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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA

3.1.3 Definição constitutiva (DC) e operacional (DO) das categorias

REDES DE RELACIONAMENTOS

DC: são as estruturas formadas pelos relacionamentos que os atores mantêm com outros atores (SCOTT, 2003). Os relacionamentos têm forma e conteúdo. A forma ou estrutura representa todas as ligações que os atores mantêm com outros atores, ou seja, é o desenho da rede que mostra a quantidade de conexões. O conteúdo se refere à qualidade dos relacionamentos, ou seja, qual o tipo de relacionamento entre dois atores. O conteúdo dos relacionamentos também inclui fluxo de informação e recursos, conselho ou amizade (POWELL; SMITH-DOERR, 1994).

DO: a operacionalização desta categoria analítica se deu por meio da verificação da centralidade do ator no que tange à estrutura (ou forma) da rede e por meio da identificação de laços fortes e fracos, laços imersos ou amplos (de mercado), relacionamentos simples ou compostos no que tange ao conteúdo da rede.

Centralidade do ator

DC: a centralidade do ator revela sua importância em uma rede; quanto maior a centralidade, maior sua importância. Atores com maior centralidade em uma rede mantêm mais laços (com outros atores) do que os demais atores (WASSERMAN; FAUST, 1999).

DO: a centralidade do ator foi verificada a partir da aplicação de um formulário com itens que permitiam ao respondente apontar com quais organizações (empresas e cooperativas) e instituições regionais a empresa exportadora mantinha contato.

Laço forte

DC: um relacionamento de laço forte é caracterizado por interações frequentes, que fornecem acesso a informações e recursos disponíveis nos próprios círculos sociais atores (GRANOVETTER, 1983).

DO: a força de um laço foi verificada a partir da aplicação de um formulário com itens que permitiam ao respondente apontar qual a frequência dos contatos com organizações (empresas e cooperativas) e instituições regionais por meio de uma escala de Likert de 5 pontos.

Laço fraco

DC: um relacionamento de laço fraco é caracterizado por interações esporádicas (não frequentes), que fornecem acesso a informações e recursos além daqueles disponíveis nos círculos sociais dos atores (GRANOVETTER, 1983).

DO: a fraqueza de um laço foi verificada a partir da aplicação de um formulário com itens que permitiam ao respondente apontar qual a frequência dos contatos com organizações (empresas e cooperativas) e instituições regionais por meio de uma escala de Likert de 5 pontos.

Laços imersos

DC: refletem o conceito de imersão social (GRANOVETTER, 1985), ou seja, a natureza pessoal dos relacionamentos de negócio e seus efeitos sobre o processo econômico. Os laços imersos apresentam as seguintes características: confiança, troca de informação refinada e resolução de problemas em conjunto (UZZI, 1997).

DO: a imersão de um laço foi verificada a partir da aplicação de um formulário com três itens que permitiam ao respondente apontar, por meio de uma escala de Likert de 5 pontos, as características (confiança, troca de informação refinada e resolução de problemas em conjunto) dos relacionamentos com organizações (empresas e cooperativas).

Laços amplos (ou de mercado)

DC: refletem a natureza econômica dos negócios e apresentam as seguintes características: falta de reciprocidade entre parceiros de troca, interação não repetida e foco econômico nas transações. Ou seja, não há conteúdo social nas relações entre parceiros; os negócios são realizados uma única vez entre parceiros e o foco é o custo do negócio (UZZI, 1997).

DO: a amplitude de um laço foi verificada a partir da aplicação de um formulário com três itens que permitiam ao respondente apontar, por meio de uma escala de Likert de 5 pontos, as características (confiança, troca de informação refinada e resolução de problemas em conjunto) dos relacionamentos com organizações (empresas e cooperativas).

Relacionamento simples

DC: ocorre quando uma empresa tem um único tipo de relacionamento com outra empresa (ROSS JUNIOR; ROBERTSON, 2007). Ou seja, cada empresa representa um único papel em relação à outra.

DO: os relacionamentos simples foram verificados a partir da aplicação de um formulário com um item que permitia ao respondente apontar qual(is) o(s) tipo(s) de relacionamento(s) entre as organizações (empresas e cooperativas) e a empresa exportadora. Havia cinco opções e era possível escolher mais de uma opção.

Relacionamento composto

DC: ocorre quando uma empresa tem mais de um tipo de relacionamento com outra empresa ao mesmo tempo (ROSS JUNIOR; ROBERTSON, 2007). Ou seja, cada empresa representa mais de um papel em relação à outra.

DO: os relacionamentos compostos foram verificados a partir da aplicação de um formulário com um item que permitia ao respondente apontar qual(is) o(s) tipo(s) de

relacionamento(s) entre as organizações (empresas e cooperativas) e a empresa exportadora. Havia cinco opções e era possível escolher mais de uma opção.

Instituições regionais

DC: instituições tais como centros de assistência técnica, centros de treinamento e institutos de pesquisa (McEVILY; ZAHEER, 1999).

DO: as instituições regionais foram identificadas na fase qualitativa por meio das entrevistas e na fase quantitativa por meio de formulário com um item que permitia ao respondente apontar se havia ou não relacionamento entre as instituições regionais e a empresa exportadora.

RECURSOS

DC: referem-se a ativos, capacidades, competências, processos organizacionais, atributos da empresa, informações, conhecimento, inputs de produção (tangíveis ou intangíveis) que a organização possui, controla ou tem acesso sobre uma base semipermanente, os quais a capacitam a conceber e implementar estratégias que promovam seu desenvolvimento e/ou competitividade (BARNEY, 1991; HELFAT; PETERAF, 2003).

DO: a operacionalização desta categoria analítica se deu por meio da identificação de recursos financeiros, físicos, humanos, organizacionais, tecnológicos e de reputação (GRANT, 1991, 2005), além dos recursos específicos da internacionalização, conhecimento de mercado externo e experiência internacional (JOHANSON; VALHNE, 1977).

Recursos financeiros

DC: incluem todos os tipos de recursos monetários que as empresas podem utilizar para conceber e implementar estratégias, tais como capital dos empreendedores, capital dos bancos, retenção de ganhos, fluxo de caixa, empréstimos (BARNEY, 1997; HOFER; SCHENDEL, 1978).

DO: os recursos financeiros foram identificados na fase qualitativa por meio das entrevistas e na fase quantitativa por meio de formulário com itens que permitiam ao respondente apontar os indicadores de recursos financeiros, por meio de uma escala de Likert de 5 pontos. Havia também um item que permitia ao respondente apontar se a instituição regional fornecia recursos financeiros.

Recursos físicos

DC: incluem a tecnologia física utilizada pela empresa, a fábrica/planta, os equipamentos, os prédios, os estoques, as instalações para serviços e distribuição, sua localização geográfica e seu acesso à matéria-prima (BARNEY, 1991; HOFER; SCHENDEL, 1978).

DO: os recursos físicos foram identificados na fase qualitativa por meio das entrevistas e na fase quantitativa por meio de formulário com itens que permitiam ao respondente apontar os indicadores de recursos físicos, por meio de uma escala de Likert de 5 pontos. Havia também um item que permitia ao respondente apontar se a instituição regional fornecia recursos físicos.

Recursos humanos

DC: incluem o treinamento, a experiência, o julgamento, a inteligência, os insights de gerentes e trabalhadores individuais, cientistas, engenheiros, supervisores de produção, pessoal de vendas e analistas financeiros (BARNEY, 1991; HOFER; SCHENDEL, 1978).

DO: os recursos humanos foram identificados na fase qualitativa por meio das entrevistas e na fase quantitativa por meio de formulário com itens que permitiam ao respondente apontar os indicadores de recursos humanos, por meio de uma escala de Likert de 5 pontos. Havia também um item que permitia ao respondente apontar se a instituição regional fornecia recursos físicos.

Recursos organizacionais

DC: incluem a estrutura formal da empresa, os sistemas formais e informais de planejamento, controle e coordenação (tais como sistemas de controle de qualidade, sistemas de gerenciamento de dinheiro de curto prazo e modelos financeiros corporativos), a cultura, bem como relacionamentos interorganizacionais (BARNEY, 1991; HOFER; SCHENDEL, 1978).

DO: os recursos organizacionais foram identificados na fase qualitativa por meio das entrevistas e na fase quantitativa por meio de formulário com itens que permitiam ao respondente apontar os indicadores de recursos organizacionais, por meio de uma escala de Likert de 5 pontos. Havia também um item que permitia ao respondente apontar se a instituição regional fornecia recursos organizacionais.

Conhecimento de mercado externo

DC: envolve informações sobre os mercados e as operações nestes mercados internacionais, as quais são, de algum modo, armazenadas e razoavelmente recuperadas da mente dos indivíduos, da memória dos computadores e dos relatórios escritos (JOHANSON; VALHNE, 1977).

DO: o conhecimento de mercado externo foi identificado na fase qualitativa por meio das entrevistas e na fase quantitativa por meio de formulário com um item que permitia ao respondente apontar o indicador de conhecimento de mercado externo, por meio de uma escala de Likert de 5 pontos. Havia também um item que permitia ao respondente apontar se a instituição regional fornecia conhecimento de mercado externo.

Experiência internacional

DC: tipo de conhecimento de mercado externo que somente pode ser aprendido por meio da experiência pessoal (JOHANSON; VALHNE, 1977).

DO: a experiência internacional foi identificada na fase qualitativa por meio das entrevistas e na fase quantitativa por meio de formulário com um item que permitia ao respondente apontar o indicador de experiência internacional, por meio de uma escala de Likert de 5 pontos. Havia também um item que permitia ao respondente apontar se a instituição regional fornecia experiência internacional.

Recursos tecnológicos

DC: incluem produtos de alta qualidade, plantas de baixo custo, ou seja, são recursos tecnológicos conceituais que descrevem o modo pelo qual cada uma das áreas funcionais realiza suas atividades (HOFER; SCHENDEL, 1978).

DO: os recursos tecnológicos foram identificados na fase qualitativa por meio das entrevistas e na fase quantitativa por meio de formulário com itens que permitiam ao respondente apontar os indicadores de recursos tecnológicos, por meio de uma escala de Likert de 5 pontos. Havia também um item que permitia ao respondente apontar se a instituição regional fornecia recursos tecnológicos.

Recursos de reputação

DC: referem-se ao nível de sensibilização que uma empresa tem sido capaz de desenvolver para si própria e para suas marcas (HALL, 1992; SHAMSIE, 2003), ou seja, referem-se à percepção (associações mentais ou conhecimento coletivo) dos stakeholders sobre a organização em seu campo organizacional (BROWN; DACIN; PRATT; WHETTEN, 2006; FROMBRUN; VAN RIEL, 1997; PETKOVA; RINDOVA; GUPTA, 2008; RINDOVA; WILLIAMSON; PETKOVA; SEVER, 2005).

DO: os recursos de reputação foram identificados na fase qualitativa por meio das entrevistas e na fase quantitativa por meio de formulário com itens que permitiam ao respondente apontar os indicadores de recursos de reputação, por meio de uma escala de Likert de 5 pontos. Havia também um item que permitia ao respondente apontar se a instituição regional fornecia recursos de reputação.

INTERNACIONALIZAÇÃO

DC: é o cruzamento das fronteiras dos estados-nações (BODDEWYN; TOYNE; MARTINEZ, 2004), ou seja, é a entrada em mercados internacionais.

DO: a operacionalização desta variável se deu por meio da verificação de como ocorreu a internacionalização das empresas, gradualmente ou desde o início das operações.

Internacionalização gradual

DC: ocorre quando as empresas consolidam sua participação no mercado doméstico e depois buscam mercados externos similares ao seu próprio mercado doméstico. A ordem de seleção de países para a internacionalização seguiria uma relação inversa com a distância psíquica entre o país alvo e o país de origem. A internacionalização não é um processo resultante unicamente do conhecimento experiencial e do comprometimento com os mercados externos, mas também da participação em redes de relacionamentos interorganizacionais (JOHANSON; VALHNE, 1977, 1990, 2003, 2006).

DO: a internacionalização gradual foi identificada na fase qualitativa por meio das entrevistas e na fase quantitativa por meio de formulário com itens que permitiam ao respondente apontar características do processo de internacionalização, por meio de uma escala de Likert de 5 pontos.

Internacionalização desde o início das operações

DC: ocorre quando as empresas entram em múltiplos mercados externos desde o início de suas atividades, o que requer participação em redes de relacionamentos interorganizacionais para ter alcance global. Tais empresas, muitas vezes, podem nem ter vendas no mercado doméstico (CHETTY;CAMPBELL-HUNT, 2004; OVIATT; McDOUGALL, 1994, 2005).

DO: a internacionalização desde o início das operações foi identificada na fase qualitativa por meio das entrevistas e na fase quantitativa, por meio de formulário com itens que permitiam ao respondente apontar características do processo de internacionalização, por meio de uma escala de Likert de 5 pontos.