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Dedico este trabalho ao meu filho, Ivo Amílcar, que me deu a força e o ânimo para o realizar, à minha mãe que me transmitiu o pendor para a investigação e ao meu pai que me “obrigou” a fazer o curso de História, porque pensava que esta devia ser escrita e contada por nós, africanos, e acreditava que sem o conhecimento do seu passado e a valorização da sua cultura um povo não pode ser completamente livre.

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AGRADECIMENTOS

Quem fez um trabalho desta natureza, tem muitas pessoas a quem agradecer. O meu primeiro agradecimento vai para a minha mentora, amiga e orientadora, a Investigadora-Coordenadora, Dr.ª Maria Emília Madeira Santos, que me introduziu pacientemente na pesquisa histórica e me transformou numa investigadora apaixonada pelo seu ofício.

Não posso deixar de agradecer aos Professores Doutores Veríssimo Serrão e António Borges que acreditaram em mim, quando iniciei as pesquisas para a tese.

O meu agradecimento vai, igualmente, para os meus colegas de equipa da História Geral de Cabo Verde (António Correia e Silva, Ilídio Baleno, Maria João Soares, Maria Manuel Torrão, Zelinda Cohen) sem o trabalho dos quais nunca estaria tão bem informada sobre o nosso passado para poder dedicar-me apenas a uma parte ínfima dele.

Tenho amigos que me apoiaram e “obrigaram” a terminar a tese, não poderei nomeá-los a todos mas eis alguns nomes: Amélia Araújo, Lilica Boal, João Lopes Filho, Cláudio Furtado, Leopoldo Amado, Germano Almeida, Charles Akibode, José Évora, Isabel Lobo e vários outros.

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RESUMO

Na tese, que agora se apresenta, ocupamo-nos da formação e desenvolvimento da elite, que, desde o século XV até ao século XVII, evoluiu num processo em que se evidencia uma vincada mudança social. Durante o primeiro século da História do arquipélago, os “homens brancos honrados” de Santiago ocuparam a cimeira da sociedade da ilha. Estes homens, - brancos/reinóis, muitas vezes nobres, armadores, comerciantes e funcionários da administração central - formaram a primeira elite do arquipélago que estruturou a sociedade cabo-verdiana conforme os seus interesses económicos, as suas práticas culturais, políticas e ideológicas. Acontece que esta elite se organiza, se fortalece, e desaparece, não propriamente porque é desalojada numa ruptura abrupta, mas porque é substituída num processo pacífico. É este processo que consideramos específico da sociedade cabo- verdiana e procurámos esclarecer na tese apresentada. Os filhos ilegítimos mulatos dos “homens brancos honrados” serão devedores de seus progenitores e viriam a ocupar o lugar cimeiro na economia e no poder local santiaguense como membros da elite endógena cabo- verdiana, mas sem as facilidades que o comércio lucrativo com a Costa da Guiné propiciava. É essa herança que leva a que os homens dessa elite sejam conhecidos por “brancos da terra” e, não sendo nobres reinóis, façam parte do grupo restrito da “nobreza da terra”. É esta elite que vai evoluir até à Independência de Cabo Verde, sem grandes rupturas que a transforme de forma semelhante ao que sucedeu no período de que nos ocupamos. Daí a importância desta tese para o conhecimento da sociedade cabo-verdiana ao longo dos tempos.

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Abstract

The thesis deals with the formation and development of the elite evolving between the XVth and the XVIIth centuries, in a process marked by a complex social change. In the first century of the archipelago´s history, the “honest white men” of Santiago came to reach the top of this island´s society. These men-- white who lived in the kingdom, often noble, ship-owners and riggers, tradesmen and top managerial officials-- became the first elite ever structured in the Cape Verdean society in keeping with its economic interests and its cultural, political and ideological practices. This elite got organized, became strong and disappeared, not because it was driven out in an abrupt breach but because it was replaced in a peaceful process. We deem this process peculiar to the Cape Verdean society, and we try to throw light in it. The illegitimate mulatto children of the “honest white men” were indebted to their progenitors and came to be the people at the top in Santiago´s economy and power, as members of the endogenous Cape Verdean elite, but lacking the opportunities provided by the lucrative trade with Guinea Bissau. It is this inheritance that makes those elite men become known as “the whites of the land” and, without being noble or living in the kingdom, they were part of the restricted group of “the nobility of the land”. This elite evolved until the independence of Cape Verde, without big breaches that changed it in a similar way to what happened in the period dealt with in the thesis. Hence, the importance of this thesis for knowing the Cape Verdean society through time.

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ABREVIATURAS

AHU Arquivo Histórico Ultramarino

AGI Archivo General de Índias (Sevilha)

AGS Archivo General de Simancas

AGU Agência Geral do Ultramar

IAN/TT Instituto dos Arquivos Nacionais da Torre do Tombo

APS Archivo de Protocolos de Sevilla

BA Biblioteca da Ajuda (Lisboa)

CC Corpo Cronológico

CEHCA Centro de Estudos de História e de Cartografia Antiga

DGPCCV Direcção Geral do Património Cultural de Cabo Verde

HGCV História Geral de Cabo Verde

HGCV-CD História Geral de Cabo Verde - Corpo Documental

IICT Instituto de Investigação Científica Tropical INCCV Instituto Nacional de Cultura de Cabo Verde

INIC Instituto Nacional de Investigação Científica

JIU Junta de Investigações do Ultramar

MMA Monumenta Missionária Africana

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ÍNDICE

Introdução 13

Capítulo 1 – As cartas “mátri” (1466-1472) na construção do espaço Guiné/Cabo Verde, da sociedade escravocrata e da elite dos “homens honrados brancos” 26

1.1 Privilégios para habitar - a carta de 1466 27

1.2 Obrigatoriedade de povoar e produzir – a carta de 1472 32

1.3 A emergência de uma sociedade escravocrata 35

Capítulo 2 - Os armadores de Santiago: agentes da “colonização” 39

2.1 O que é um morador/armador? 39

2.2 As condições legais necessárias para armar – o estatuto de “vizinho” 43

2.2.1 Quem eram os “vizinhos”? 44

2.2.1.1 As excepções - Os “armadores/vizinhos” de Santiago

não residentes 50

Capítulo 3 – A invenção de uma elite colonial: homens honrados brancos,

poderosos e nobres. 57

3.1 Fidalgos 61

3.2 Cavaleiros e Escudeiros Fidalgos da Casa Real 71

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3.6 Cavaleiro da Ordem de Santiago 112

Capítulo 4 – Mudanças económicas e sociais - Definição de dois períodos

distintos: 1473/1549 e 1550/1599. 115 4.1 A nobreza 115 4.1.1 Nobreza: composição 115 4.1.2 Nobreza: actividades 119 4.1.2.1 As actividades de 1473 a 1549 119 4.1.2.2 As actividades de 1550 a 1599 122

4.2 Os outros “homens honrados brancos” 123

4.2.1 Actividades dos “homens honrados brancos” de 1466 a 1549 131 4.2.2 Actividades dos “homens honrados brancos” de 1550 a 1599 134

Capítulo 5 – A política local como um instrumento de poder. 142

5.1 As Câmaras concelhias da primeira metade do século VI 145

5.2 A evolução da composição da Câmara a partir dos anos quarenta 156

Capítulo 6 - Os latifundiários escravocratas da ilha de Santiago e a formação

da “nobreza da terra” do século XVII 182

6.1 As avenças dos armadores com os rendeiros sobre os dízimos

da terra. A propriedade e os rendimentos da terra 184

6.2 A preservação, a sucessão, a indivisibilidade da propriedade e a permanência da riqueza rural nas famílias. Os vínculos: morgadios

e capelas instituídos no século XVI 190

6.2.1 Os vínculos: morgadios e capelas instituídos no século XVI 190

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Santa Cruz· 204

6.2.2.1 O Morgadio dos Mosquitos (Engenho ou Águas Belas) 208

6.2.3.1 A capela do Pico Vermelho 217

6.2.4.1 A capela do Tanque da Nora 220

6.2.5.1 A capela da Ribeira dos Porcos 225

6.3 Transferência dos vínculos para os “filhos da terra” 226

Conclusão 235

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