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O termo "desenvolvimento sustentável" ganhou relevância internacional após a divulgação da publicação do relatório “O Nosso Futuro Comum”, também designado por "Relatório de Brundtland", resultado do trabalho de uma comissão nomeada pela Organização das Nações Unidas - ONU (1987).

O Relatório de Brundtland define o desenvolvimento sustentável como aquele que permite satisfazer as necessidades das gerações atuais sem comprometer a possibilidade de as futuras gerações satisfazerem as suas.

Este documento, ao aprofundar a compreensão das implicações do desenvolvimento sustentável, sugere que deverá haver mudanças de valores e atitudes para com o meio ambiente e coloca o ensino formal, entre outros, como parceiro na transmissão de conhecimentos aplicáveis à gestão correta dos recursos. Salienta que a educação deveria ser mais abrangente e englobar as ciências sociais e naturais, para que se pudesse entender a interação dos recursos naturais com os seres humanos e defende o estabelecimento de uma educação ambiental a todos os níveis do ensino formal, o que levaria a modificar o senso de responsabilidade dos alunos com o estado do meio ambiente e os ensinaria a controlá-lo, protegê-lo e melhorá-lo.

Segundo Chambers et al. (2000 apud BELLEN, 2004), grande parte das análises considera o meio ambiente como externo, separado das pessoas e do mundo do trabalho, enquanto acredita-se que o mundo natural não pode ser separado do mundo do trabalho. Em termos de fluxo de matéria e energia, não existe o termo externo, sendo que a economia humana é um subsistema da ecosfera, uma das premissas básicas do sistema. A sustentabilidade exige que se passe da gestão dos recursos para a gestão da própria humanidade e desta forma, se o objetivo é viver de uma maneira sustentável, deve-se assegurar que os produtos e processos da natureza sejam utilizados numa velocidade que permita sua regeneração, porém, a sociedade opera como se este sistema fosse apenas uma parte da economia.

O sétimo objetivo do estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD (2004) visa garantir a sustentabilidade ambiental por meio

de três metas: integrar os princípios no desenvolvimento sustentável nas políticas e programas públicos e reverter a perda de recursos ambientais; reduzir pela metade até 2015 a proporção de pessoas sem acesso à água potável; melhorar a qualidade de vida dos habitantes de 100 milhões de moradias inadequadas até o ano de 2020.

A meta 11 do relatório do PNUD (2004) dentro do objetivo de garantir a sustentabilidade ambiental prevê alcançar uma melhora na vida das pessoas de 100 milhões de habitantes de bairros degradados até 2020, e neste meta, o indicador 31 propõe melhores condições de saneamento.

A relação entre os resíduos e a Agenda 21 apresenta ligação com a sustentabilidade. Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD (1991), desenvolvimento sustentável é definido como aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem suas necessidades.

Milanez (2002) define três dimensões para a sustentabilidade, sendo elas a dimensão ambiental/ecológica, a social e a econômica e estão amparadas por suas sub-dimensões, conforme figura 27.

Fonte: Milanez (2002)

Figura 27 - Relação entre dimensões e sub-dimensões da sustentabilidade.

Sachs (1993) subdivide o desenvolvimento sustentável em cinco aspectos, sendo eles:

a) Sustentabilidade social: processo de desenvolvimento sustentado por outro crescimento e subsidiado por meio de uma visão do que seja uma sociedade boa e enfatiza a igualdade na distribuição de renda e bens entre ricos e pobres;

b) Sustentabilidade econômica: sugere que a eficiência econômica deve ser avaliada segundo termos macrossociais;

c) Sustentabilidade ecológica: utiliza recursos naturais causando um dano mínimo, utiliza produtos ou recursos renováveis e/ou abundantes de forma não agressiva ao meio ambiente, reduz o volume de resíduos e poluição, promove a auto-limitação no consumo de materiais pelos países ricos e os indivíduos;

d) Sustentabilidade espacial: defende uma configuração rural-urbana mais equilibrada e melhor distribuição territorial de assentamentos humanos e atividades econômicas;

e) Sustentabilidade cultural: procura raízes endógenas de processos de modernização e sistemas agrícolas, buscando mudanças culturais que traduzam o conceito de ecodesenvolvimento em conjunto com soluções específicas para o local, o ecossistema, a cultura e área da região.

Conforme Sorrentino (2005, p. 19), pode-se enunciar duas grandes tendências para o desenvolvimento sustentável:

A primeira volta-se para a proposição de soluções que se coadunem com a necessidade de preservação da biodiversidade, conservação dos recursos naturais, desenvolvimento local e diminuição das desigualdades sociais, por meio de novas tecnologias, políticas compensatórias, tratados internacionais de cooperação e de compromissos multilaterais, estímulo ao ecoturismo, certificação verde de mercados alternativos, entre outros. A segunda volta-se para finalidades semelhantes, mas por intermédio da inclusão social, da participação da tomada de decisões e da promoção de mudanças culturais nos padrões de felicidade e desenvolvimento.

Enquanto isto, Carvalho (1991) acredita que no conceito de desenvolvimento sustentável cabem todos os significados, pois, é sinônimo de sociedade racial do terceiro milênio, de indústrias limpas, crescimento econômico, de forma disfarçada da continuação imperialista sobre o terceiro mundo, de utopias românticas e enfim, tudo nele parece caber.

Born (2000, p. 5) defende que a sustentabilidade ambiental “depende de um variado conjunto de ações e esforços, que se estende pela educação fundamental à inovação tecnológica, passando pela mudança de padrões de consumo e produção”. Os padrões de consumo determinam a quantidade e o tipo de lixo produzido, sendo que, enquanto não forem modificados, a quantidade de lixo aumentará e alcançará volumes difíceis de serem coletados e dispostos diariamente. Estes padrões também influenciam o dispêndio energético e alguns custos de construção. A revisão destes padrões e o investimento em pesquisa e tecnologia são condições para a sustentabilidade das cidades (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2000).

De acordo com Ribeiro (1998), para que uma forma de vida seja sustentável é necessário que a taxa de utilização dos recursos seja no mínimo igual à de reposição ou de geração de substitutos para esses recursos. Além da dimensão física, a sustentabilidade apresenta a faceta econômica, social, territorial e política.

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