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3.2 SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS

3.2.2 Definição das estratégias

Trata-se de uma análise comparativa de termos técnicos do texto da Bhagavad Gita traduzidos do sânscrito para língua inglesa. O exame do texto é feito por meio de análise comparativa de alguns conceitos terminológicos filosóficos, e as diferenças, soluções e estratégias de tradução utilizadas por diversos tradutores. São utilizadas, para efeito de estudo, as teorias de estratégias de tradução: estratégias sintáticas, estratégias semânticas e estratégias pragmáticas de Andrew Chesterman (1998, p. 94-112). Cabe salientar que o propósito deste trabalho é tão somente descrever as ocorrências sem a intenção de buscar os motivos ou razões das escolhas lexicais e terminológicas feitas pelos tradutores.

Portanto, o presente estudo diz respeito à investigação da tradução – de acordo com os conceitos do The Sanskrit Heritage Dictionary –, de cinco termos técnicos e/ou o respectivo enquadramento das estratégias adotadas pelos tradutores, de acordo com algumas das classificações de Chesterman (1997) – abaixo selecionadas –, por meio do cotejo semântico entre o original em sânscrito (transliteração) em seis traduções do poema Bhagavad Gita em inglês, para constatar eventuais problemas tradutórios e dessa forma contribuir para um melhor entendimento do ato de traduzir em textos dessa natureza.

Desta forma, de acordo com as estratégias sintáticas, estratégias semânticas e estratégias pragmáticas de Chesterman (1997), foram selecionadas para este trabalho algumas estratégias mais relevantes e apropriadas para esta pesquisa, levando-se em conta que esta pesquisa tem como princípio a possibilidade de ocorrerem quatro situações nas traduções dos termos a serem analisados. Convém salientar que o termo “Tradução” não faz parte das estratégias propostas por Chesterman (1997), mas será incluída para efeito deste estudo, veja quadro abaixo:

ESTRATÉGIAS DE CHESTERMANN

SINTÁTICAS Empréstimo SEMÂNTICAS Paráfrase

Tradução*

PRAGMÁTICAS Mudança de informação

G2 - Empréstimo

Essa estratégia cobre ambos os empréstimos: de itens próprios e o de sintagma. Como outras estratégias, ela refere-se a uma escolha deliberada, não uma influência inconsciente de intervenção indesejada, usa uma palavra diretamente da outra língua ou calque.

S8 - Paráfrase

Esse tipo de estratégia resulta em uma versão do texto de chegada que pode ser descrita como solta, livre, em alguns contextos até mesmo considera-se uma subtradução. Os componentes semânticos no nível léxico tendem ser desconsiderado em favor do sentido pragmático.

Pr3 - Mudança de informação

Para essa estratégia significa o acréscimo de (não deduzível) informação que é considerada ser relevante para o leitor do texto de chegada, mas que não está presente no texto de partida, ou a omissão das informações do texto de partida que se considera irrelevante (este último pode involver sumarização, por exemplo).

A omissão é o processo oposto. Estritamente falando, as informações omitidas neste sentido não podem ser inferidas subseqüentemente: é isso que distingue essa estratégia daquela da implicitação.

A estratégia abaixo é uma contribuição deste trabalho, por isso é essencial a delimitação do significado semântico do termo para se fugir da ambigüidade ou falta de clareza. Percebe-se essa importância no dizer de Steffan (1999, p. 70 - 71):

A necessidade de esclarecer os significados dos termos (palavras, conceitos, categorias, símbolos) usados na pesquisa deve-se a que, frequentemente, um termo tem diferentes conotações. Este problema agrava-se porque o interesse de conhecimento nasce, geralmente, de maneira espontânea e se expressa em termos

de senso comum e de linguagem cotidiana, que caracterizam-se por sua falta de precisão e de clareza.

*Tradução

Refere-se mais precisamente o que se poderia nomear: Tradução denotativa, ou seja, essa estratégia diz respeito à tradução feita com base nos conceitos definidos pelo The Sanskrit Heritage Dictionary. Apesar de não fazer parte das estratégias apresentadas por Chesterman (1998) que se preocupa em descrever como foi traduzido (com que recursos sintáticos, semânticos e pragmáticos) e não se um item foi traduzido, isso será aqui considerado como parte desta investigação por ser de suma importância na análise de termos técnicos onde a principal questão é a alternativa empréstimo vs. criação de nova terminologia na língua alvo, com a paráfrase como opção intermediária. Portanto, será também incluída como estratégia global para efeito deste estudo.

Os termos em estudo são definidos a seguir para efeito de enquadramento estratégico. A estrutura e organização das tabelas que compõem o corpus deste estudo estão detalhadas em “3.1.5 Organização do corpus” abaixo. Porém, para ilustrar a utilização das estratégias acima citadas, tomemos como exemplo uma tabela abaixo do termo “yoga” que vem acompanhada de “yukto” (razão pela qual é uma palavra composta e é verificado seu enquadramento dentro dos parâmetros dos termos em estudo, mas não é considerada para efeito de contagem) onde se mostram três possibilidades de ocorrências das quatro estratégias em estudo acima citadas.

Na primeira coluna temos a tradução de S. Prabhupada onde há “Mudança de informação” para o termo yoga, onde o autor altera a conceituação dada no dicionário The Sanskrit Heritage. Na segunda coluna, a do Dr. Ramanand Prasad utiliza-se de duas estratégias: primeiro, o “Empréstimo” deixa como no original, e a seguir usa “Tradução”. Nas colunas 3, 5 e 6 os autores deixam o termo como no original usando desta forma “Empréstimo”. E, na coluna 4, o autor Edwin Arnold descartou o verso o que se caracteriza em “Mudança de informação”.

YOGA

BG 8.27

tasmāt sarveṣu kāleṣu yoga- yukto bhavārjuna

The Sanskrit Heritage Dictionary:

yogayukta

[yukta] a. m. n. absorbé en méditation.

1 - Swami Prabhupada 2 - Dr. Ramanand Prasad 3 - Swami Gambhirananda 4 - Edwin Arnold 5 - W. J. Johnson 6 - Christopher Isherwood Texto 1 Although the devotees know these two paths, O Arjuna, they are never bewildered. Therefore be always fixed in devotion. Texto 2

Knowing these two paths, O Arjuna, a yogi is not bewildered at all. Therefore, O Arjuna, be steadfast in yoga (of meditation) at all times. Texto 3 O son of Partha, no yogi whosoever has known these two courses becomes deluded. Therefore, O Arjuna, be your steadfast in yoga at all times. Texto 4 15. I have

discarded ten lines of Sanskrit text here as an undoubted interpolation by some Vedantist

Texto 5

Arjuna, the yogin who

knows these two paths is not in the least confused; you should, therefore, at all times be yogically disciplined. Texto 6 No yogi who knows these two paths is ever misled. Therefore, Arjuna, you must be steadfast is yoga, always. 1 – Mudança de informação 2 – Tradução 1 – Empréstimo + Tradução 2 – Tradução 1 – Empréstimo 2 – Tradução 1 – Mudança de informação 2 – Mudança de informação 1 – Empréstimo 2 – Tradução 1 – Empréstimo 2 – Tradução

Tabela 1 – Exemplo de utilização de estratégias do termo yoga pelos tradutores

Em outro exemplo abaixo, agora com o termo “Brahma”, tem na primeira coluna a tradução de S. Prabhupada utilizando-se de “Tradução”. Nas colunas 2, 3, 4 e 5 os autores utilizam-se de “Empréstimo”. Finalmente, na última coluna o tradutor Christopher Isherwood usa “Paráfrase” para o termo em questão.

BG 8.13

oḿ ity ekākṣaraḿ brahma vyāharan mām anusmaran yaḥ prayāti tyajan dehaḿ sa yāti paramāḿ gatim

1 - Swami Prabhupada 2 - Dr. Ramanand Prasad 3 - Swami Gambhirananda 4 - Edwin Arnold 5 - W. J. Johnson 6 - Christopher Isherwood Texto 1 After being situated in this yoga practice and vibrating the sacred syllable oḿ, the supreme combination of letters, if one thinks of the Supreme Personality of Godhead and Texto 2

One who leaves the body while

meditating on Brahman and uttering OM, the sacred

monosyllable sound of

Brahman, attains

the Supreme goal.

Texto 3

He who departs by leaving the body while uttering the single syllable, viz Om, which is

Brahman, and

thinking of Me, he attains the supreme Goal.

Texto 4

Upon his parting thought, steadfastly set;

And, murmuring OM, the sacred syllable— Emblem of

BRAHM—dies,

meditating Me.

Texto 5

The man who, abandoning the body, dies pronouncing the one-syllabled Brahman, 'Om',* while thinking on me, attains the highest goal.

Texto 6

Then let him take refuge in steady concentration, uttering the sacred syllable OM and meditating upon me. Such a

man reaches the highest goal.

quits his body, he will certainly reach the spiritual planets

Tradução Empréstimo Empréstimo Empréstimo Empréstimo Paráfrase Tabela 2 – Exemplo de utilização de estratégias do termo Brahma pelos tradutores

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