• Nenhum resultado encontrado

Decreto-Lei n.º 62/2011, de 9 de Maio

No documento MARIANA RIBEIRO BRANCO DE OLIVEIRA (páginas 49-53)

Capítulo 2: Revisão da Literatura

2.7 Enquadramento Legal

2.7.3 Decreto-Lei n.º 62/2011, de 9 de Maio

O Decreto-Lei n.º 62/2011, de 9 de Maio, contribuiu significativamente para o desenvolvimento da matéria relativa à Proteção das Infraestruturas Críticas em Portugal. Resulta da transposição para o ordenamento jurídico Português da Diretiva n.º 2008/114/CE do Conselho de 8 de Dezembro, estabelecendo os procedimentos de identificação e de proteção das Infraestruturas essenciais para a sociedade nos setores específicos da energia e dos transportes.

O preâmbulo refere que “Portugal adquire uma maior capacidade de intervenção ao nível da segurança e resiliência das infraestruturas que venham a ser sectorialmente consideradas críticas”.

Este Decreto-Lei promove a necessidade de uma profunda cooperação tanto a nível nacional como Europeu, baseada na comunicação, coordenação e partilha de informação estratégica. Este ponto de contacto é definido no artigo 15.º deste diploma, atribuindo tais competências ao CNPCE (atual ANPC).

No artigo 2.º, encontramos os primórdios da construção do pensamento sobre esta matéria, isto é, a definição de Infraestruturas Críticas e Infraestruturas Críticas Europeias, que suportam os procedimentos explanados no artigo 4.º. É aliás no nº 3 deste artigo que são apresentados os critérios necessários à sua identificação, sendo eles:

a) “A possibilidade de ocorrência de acidentes, avaliada em termos de número

potencial de feridos ou vítimas mortais;”

b) “O impacto económico estimado, avaliado em termos de importância dos prejuízos económicos e da degradação de produtos ou serviços, incluindo também os potenciais efeitos ambientais;”

c) “Os efeitos previsíveis no domínio público, avaliados em termos de impacto na confiança das populações, sofrimento físico e perturbação da vida quotidiana, incluindo a perda de serviços essenciais.”

Ainda no que concerne à identificação das ICE, de acordo com o n.º 1 do artigo 5º o processo compreende quatro fases.

Na primeira são aplicados critérios sectoriais tendo em vista efetuar a primeira seleção das IC dentro de determinado setor. Após essa seleção, a definição de ICE é aplicada às IC selecionadas sectorialmente. Na terceira fase do processo é aplicado o elemento transfronteiriço. Por fim, a quarta fase é caracterizada pela adequação dos critérios transversais da fase anterior às potenciais ICE, mas que desta feita não tenham sido identificadas nos termos dos números anteriores. Este processo culminará com a elaboração de uma base de

dados de ICE. Contudo, tal como indica o n.º 7, todas as potenciais ICE que no final do processo de identificação não tenham preenchido os critérios de qualquer uma das fases anteriores, não podem ser consideradas como tal. No entanto, prevê- se de acordo com o artigo 9.º, que caso o Estado Português considere poder sofrer uma afetação por parte de uma IC presente no território de outro Estado, poderá comunica-lo à Comissão Europeia, a fim de ser desencadeado um processo de negociação bilateral ou mesmo multilateral.

Nos artigos 10.º 11.º, são apresentadas duas responsabilidades por parte dos Operadores. Na primeira encontram-se descritas as especificidades dos Planos de Segurança dos Operadores. De acordo com o n.º 1 do artigo 10.º este plano de segurança é para os Operadores de ICE de caráter obrigatório e com aprovação necessária até um ano após a designação como Infraestrutura Crítica Europeia, estando também prevista a sua revisão anual. Nos termos do n.º 4, o mesmo plano terá de ser revisto anualmente pelos operadores e submetido a parecer prévio pela força de segurança territorialmente competente e pela Autoridade Nacional de Proteção Civil. A última fase do processo prevê a validação pelo Secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna.

O Plano dos Operadores de ICE, como indica o n.º 2 do mesmo artigo, terá de conter os seguintes elementos:

a) “Identificação dos elementos importantes”;

b) “Uma análise de risco baseada em cenários de ameaça grave, na vulnerabilidade de cada elemento e nos impactos potenciais”;

c) “A identificação, seleção e prioridade de contramedidas e procedimentos de segurança permanente”;

d) “A identificação, seleção e prioridade de contramedidas e procedimentos de segurança progressivos, a ativar consoante o grau de ameaça aplicável à ICE ou o estado de segurança decretado.”

O Plano de Segurança do Operador será sempre articulado com o plano desenvolvido pela força de segurança territorialmente competente e pela Proteção Civil – Plano de segurança e Proteção Exterior, tal qual é assinalado no n.º 5.

Como referido atrás, o artigo 11.º, preconiza outra das responsabilidades dos Operadores, designadamente a necessidade da presença de um agente de ligação de segurança que cumpra os requisitos da categoria de diretor de segurança, referida na Lei nº 34/2013, de 16 de Maio1. O agente serve de ponto de contacto

entre o proprietário da ICE e o Secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna. No artigo 14º, determina-se o nível de proteção a que é sujeita a informação relacionada com as ICE. Toda a informação (escrita e não escrita), é classificada e nessa medida, todas as pessoas que trabalham com essa informação, de acordo com o n.º 2, devem ser submetidas a um procedimento de habilitação adequado concedido pela Autoridade Nacional de Segurança.

O artigo 15º do referido Decreto-Lei dispõe que o ponto de contacto junto da Comissão Europeia para a proteção das Infraestruturas Críticas Europeias é a Comissão Nacional de Proteção Civil de Emergência, atual Autoridade Nacional de Proteção Civil, especificamente no que se refere à designação das ICE. Já no que ao plano de segurança se refere, é tal como indica o n.º 2 do mesmo artigo, o Secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna que exerce a função de ponto de contacto.

É crucial que na prossecução da análise deste Decreto-Lei se tenha em linha de conta, que tudo o que se encontra disposto é aplicável às restantes infraestruturas críticas nacionais, tal como descrito no artigo 17.º.

Por último, o artigo 18.º estipula que, todo o processo anteriormente descrito de identificação e designação das ICE deveria ficar concluído até dia 31 de Dezembro de 2011.

No documento MARIANA RIBEIRO BRANCO DE OLIVEIRA (páginas 49-53)

Documentos relacionados