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Sumário: Representação do objeto onde é dada atenção à proporção, escalas e distân- cias, eixos e ângulos relativos, volumetria e valores de claro escuro – finalização.

Nesta aula, a maioria dos alunos deu como terminada a tarefa proposta. Contu- do, dado que nem todos a tinham efetivamente terminado, considerando-se que todos poderiam ainda melhorar, e atendendo-se ao facto de ser a última aula de Desenho A do 2º Período, os alunos foram autorizados a fazer a entrega dos trabalhos na segunda semana de aulas do 3º Período.

Aula 10: 26 de abril de 2019; 1h50 minutos – 3º Período

Sumário: Visualização de um PowerPoint com a explicação dos Processos Síntese. Iní- cio da atividade de transformação da forma do objeto por simplificação – nivelamento e acentuação.

Objetivos: Levar o aluno a conhecer as articulações entre perceção e representação do mundo visível, a compreender as noções de simplificação por nivelamento e acentua- ção e a desenvolver modos próprios de expressão e comunicação visuais utilizando com eficiência os diversos recursos do desenho.

A aula iniciou-se com a exposição de um PowerPoint (PP1, Anexo 12), em que foi novamente projetada a obra de René Magritte, A traição das Imagens, sendo os alunos relembrados, de modo a enfatizar-se a ideia deste Projeto, de que já tinham iniciado uma parte da transformação dos objeto, nomeadamente, quando o descons- truíram de uma forma linear em todos os seus fundamentos, ao representarem a sua forma estrutural e a sua forma com efeitos de luz e de sombra conferindo-lhe volume. Foi-lhes explicado que todos estes processos não passaram de uma desconstrução li- near e de uma representação do objeto, que já não era o mesmo objeto material. To- dos assentaram que tinham compreendido. Foi, assim, proposto um novo processo de transformação.

Antes de se passar à sua explicação, pediu-se que, em cinco segundos, os alu- nos desenhassem numa folha de rascunho o «triângulo alado» de Rudolf Arnheim (Fig. 2.22). Sugeriu-se, depois, que confrontassem o seu desenho com os dois triân- gulos alados constantes da Fig. 2.23, e considerassem com qual das duas figuras o seu desenho se assemelhava mais.

Foi interessante a pequena discussão que se gerou. A turma parecia ter-se divi- dido em dois campos, consoante os desenhos se assemelhavam ao «b» ou ao «c»: uns defendiam que o triângulo inicial era mais parecido com o triangulo «b», enquanto os outros defendiam que mais se assemelhava com o «c».

Posto isto, foi-lhes dito que as duas interpretações eram válidas, acontecendo apenas que a figura inicial apresenta alguma ambiguidade, pois as suas “asas” não são totalmente simétricas. Foi explicado que o nosso cérebro, ao processar essa informa- ção visual, tende a simplificar a sua forma, e que algumas pessoas tendem a retirar os excessos e representam essa forma com asas simétricas, enquanto outras acentuam essa pequena diferença. A nossa interpretação das coisas já sofre uma transformação por simplificação.

Na certeza de terem entendido a ideia, foi-lhes explicado que o processo de simplificação em que se retiram os excessos, procurando realçar-se a simetria das suas formas se chama Simplificação por Nivelamento, e aquele que tende a acentuar as suas caraterísticas formais constituí uma Simplificação por Acentuação. Para exemplificar estes dois processos foram apresentadas algumas obras realizadas ao longo da história: Vénus de Willendorf (25.000 a 20.000. a.C); Vénus de Laussel; Baixo-relevo estudo para o retrato de um faraó, Egito, início da dinastia ptolomaica (c. 300-250 a.C.); Vaso Grego, em terracota, Ática, c. 440 a.C.; Cristo Pantocrator, detalhe de um mosaico da Igreja de Santa Sofia, Constantinopla, século XIII e o Livro de Horas, manuscrito com iluminuras em velino, Paris, 1520/30.

(Obs. Quando a exemplificação é feita com obras de referência, apresenta-se, como se pode ver no Powerpoint 1, Anexo 12, a respetiva legenda, com o nome do artista, o título da obra, bem como os materiais utilizados, o formato e as dimensões).

Fig.2.23. Triângulos alados de Rudolf Arnheim

Fig.2.22. Triângulo alado de Rudolf Arnheim – conteúdo do PowerPoint 2

Como exemplos de Simplificação por Nivelamento foram ainda projetadas obras artísticas do século XX: Touro, de Pablo Picasso,1945, litografia; A vaca, de Theo van Doesburg,1917, estudo; Humanos começam a voar, de Yves Klein, 1961; Azul nu, de Henri Matisse, 1952; Homem sentado com bengala, de Amadeo Modi-

gliani, 1918; e Macieira em Flor de Piet Mondrian, 1912. Apresentou-se, também, a evolução do logótipo das marcas Pepsi e Shell.

Fig. 2.24. Alguns dos exemplos de Simplificação por Nivelamento

A vaca, de Theo van Doesburg, 1917 Touro, de Pablo Picasso, 1945

Humanos começam a voar, de Yves Klein, 1961 Azul nu, de Henri Matisse, 1952

Exemplos de Simplificação por Acentuação foram A Crucificação, de Georges Rouault, 1936; Carcaça de carne, de Chaim Soutine, 1924; Pôr do sol em Montma- jour, de Van Gogh, 1888; Prado em Moritzburg, de Max Hermann Pechstein, 1910; Natureza morta com jarro e fruta, de Maurice de Vlaminck, 1906; O Grito, de Edvard Munch, 1983; e O acordar do amarelo e azul, de Seiichi Terazono, 2017.

A Crucificação, de Georges

Após a explicação dos processos e a sua exemplificação, foram dispostas sobre as mesas centrais diversas folhas, de tamanho A3, em que se viam manchas e linhas, elaboradas com diferentes materiais e dispostas em diversas direções (Fig. 2.28).

O Grito, de Edvard Munch, 1983 O acordar do amarelo e azul, de Seiichi Terazono, 2017

Fig. 2.25. Alguns dos exemplos de Simplificação por Acentuação

Partindo do conhecimento de que o Processo de Transformação de Simplifi- cação por Nivelamento consiste na omissão, realce da simetria, redução das caracte- rísticas estruturais das formas, fora proposto aos alunos (relembrando o exercício de desconstrução linear do objeto) que simplificassem por nivelamento, numa folha A3, as formas do objeto com que tinham estado a trabalhar. Para isso, teriam de recortar as linhas e manchas das folhas dispostas sobre as mesas e proceder a um exercício de colagens, onde a atenção deveria recair sobre as caraterísticas formais do objeto –fos- sem elas o fundo, a estrutura, a linha, a luz e a sombra, ou várias relações cromáticas. (Obs. Foi entregue a cada aluno o enunciado da atividade, enquanto o PowerPoint com as referências artísticas se manteve exposto, para os alunos nelas se poderem basear).

Reflexão Pessoal

Os alunos mostraram bastante entusiasmo com a atividade; depressa se so- correram das diversas linhas e manchas, recortando-as e colando-as numa folha A3,

ao mesmo tempo que observavam com atenção as formas dos objetos respetivos.Foi notável como entenderam a ideia do Processo síntese e da atividade proposta, pois as suas transformações constituíram trabalhos bastante interessantes e criativos.

Fig. 2.27. Simplificação por Nivelamento efetuada pelos alunos

Aula 11: 3 de Maio de 2019; 1h50 minutos

Sumário: Continuação da aula anterior (atividade de transformação da forma do objeto por simplificação – nivelamento e acentuação.)

Ao entrarem na sala, os alunos repararam que já se encontravam dispostas so- bre a mesa não só as folhas com as linhas e manchas para o recorte, mas também tintas acrílicas, guaches, esponjas, cotonetes, escovas de dentes, godés e pincéis com vários formatos, alguns um pouco desgastados e deformados.

Voltou a ser exposto o PowerPoint da aula 10 (Anexo 12) com obras que exemplificam o processo de simplificação por acentuação, relembrando-se que esta transformação enfatiza o irregular, o assimétrico, o incomum e tende a acentuar as caraterísticas formais do objeto. Referiu-se que este processo remete muito para as ca- racterísticas formais do Movimento Expressionista, onde a emoção incutida nas coisas era uma das suas linhas de força; desta forma, o aluno poderia, através da cor, linha e mancha, acentuar os sentimentos que fizesse recair sobre o objeto. Após a explicação,

os alunos iniciaram a atividade acentuando, numa folha A3, as formas do objeto, utili- zando os diversos materiais pouco convencionais dispostos sobre a mesa (Fig. 2.30).

Fig.2.28. Materiais pouco convencionais para o exercício de Simplificação por Acentuação

Reflexão Pessoal

Os alunos mostraram-se, novamente, bastante entusiasmados, sendo notável o interesse e a curiosidade com que experimentavam diferentes materiais. Foi sur- preendente a sua sensibilidade no uso destes, parecendo existir neles uma ânsia em se desligarem um pouco dos instrumentos eletrónicos e utilizarem as mãos, pois que não tiveram qualquer relutância em as sujar, testar diversas alternativas e apostar em diversas possibilidades. (Obs. O aluno X, mais uma vez, não trouxera nem o objeto, nem a sua representação; foi-lhe sugerido mudar de objeto para um que o motivasse mais; porém, segundo a professora cooperante, Teresa Ferreira, este aluno mostrava-se desmotivado, não só nesta disciplina, mas também nas restantes e, possivelmente, iria mudar de curso).