanas com 20% dos participantes declarados no universo de 40 estudantes (100%) que responderam à questão (Tabela 6). Os estudantes de famílias de baixa renda necessitam subsidiar os estudos e, em poucos casos, como constatou Zago (2006), é possível obter ajuda familiar para tal.

Os Centros de Ciências relacionados às áreas Humanas, Exatas e Biológicas se equiparam no que se referem à renda própria sem vínculo empregatício, com pequena vantagem para os estudantes do CCTS (45,0%), conforme se verifica na Tabela 6. Tal renda sem vínculo empregatício corresponde a atividades acadêmicas, tais como as bolsas de iniciação à docência, pesquisa, extensão ou estágios. Assim, o vínculo a esses projetos que disponibilizam bolsas podem ser analisados como constituidores da formação do estudante, como também fonte de auxílio/manutenção de renda.

As famílias cujos estratos sociais são desfavorecidos se esforçam para investirem mais no ensino do que as famílias de estratos sociais elevados, segundo a pesquisa realizada por Cabrito (2004), além de que os custos mensais efetuadas pelos estudantes diminuem se comparado às classes alta e baixa.

Essa análise pode ser elucidada se comparada à renda familiar dos estudantes do Centro de Ciências relacionado à área de Humanas junto ao número de estudantes desta unidade acadêmica que trabalham com vínculo empregatício. Há 61,53% dos estudantes com rendas familiares mensais de até cinco salários mínimos (Tabela 5) e 20% dos estudantes com vínculo empregatício (Tabela 6). Se compararmos aos estudantes do Centro de Ciências relacionado à área Biológica, 37,5% dos estudantes possuem rendas familiares mensais de até cinco salários mínimos (Tabela 5) e nenhum estudante possui vínculo empregatício (Tabela 6). Referindo-se aos estudantes do Centro de Ciências relacionado à área de Exatas, tem-se que 16,6% estudantes possuem rendas familiares mensais de até cinco salários mínimos (Tabela 5) e 7,5% estudantes possuem vínculo empregatício (Tabela 6).

A pesquisa realizada por Cabrito (2004) também indicou que grande parte dos estudantes universitários de instituições públicas pertence às classes mais favorecidas da sociedade (46,6%). Se somada as rendas dos estudantes apresentadas anteriormente, tem-se que 60,51% dos estudantes da UFSCar possuem rendas familiares acima de seis salários mínimos. Assim, pode-se considerar que os estudantes das classes mais favorecidas economicamente na sociedade estão mais presentes na instituição pesquisada.