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Definição de Informação Geográfica

Capítulo 4 – Sistemas de Informação Geográfica

4.1.2 Definição de Informação Geográfica

Em 1991, a Association for Geographic Information do Reino-Unido definiu a informação geográfica da seguinte forma: “Informação geográfica é informação que pode ser relacionada a uma localização (definida em termos de ponto, área ou volume) na Terra, em particular informação acerca de fenómenos naturais, culturais e recursos humanos".

Esta definição foi retomada pela Comissão Europeia que lhe juntou a dimensão temporal – o mundo não é um local estático. Na sua tese sobre “cartografia numérica e informação geográfica” e de forma concisa, Quodverte (1994) enuncia uma definição muito próxima: “A informação geográfica é a representação dum objecto ou de um fenómeno real, localizado no espaço num determinado momento.”

Consultando estas duas definições bem como outras utilizadas um pouco por todo o mundo, são sempre encontrados dois termos cuja relação define o conceito de informação geográfica:

- a informação relativa a um objecto ou a um fenómeno do mundo terrestre, descrito de forma mais ou menos pormenorizada pela sua natureza, aspecto

e atributos (por exemplo, uma estrada será descrita pelo seu tipo, nome, piso, sentido, número de faixas de rodagem, etc.); por outro lado, essa descrição pode incluir relações com outros objectos ou fenómenos (por exemplo, um edifício pertence a um determinado proprietário, etc.). Qualifica-se este termo de semântico, isto é, descreve-se o objecto ou fenómeno, independentemente da sua localização;

- a sua localização na superfície terrestre, descrita num sistema de referência explícito (por exemplo, um sistema de coordenadas ou um endereço postal). Diz-se que este termo é do tipo geométrico, no sentido etimológico da palavra, isto é, reporta-se às medidas da posição dos objectos à superfície da Terra, bem com as suas formas e dimensões.

Após esta descrição, ficou evidente que a informação geográfica encerra características únicas. Logo, a sua colecção, compilação e análise dão origem a problemas únicos: a realidade por ela representada é frequentemente contínua e sempre infinitamente complexa, levando à necessidade de a “discretizar”, abstrair, generalizar ou interpretar para o seu posterior tratamento e análise (Kemp, Goodchild e Dodson, 1992).

4.1.2.1 A componente espacial

A componente espacial engloba quer a localização geográfica e as propriedades espaciais dos objectos, quer as relações espaciais que existem entre eles.

a) a localização geográfica

A localização geográfica dos objectos no espaço é expressa mediante um sistema de coordenadas. Para todos os níveis de informação a que se recorre para representar uma área em estudo e por razões óbvias de compatibilidade entre elas, é imperioso que esse sistema seja sempre comum. No entanto, e sempre que necessário e possível, um SIG poderá converter dados expressos num dado sistema de coordenadas para um outro.

b) as propriedades espaciais

De acordo com a sua natureza, os objectos utilizados para representar a realidade possuem determinadas propriedades espaciais. Por exemplo, o

Capítulo 4 - Sistemas de Informação Geográfica comprimento, a forma, a inclinação e a orientação são algumas das propriedades espaciais de uma linha. Para um polígono, podem citar-se a área, o perímetro, a forma, a inclinação e a orientação. Quanto se trata de um SIG raster, que recorre a células, são constituídas zonas (conjunto de células adjacentes com igual valor do atributo) que são utilizadas no seu todo e pelas suas propriedades espaciais para posterior análise espacial.

c) as relações espaciais

Baseando-se no espaço, a conectividade, a contiguidade e a proximidade são exemplos de relações que podem existir entre objectos espaciais. Dada elevada quantidade de relações possíveis, um sistema de informação geográfico não as armazena todas. Algumas estão explicitamente definidas num SIG, outras serão calculadas quando requeridas ou simplesmente não são disponibilizadas (Aronoff, 1989). A título de exemplo, existem numerosos SIG que armazenam explicitamente a relação topológica de contiguidade entre polígonos. Em contrapartida, a relação de proximidade entre dois objectos pode ser calculada quando requerida, recorrendo à geometria e à localização dos objectos em causa e aos critérios fornecidos pelo utilizador (personalização do conceito de proximidade).

Sendo assim, é possível estabelecer uma distinção entre dois tipos de relações espaciais: topológicas, de tipo qualitativo, e geométricas, calculadas a partir das coordenadas do objecto.

4.1.2.2 A componente temporal

O tempo constitui sem duvida uma característica particularmente importante no contexto dos sistemas de informação geográfica. Uma vez que os dados de localização e os atributos descritivos podem variar ao longo do tempo e de forma independente (os atributos podem alterar-se enquanto se mantém a mesma localização espacial ou vice-versa), compreende-se que a gestão de dados espaciais pode tornar-se bastante complexa.

4.1.2.3 A componente temática

a) a variação dos valores temáticos no espaço e no tempo

Como já referido anteriormente, aos objectos empregues para representar as alterações do mundo real estão associados atributos que visam ilustrar determinadas características. Os valores desses atributos muitas vezes não seguem variações aleatórias e muitas vezes é possível descortinar padrões de regularidade dessa variação, tanto no espaço como no tempo. Neste âmbito, existem dois princípios que importa salientar:

i) autocorrelação espacial

Preconizando que os valores temáticos tendem a ser mais parecidos entre objectos próximos no espaço do que entre objectos afastados, este princípio leva à existência de uma certa ordem no espaço.

ii) autocorrelação temporal

Proveniente do facto que os valores temáticos não se alteram apenas no plano espacial, mas também no do tempo, este princípio diz que, tal como acontece no espaço, as mudanças que podem ocorrer ao longo do tempo aconteceram seguindo uma tendência gradual. Por outras palavras, os dados mais próximos no tempo são mais parecidos entre si do que com outros mais remotos.

b) tipos de variáveis e escalas de medida

Trata-se de um ponto importante porque afecta quer a geração de mapas pelo utilizador de um SIG, quer os tipos de análise que se podem efectuar com a informação temática. As variáveis contempladas por essa informação podem ser tipificadas atendendo basicamente a dois critérios:

- variáveis contínuas e variáveis discretas;

- variáveis fundamentais (obtidas directamente) e variáveis derivadas

(resultado de alguma operação matemática entre pelo menos duas variáveis fundamentais).

As mesmas variáveis podem ser medidas em escalas distintas: - escala nominal (trabalha com nomes);

- escala ordinal (para além de permitir distinguir, também estabelece uma hierarquia entre as unidades espaciais);

Capítulo 4 - Sistemas de Informação Geográfica - escala de intervalo (distingue, hierarquiza, mas também identifica a distância

existente entre as diferentes unidades espaciais).

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