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A DECLARAÇÃO DO IRPF

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (páginas 36-39)

Mensalmente, é descontado em folha de pagamento do empregado o IRRF, referente ao salário recebido. Já aqueles que prestam serviço sem vínculo empregatício, também têm parte do que seria recebido recolhido em função do imposto devido sobre a renda auferida. Além disso, os profissionais liberais e autônomos recolhem através do carnê-leão – também mensalmente – o valor devido calculado com base em seus ganhos. Entretanto, nestas formas de pagamento do IR, não estão consideradas as deduções permitidas por lei ou outras fontes de renda diferentes das provenientes do trabalho. Sendo assim, na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda (DAAIR) o imposto devido deve ser calculado levando-se em consideração todas as rendas auferidas e todas as despesas dedutíveis permitidas na legislação do IRPF.

Existem rendimentos que não são tributáveis e despesas que não são dedutíveis. Uma vez que o presente trabalho objetiva mostrar como o IR se insere na renda de diferentes famílias com diferentes rendimentos, não serão foco de estudo as minúcias da legislação. Para fins do estudo serão considerados apenas as deduções permitidas com despesas médicas e com instrução.

Na DAAIR o contribuinte apura o montante total do imposto devido e confronta este valor com o valor já pago mensalmente durante o ano. Caso o valor devido seja maior do que o valor já arrecadado, este deve fazer o recolhimento da diferença. Já se o valor apurado for menor que o já pago, o contribuinte tem direito à restituição desta diferença. Esta é a conhecida Restituição do Imposto de Renda. A RFB devolve estes valores em lotes, reajustados de acordo com a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).

A arrecadação do IRPF é feita através de uma tabela progressiva de alíquotas conforme a renda do contribuinte. No entanto, os limites máximos de deduções permitidas são os mesmos para qualquer contribuinte. Sabe-se, porém, que a renda é fator imprescindível na definição do orçamento familiar, e dependendo do valor daquela, até mesmo prioridades são distintas para cada família.

Para os cálculos utilizados na presente pesquisa utilizou-se a metodologia encontrada no site da RFB, conforme mostrado na Figura 1:

Figura 1: Simulação de Alíquota Efetiva Fonte: Site da Receita Federal do Brasil

O método de cálculo do IRPF é de forma cumulativa, isto é, as alíquotas incidem sobre a parcela respectiva do salário, e não diretamente sobre o valor total da renda tributável. O Quadro 2 a seguir mostra a metodologia empregada no cálculo do IRPF para uma renda tributável de R$ 3.000,00 (três mil reais):

Total do imposto a pagar 276,17 Quadro 2: Cálculo do IRPF (forma cumulativa)

Caso o IRPF fosse calculado de forma não-cumulativa, o resultado seria o seguinte:

Total do imposto a pagar 825,00 Quadro 3: Cálculo do IRPF feito de forma não cumulativa

Fonte: Elaborada pela autora

A forma não-cumulativa é aplicada para o cálculo da contribuição previdenciária de empregados, avulsos e domésticos, de acordo com a tabela do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Nota-se que esta segunda maneira é mais onerosa, pois tributa o valor total pela alíquota máxima que ele atinge. Além disso, este sistema de cálculo observa grandes variações do imposto a pagar para pequenas variações de renda quando estas se dão próximas aos limites da tabela, ou seja, uma pessoa com renda tributável de R$ 2.743,20 (dois mil setecentos e quarenta e três reais e vinte centavos), teria um imposto a pagar de R$ 411,48 (quatrocentos e onze reais e quarenta e oito centavos). Caso viesse a receber aumento de R$ 1,00 (um real) – o que representa apenas 0,04% (zero vírgula zero quatro por cento) de sua renda –, o valor do imposto devido subiria para R$ 754,65 (setecentos e cinqüenta e quatro reais e sessenta e cinco centavos) – representando um aumento de 83,4% (oitenta e três vírgula quatro por cento) do montante a pagar. Sendo assim, a forma de cálculo da tabela do IRPF é considerada justa, pois aplica os percentuais devidos para cada parcela da renda. Quando da DAAIR, o contribuinte pode optar por fazer a Declaração Completa ou a Declaração Simplificada. Na primeira, são detalhadas todas as despesas dedutíveis, sendo que os comprovantes de cada despesa devem ser devidamente guardados para posterior apresentação à RFB, no caso de solicitação. Já na segunda forma, a simplificada, o contribuinte opta por um desconto padrão de 20% (vinte por cento), substituindo todas as outras deduções permitidas. Na declaração simplificada o limite de dedução, para o ano base 2007, é de R$ 8.000 (oito mil reais).

Cabe reafirmar a possibilidade de futura apresentação dos comprovantes de despesas. A RFB vem desenvolvendo um trabalho de crescente eficiência na fiscalização da arrecadação do IR. O cruzamento de informações da DAAIR com outros dados aos quais a RFB tem acesso, e também entre as declarações dos contribuintes – Pessoa Física e Pessoa Jurídica – é possível

averiguar falhas na declaração. Caso seja constatada uma divergência de informações, seja pelo sistema informatizado, seja pelo AFRFB, o contribuinte cai na chamada Malha Fina do IRPF, sendo convocado a prestar maiores informações. Podem ser aplicadas diferentes sanções de acordo com a infração cometida, sendo as possíveis restituições liberadas em data futura, posteriores a total regularização do caso (RFB, 2008).

Na declaração do IRPF o contribuinte que não opta pela declaração simplificada informa suas despesas a fim de obter as deduções permitidas sobre a base de cálculo. Por isso, para se observar a alíquota efetiva de um contribuinte é necessário saber quais são suas despesas e dentre estas quais podem ser abatidas. Para obter fonte confiável do perfil de despesa do contribuinte recorreu-se à POF IBGE 2002-2003, descrita na seção seguinte.

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (páginas 36-39)

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