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Defesa e regulamentação de encargos militares ( e conf de) 45

3.1 O Rei enquanto subscritor

Geral 29. Defesa e regulamentação de encargos militares ( e conf de) 45

27. Cartas de contrato 159 _. Administração Geral 28. Cartas de Exame 4 - Administração

Geral 29. Defesa e regulamentação de encargos militares ( e conf. de) 45 40

Administração Geral

30. Regulamentação de jurisdições locais 5 5

Chancelaria 31. Traslados 1 1

Diversos 32. Diversos 13 5

Antes de proceder em concreto à análise do Quadro 4, importa referir que o Rei surge como o principal subscritor, isto é, os 376 documentos pelos quais é responsável constituem 32.44% do cômputo geral dos registos compulsados93, ideia que é reforçada se se tiver em conta que o subscritor que

mais se aproxima em termos de valores é PÊRO MACHADO com 265 documentos assinalados perfazendo 22.86% da documentação total94.

Ao atentar no Quadro 4 constata-se rapidamente que o nível de intervenção do Rei abarca quase todos os tipos documentais. Dos trinta e um representados, à excepção de sete (Cartas de Tabelião, Doações comportando exercício de jurisdições e/ou poderes senhoriais, Legitimações, Licença para ter manceba ou criada, Confirmações de perfilhamentos, Cartas de contrato e Cartas de Exame) verifica-se a presença de documentos com subscrição régia nos restantes vinte e quatro tipos de cartas.

Se por um lado os documentos de subscrição régia constituem, para determinado tipo de carta, a totalidade dos registos encontrados - como é o caso das Apresentações de clérigos a igrejas do padroado régio, Cartas de Alforria, Doações expressa em numerário, Regulamentação do direito de pousada, Segurança a mercadores, Quitações, Regulamentação de jurisdições locais e os Traslados - por outro lado existem os tipos de cartas onde a presença de subscrição régia é quase irrisória, situação visível nos Perdões, Cartas de Segurança, Sentenças de Degredo, Sentenças Diversas e Provimento e remuneração de ofícios.

A par destas situações extremas verifica-se que nas restantes dez espécies tipológicas o volume de cartas com subscrição régia é significativo atingindo mesmo, em alguns casos, senão a quase totalidade, pelo menos a maioria dos registos encontrados para determinado tipo. A título de exemplo refira-se os Privilégios em geral, Privilégios comportando escusa de determinações gerais bem como os diplomas referentes à Defesa e regulamentação de encargos militares.

Regressando à afirmação inicial, constata-se que o Rei, efectivamente, subscreve uma grande diversidade de tipos documentais mas onde se registam variações de valores, enquanto reserva para si a exclusividade de subscrição

93 Cf. Anexos, Quadro 8

por exemplo das concessões de privilégios ou das garantias de Segurança a mercadores estrangeiros e deixa ao cuidado dos respectivos departamentos quase todas as cartas referentes à Justiça, como é o caso das Cartas de segurança, os Perdões e as Sentenças, ficando a sua subscrição a cargo dos Desembargadores e do Corregedor da Corte.

Contudo, e estabelecendo de novo comparação com outros subscritores, especializados em determinada área, o Rei assume-se verdadeiramente como o subscritor mais diversificado, subscrevendo um total de vinte e quatro tipos95

e é outra vez PÊRO MACHADO o oficial mais próximo dos valores apresentados pelo monarca, com «apenas» treze tipos documentais96 em que

actua como subscritor.

3.1.2 - Os «escrivães do Rei»

A par do volume e diversidade tipológica apontada para a actividade burocrática do monarca, no que diz respeito aos escrivães também se verifica a presença de uma grande variedade de oficiais escreventes em colaboração com o Rei na redacção de cartas. A confirmar isso mesmo estão os vinte e seis escrivães97 detectados no escatocolo das cartas de subscrição régia. Entre

estes vinte e seis distribuem-se as 376 cartas subscritas pelo monarca, mas essa distribuição apresenta-se, de forma desigual, só entre dois escrivães - ANTÃO GONÇALVES e LOPO FERNANDES - que concentram 127 cartas (79 e 48 registos respectivamente)98, sendo estes os escrivães responsáveis pela

redacção, a título individual, do maior número de cartas - 33.77% no total. Se a estes dois forem somados PÊRO LOURENÇO com 36, GONÇALO RODRIGUES com 33, PÊRO DE ALCOÇOVA com 30, PÊRO LOPES com 28 e ANTÃO DIAS com 22 registos99 obtém-se mais 149 registos (39.62%),

perfazendo este grupo de sete escrivães um total de 276 cartas, aproximadamente 73.40% do total de cartas de subscrição régia. A este «núcleo duro», se assim se pode dizer, é possível ainda acrescentar alguns colaboradores que apresentam um número razoável de registos (69 no total -

Cf. Anexos, Quadro 10 Id.

Cf. Anexos, Quadro 6 Id.

18.35%). São eles AFONSO GARCÊS com 16, JOÃO CARREIRO com 12, JOÃO ANDRÉ com 12, PÊRO BENTES com 10, GONÇALO FERNANDES com 10 e ÁLVARO LOPES com 9100. Segue-se uma breve lista dos restantes

treze escrivães cuja expressão numérica de registos é extremamente reduzida. A saber, 23 registos que constituem cerca de 6.11% da documentação subscrita pelo monarca e que se distribui da seguinte forma:

AFONSO RODRIGUES, 6 registos, FERNÃO LOURENÇO com 4, BRÁS AFONSO e MARTIM LOPES com dois cada um, AFONSO FERNANDES, BRÁS de SÁ, GOMES BORGES, JOÃO GARCÊS, PÊRO ALVARES, PÊRO DE ALCÁÇOVA "o moço", PÊRO BORGES LOPES, RUI VASQUES e VICENTE ANES todos com um só registo101.

Assim, e há luz desta breve quantificação,102 é relativamente fácil

distinguir entre os escrivães que tiveram uma contribuição esporádica e localizada e os que, de uma forma mais ou menos constante, acompanharam o Rei nas suas deslocações. Procurando simplificar, o último grupo de treze escrivães referido no parágrafo anterior, insere-se na situação de colaboração esporádica visto que o volume documental produzido por esses oficiais é extremaente reduzido tratando-se, obviamente, de uma participação isolada e pontual.

Desta forma, a atenção centra-se num grupo de treze escrivães responsáveis pela redacção de 91.75% das cartas. Como já foi referido desse grupo de treze destacam-se dois escrivães pelo volume documental produzido - ANTÃO GONÇALVES e LOPO FERNANDES. Estes oficiais são responsáveis pela redacção de uma apreciável diversidade de tipos de cartas. De salientar que, dos vinte e quatro tipos subscritos pelo monarca, estes escrivães encontram-se presentes em dezanove deles103. A sua numerosa e

diversificada actividade permite inferir que foram os colaboradores mais próximos do Rei e que, como tal, o acompanharam nas suas deslocações. Se bem que a actividade dos dois escrivães seja mais intensa no início do ano -

100 Cf. Anexos, Quadro 6

101 Id.

109

Ao total dos registos encontrados para os escrivães e necessário somar mais 8 registos (2.12%) que, em virtude do mau estado de conservação dos documentos, não foi possível identificar o escrivão - Cf. Anexos, Quadro 6

103 Exceptuando, Apresentação de clérigos a Igrejas do padroado régio, Cartas de Alforria,

durante a permanência do Rei em Avis - mantém-se constante ao longo do ano. Encontram-se ainda outros escrivães que, apesar de não atingirem os valores de registos apontados para os dois anteriores, a documentação por eles produzida encontra-se dispersa ao longo do ano, indiciando um acompanhamento das deslocações régias, talvez não tão constante pois redigem cartas nos diferentes pontos de passagem e de estadia do Rei. É o caso de GONÇALO RODRIGUES, ANTÃO DIAS, PÊRO BENTES e ÁLVARO LOPES. Para estes escrivães detecta-se um predomínio tipológico dos Privilégios em geral, Privilégios comportando escusa de determinações gerais e outros de carácter económico como as Doações de bens e Doações expressas em numerário.

Outra das situações detectadas diz respeito aos escrivães que apresentam uma participação mais concentrada e localizada. É o caso de PÊRO LOURENÇO que tem um período de actividade iniciado a partir de Julho em Lisboa e que se prolonga até ao final do ano. Ao nível dos tipos por ele subscritos imperam os Privilégios. PÊRO DE ALCOÇOVA redige um maior número de cartas em Avis, durante o mês de Março, e tem uma actividade dispersa nos meses seguintes. Os tipos mais comuns são os Privilégios e Aposentações. AFONSO GARCÊS tem a sua actividade concentrada no mês de Janeiro em Avis e que se prolonga, de forma mais esparsa, até ao mês de Junho em Lisboa, actividade diversificada a nível de tipologias. JOÃO CARREIRO redige em Avis durante o mês de Março e em Lisboa nos meses de Junho e Julho - predomínio das Doações expressas em numerário. Relativamente a PÊRO LOPES, tem a sua actividade concentrada em Lisboa durante os meses de Junho e Julho, embora redija algumas cartas (poucas) no mês de Fevereiro em Estremoz e no mês de Março em Avis. É claro o predomínio dos Privilégios. JOÃO ANDRÉ escreve algumas cartas em Outubro durante a estadia do monarca em Sintra, e redige ainda outras em Novembro e Dezembro, em Lisboa e Évora respectivamente. A nível tipológico verifica-se uma distribuição entre os Privilégios, os Provimentos de ofício e a Defesa. Finalmente GONÇALO FERNANDES apresenta uma actividade bem dispersa. Escreve em Julho e Agosto na cidade de Lisboa, durante Outubro em Sintra e em Évora no mês de Dezembro. Destacam-se as Cartas de segurança e as Seguranças a mercadores.