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Decisões de investimento de um empreendimento

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.3 Decisões de investimento de um empreendimento

As empresas e os indivíduos aplicam seus recursos em uma grande variedade de ativos. Alguns ativos são reais, como máquinas, equipamentos, imóveis, terrenos, e outros são denominados de ativos financeiros, como ações e títulos de renda fixa.

Qualquer que seja a decisão do investidor no tocante ao destino de seus recursos, sua expectativa é maximizar seu retorno. Em resumo é conseguir do investimento mais recursos do que foi dispendido.

Quando são construídos modelos de análise financeira que alicercem as decisões dos investidores utiliza-se o estudo do mercado e instrumentos que lidam com fluxos de caixa distribuídos no tempo. O uso destes instrumentos denomina-se de “princípios básicos de tomada de decisões racionais”, conforme afirma Ross et al. (2002, p. 55).

O fluxo de caixa do empreendimento resume os desembolsos e as entradas futuras de recursos. Considerando que os juros premiam os investidores, uma das

técnicas utilizadas para efetuar a análise se efetivamente as entradas de recursos superam os desembolsos é a técnica do Valor Presente Líquido.

Em se tratando de investimentos reais, se faz necessário estimar os desembolsos em termos de aquisição de máquinas, equipamentos, capital de giro, terra, entre outros, e ao mesmo tempo estimar os fluxos de entrada de recursos, resultantes das receitas deduzidas dos custos para se auferir tais receitas.

O fluxo de caixa pode ser expresso pelo diagrama (Figura 4).

Entradas de recursos

Tempo

Desembolsos

Figura 4: Modelo de fluxo de caixa

As setas para baixo representam desembolsos (saídas de recursos) e as setas para cima representam entradas de recursos. Normalmente analisa-se o fluxo de caixa em períodos anuais. Por convenção, os desembolsos iniciais ocorrem no momento presente (tempo zero) e os fluxos futuros sempre ao final de cada ano. O número de anos na análise dependerá da vida útil do projeto.

É evidente que por se tratar de retornos que envolvem risco e tais retornos se darão ao longo do tempo, o investidor desejará uma recompensa, portanto, será definida uma taxa de juros que permita remunerar adequadamente os recursos dispendidos.

A técnica do Valor Presente Líquido permite trazer a valor presente os fluxos futuros, portanto, descontada a taxa de juros definida no empreendimento, e confrontar com o desembolso do projeto. Assim, com todos os valores no mesmo tempo da análise indicará se as entradas superam as saídas de recursos. Se isso ocorrer conclui-se que a decisão de investimento cria valor e, portanto, pode ser implementado, caso o resultado aponte para menor entrada do que saída de recursos, conclui-se que o empreendimento perde valor, portanto deve ser rejeitado.

Matematicamente tem-se:

Fórmula 1

Onde:

VPL: Valor Presente Líquido CF1 = Fluxo de Caixa no tempo 1 CF2 = Fluxo de Caixa no tempo 2 CFn= Fluxo de Caixa no tempo n I = Investimento Inicial

i = Taxa de Desconto (Taxa Mínima de Atratividade)

Lembrando que, como investimento inicial é um desembolso, por isso, se apresenta na equação subtraindo os fluxos de caixa futuros trazidos a valor presente.

Para definir-se a Taxa Mínima de Atratividade deve-se entender como as taxas de juros são construídas.

Por taxa de juros pode-se entender como preço para pelo uso do dinheiro. É o quanto se paga pelo empréstimo de um capital. O valor da alocação de capital entre poupadores e investidores em uma economia de mercado é determinado pelas taxas de juros.

Assaf Neto (2003) aponta quatro fatores que afetam o custo do dinheiro:

Retorno das oportunidades de investimentos dos tomadores de recursos; Preferências temporais de consumo;

Risco do empréstimo; Inflação futura esperada.

No contexto empresarial, quanto mais rentável se apresentarem as oportunidades de investimentos produtivos, mais dispostos estarão a pagar pelos empréstimos.

Já os consumidores decidem se aplicam seus recursos imediatamente visando o consumo dos produtos ou poupam os recursos visando o consumo futuro. Evidentemente que tais decisões dependerão do nível de satisfação das necessidades, influenciando decisivamente no volume de poupança disponível na economia. Consumo atual elevado, menor a taxa de poupança, maior o custo do dinheiro.

O risco de não obter de volta o dinheiro emprestado no vencimento aprazado com os devedores eleva a taxa de juros exigida pelos poupadores. O risco de inadimplência do devedor indicará maior taxa de juros para quem disponibiliza recursos para empréstimos.

O fator inflação futura é outra variável importante. Quando a taxa de inflação corrente ou esperada para o futuro se eleva, a taxa de juros exigida pelos poupadores também aumenta, “como forma de compensar esse risco de depreciação monetária” aponta Assaf Neto (2003, p. 45).

Desta maneira taxa nominal de juros é função de três variáveis: a taxa real (descontada a inflação) livre de risco, a taxa de risco e a taxa futura esperada de inflação.

Matematicamente tem-se:

Taxa Nominal (i) = f(Rf + INF + RISCO)

Fórmula 2

A taxa nominal de juros (i) é a cotada no mercado para um título; a taxa real de juros livre de risco (Rf – Risk Free), é definida geralmente pelos títulos públicos; INF é a taxa de inflação esperada no futuro, permitindo mensurar a corrosão do dinheiro ao longo do tempo. Já o risco de um ativo dependerá do prêmio pelo risco de inadimplência, conhecido como risco não-sistemático e, do risco de mercado, também conhecido como risco sistemático, se constituindo como um prêmio cobrado pelos poupadores visando remunerar incertezas do ambiente econômico e conjuntural.

Em relação às taxas de juros livres de risco, no Brasil tem-se como referência os títulos públicos que são negociados e controlados por um sistema denominado de Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC).

O Sistema opera basicamente com títulos emitidos pelo Banco Central e Tesouro Nacional. Estes títulos são considerados de risco zero. É que dificilmente o Governo não honraria tais títulos em seus respectivos vencimentos.

A taxa de juros paga pelo governo para quem investe em seus títulos é denominada de taxa básica de juros. Na prática, o investidor ao adquirir um título público estará financiando as necessidades financeiras do governo. Esta taxa é a referência para a formação das taxas de juros na economia.

A taxa básica no Brasil é a taxa SELIC, sendo divulgada pelo COPOM (Comitê de Política Monetária) do Banco Central. Diariamente o SELIC divulga as taxas de juros nas negociações de títulos públicos realizadas no mercado monetário.

Outra taxa admitida como livre de risco no mercado financeiro nacional é a taxa lastreada em operações entre bancos a partir dos Certificados de Depósitos Interfinanceiros (CDI). A taxa é conhecida como taxa DI. Esta taxa é formada pelos empréstimos entre bancos e refletem as expectativas das instituições financeiras em relação ao custo do dinheiro. As taxas DI são ligeiramente mais altas que as taxas SELIC, pois incorporam maior risco. Isso se explica à medida que os CDI são emitidos pelo setor privado, enquanto a SELIC pelo setor público.

O governo emite títulos através de seu caixa – o Tesouro –, de forma a cobrir eventual déficits contas públicas. Os dólares provenientes do saldo da balança de pagamentos são registrados no Banco Central como reservas e aplicados no exterior. Esses mesmos dólares são transformados em Reais pelo Banco Central, para ser entregues no Brasil a quem de direito e imediatamente emitidos títulos pelo Tesouro, de forma a evitar aumento de liquidez na economia. O Banco Central coloca junto aos bancos seus títulos e os títulos do Governo. Os bancos captam recursos entre si, através da emissão de CDI, e com estes recursos compram ativos. Os bancos compram recursos junto ao público, dando em troca os títulos privados CDB – Certificado de Depósito Bancário ou RDB – Recibo de Depósito Bancário ou LC – Letra de Câmbio, visando a compra de CDI ou títulos do Governo, de acordo com as oportunidades das taxas ou devolvendo ao público na forma de empréstimos. Os bancos trocam recursos com o público através das contas correntes (CC), utilizando-os em oportunidades de negócios com títulos ou devolvendo-os ao público na forma de empréstimos.

A Figura 5 ilustra o funcionamento básico do mercado de títulos no Brasil.

Títulos do Tesouro R$

US$

Títulos do Banco Central R$

CDI CDI CDI

CDB R$ LC R$ RDB R$ CC R$

Figura 5: Funcionamento do mercado de títulos no Brasil

GOVERNO (TESOURO)

BANCO CENTRAL

BANCO 1 BANCO 2 BANCO 3 BANCO 4

PÚBLICO

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