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SUMÁRIO Resumo

9 Extremamente mais importante

3.1.1 Definição da área de estudo Etapa

Os procedimentos vinculados à delimitação espacial de uma área de estudos devem prever, com base nos materiais e nas informações preliminares disponíveis às equipes responsáveis, a provável área de influência submetida aos processos de implantação e exploração do eixo de conexão terrestre idealizado. A este respeito, assim conceituam Rocha et al. (2012, p. 676), em estudo homologado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama):

A delimitação das áreas de estudo está relacionada com a identificação dos espaços sujeitos às influências dos impactos potenciais associados a um empreendimento modificador do meio ambiente. Em função disto, a tarefa de delimitação dessas áreas demanda o conhecimento preliminar do tipo e da natureza do empreendimento projetado, de modo a permitir a identificação das ações que afetam significativamente os componentes ambientais físicos, bióticos, socioeconômicos e culturais durante sua implantação e operação.

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Segundo estudo desenvolvido pelo Ministério Público Federal (2007, p. 24), aproximadamente 70% dos recortes espaciais adotados por empreendimentos voltados ao setor viário se valem da divisão geopolítica como elemento norteador, em decorrência das transformações socioeconômicas sofridas pelos territórios recortados pelas vias implantadas. De acordo com o trabalho citado, a delimitação das áreas de estudo seguem basicamente os seguintes critérios:

I) municípios que teriam partes de suas terras afetadas pelo empreendimento;

II) municípios que dariam suporte logístico às obras, inclusive com o fornecimento de insumos e mão-de-obra;

III) municípios que seriam polos de atração regional; e

IV) municípios que fariam parte da bacia hidrográfica do rio a ser atingido pelo empreendimento.

Dessa forma, sendo idealizada a construção de um eixo de conexão terrestre entre dois pontos, orienta-se que sejam contemplados, na área de estudo, os territórios geopolíticos (município ou conjunto de municípios) recortados pela malha viária planejada, além daqueles cuja dinâmica socioeconômica venha a ser alterada por modificações no fluxo de cargas ou passageiros, atração habitacional, incremento da produção agrícola etc.

85 Considerando um eixo de conexão que abranja grande número de municípios limítrofes, é interessante que se adote como recorte de estudos a unidade política microrregional. De acordo com a Constituição Federal de 1988, microrregiões são “constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum” (BRASIL, 1988).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) assim se posiciona sobre as possibilidades de adoção das microrregiões como unidade espacial (IBGE, 1990, p. 8):

A organização do espaço microrregional foi identificada, também, pela vida de relações ao nível local, isto é, pela interação entre as áreas de produção e locais de beneficiamento e pela possibilidade de atender às populações, através do comércio de varejo ou atacado ou dos setores sociais básicos. Assim, a estrutura da produção para a identificação das microrregiões é considerada em sentido totalizante, constituindo-se pela produção propriamente dita, distribuição, troca e consumo, incluindo atividades urbanas e rurais. Dessa forma, ela expressa a organização do espaço a nível micro ou local.

Por meio do estudo espacial por microrregiões podem ser previstas as interferências diretas decorrentes da implantação do traçado viário, bem como o impacto da malha de conexão idealizada em uma escala ampliada, abrangendo municípios que compartilham das mesmas características

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ambientais e populacionais e dos mesmos modelos de geração de renda.

A Figura 15 exemplifica o descrito anteriormente, apresentando uma situação hipotética na qual se deseja implantar um eixo para conexão terrestre entre dois pontos, “A” e “B”. Os municípios transpassados pelo eixo aparecem em destaque.

Figura 15 - Área de estudos hipotética considerando os municípios transpassados pelo eixo de conexão.

87 A delimitação de uma área de estudos que considerasse exclusivamente os municípios transpassados pelo eixo provavelmente não contemplaria todo o conjunto de alterações decorrentes da implantação viária, uma vez que os municípios limítrofes aos destacados também poderiam ser afetados.

Ao incorporar as microrregiões transpassadas à área de estudo permite-se a avaliação de todo o processo socioeconômico vinculado às modificações viárias locais, uma vez que são contemplados os municípios de mesmas características produtivas e dependentes dos mesmos condicionantes espaciais. A Figura 16 ilustra a área de estudos hipotética, considerando as microrregiões às quais pertencem os municípios recortados pelo eixo.

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Figura 16 - Área de estudos hipotética considerando as microrregiões transpassadas pelo eixo de conexão.

Elaborado pelo autor .

Como se percebe na Figura 16, a proximidade do eixo de conexão terrestre com municípios não contemplados na área de estudos ou a distância do eixo com municípios inseridos na área não devem ser tomadas como fatores primordiais para a delimitação do recorte, uma vez que a própria configuração

89 territorial das microrregiões contribui para a seleção dos municípios correlacionados.

Ressalta-se, por fim, que o método indicado tem como foco a avaliação das questões de ordem ambiental e socioeconômica. Assim, a delimitação da área de estudos deve considerar o padrão fundamental de organização populacional e administrativo, baseado na divisão político-territorial. Este modelo, todavia, não é obrigatoriamente fechado em si. É facultado ao profissional encarregado do planejamento agregar diferentes unidades de análise que se mostrem indispensáveis, tais como limites de bacias hidrográficas, biomas ou demais territórios resguardados por conjuntos jurídicos específicos.

3.1.2 Definição dos parâmetros de hierarquização a serem