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5. DESENVOLVIMENTO

5.3. PASSOS DE IMPLEMENTAÇÃO

5.3.7. PROJETO PILOTO

5.3.7.1. DEFINIÇÃO DO PROJETO PILOTO E SEUS OBJETIVOS

Diversos autores apontam a necessidade de um projeto-piloto como parte de uma implementação de BIM bem estruturada. Recomenda-se que ele seja estudado e escolhido com atenção, buscando desenvolver um projeto que represente os casos mais comuns dentro da empresa, sem que ele seja nem excessivamente simples ou complexo (CBIC, 2016, v. 2, p. 48).

A escolha da forma com que esse projeto piloto se dará varia, havendo pontos positivos e negativos para cada uma das alternativas.

Existem casos em que um projeto fictício será o projeto piloto, pois a organização não quer se expor a um insucesso junto a um cliente. Em um caso similar, a organização decidiu refazer um projeto recém-finalizado em CAD, que deste modo passou por uma reavaliação e foi possível comparar o volume de horas investido em um e outro processo. Mas evidentemente que esta é uma opção com custo de homens/hora elevado, integralmente absorvido pela empresa. O mais comum, entretanto, é selecionar um projeto real, com folga de prazos, de modo que seja possível compatibilizar o seu cronograma com o cronograma de recursos, capacitação da equipe e documentação dos novos processos. Deste modo, boa parte dos custos de implantação serão alocados no projeto ou empreendimento. (ABDI, 2017, v. 6, p. 26)

Ao se decidir qual seria o Projeto Piloto do processo de implementação, foram levantados esses pontos negativos e positivos de cada opção. Em resumo, foram analisadas as seguintes possibilidades:

 Projeto “Fantasma”: um projeto fantasma, ou fictício, poderia ser desenvolvido pela equipe. Como vantagens, estão o fato de o processo criativo também estar envolvido no projeto, pois ele se iniciaria desde o Estudo Preliminar e envolveria o mapeamento de processos como estudos de massa e volumetria. Outro ponto positivo seria o prazo: como é um projeto fictício, não há a necessidade de se entregá-lo em prazos determinados para cliente, e a equipe poderia desenvolvê-lo de acordo com sua disponibilidade. Pontos negativos incluem o fato de que o processo de projeto é bastante oneroso, e pode ser bastante desestimulante para a equipe dispender de tamanho esforço

98 para a realização de um projeto que não é ao menos real. Além disso, a fidedignidade dele pode não representar a realidade: como o Programa de Necessidades seria criado pela própria equipe, poderia ser difícil replicar circunstâncias reais sob as quais um projeto real deveria ser desenvolvido. Finalmente, a criação de um projeto não permitiria a comparação com um equivalente em CAD;

 Replicar um projeto já existente: uma possibilidade seria reproduzir, agora com ferramentas BIM, um projeto que já tenha sido (ou estivesse sendo) desenvolvido em CAD pela empresa. Dessa forma, seria possível traçar comparativos entre os produtos das duas metodologias, de acordo com o interesse dos projetistas, mas não haveria a necessidade de se preocupar com prazos de entrega para o cliente, uma vez que já haja uma equipe encarregada de elaborá-lo em CAD. O ponto fraco dessa alternativa seria que, como ela seria apenas a reprodução de um projeto, fica impossibilitado o envolvimento de todo o processo criativo de concepção da edificação, na fase de Estudo Preliminar;

 Desenvolver um projeto real: finalmente, a alternativa de se começar a desenvolver um projeto real em BIM foi considerada. Essa opção envolveria a elaboração do projeto desde a concepção inicial até fases de detalhamento executivo, e seria a opção mais capacitante. Porém, ela poderia exigir um maior rigor e dedicação da equipe, por haver prazos a serem respeitados. Além disso, como o processo em BIM ainda é novo, ainda não se haveria uma base, um fluxo de trabalho para se guiar. Seria interessante haver algum template a ser usado, uma biblioteca, um processo minimamente estabelecido de projeto (incluindo questões de interoperabilidade), e qualquer dificuldade encontrada nesses pontos poderia comprometer o sucesso do projeto.

A escolha do projeto se deu bastante baseada nos objetivos que se buscariam atender com o Projeto Piloto; A definição dos objetivos associados ao projeto piloto é essencial. O Manual da CBIC estabelece uma congruência entre os objetivos que são propostos especificamente para o projeto piloto, e os objetivos gerais da implementação do BIM na empresa: “Os objetivos definidos para um projeto-piloto de implementação BIM podem ser diferentes dos objetivos da implementação como um todo, embora, obviamente, devam guardar coerência e complementaridade entre si. Em geral, os objetivos corporativos de uma implementação BIM

99 são mais amplos, com a definição de uma maior quantidade de casos de usos que aqueles definidos como alvo para um primeiro projeto-piloto” (CBIC, 2016, v. 2, p. 48).

Além disso, o Manual da CBIC inclui a definição não só de objetivos coordenados com o planejamento estratégico da implementação como um todo, mas ainda, a definição de objetivos específicos relacionados ao aprendizado e à capacitação da equipe BIM responsável pela implementação (CBIC, 2016, v. 2, p. 48).

Um exemplo de definição desses objetivos é trazido pelo Manual da CBIC (2016, v. 2, p.

48) na Erro! Fonte de referência não encontrada.. Vale frisar que, para tal listagem, o manual considerou pressuposto que o desenvolvimento dos modelos BIM autorais, atividades desenvolvidas pela Concreta, são contratados e liderados por uma incorporadora (pela referência que faz, na imagem, no campo “Ramo da Empresa”).

Figura 32 - Objetivos Modelo de um Projeto Piloto

100 Os objetivos do Projeto Piloto da Concreta foram delimitados bastante em função de questões como disponibilidade de tempo e de esforço. Notou-se, por exemplo, que não seria interessante desenvolver um projeto que demandasse tempo para realizar tarefas que não fossem estritamente relacionadas ao BIM.

Exemplificando, não seria parte dos objetivos do Projeto Piloto que fossem gerados detalhamentos do projeto estrutural: esse processo já é feito em projetos estruturais da Concreta, já é bem mapeado, e é realizado de forma igual à que se terá no processo BIM. Não haveria introdução, nessa atividade, de novos recursos ou aplicações e, portanto, a parte de detalhamento seria apenas um processo repetitivo e pouco contribuiria para a definição do fluxo de trabalho em BIM.

Desenvolver o projeto estrutural, e os projetos de uma forma geral, buscaria melhor entender questões intrínsecas ao BIM, como a exportação de arquivos DWG a partir do modelo tridimensional do Revit para o Eberick, a exportação de arquivos IFC do Eberick para o Revit, a coordenação entre os modelos estrutural e arquitetônico, conversão entre arquivos IFC e RVT, a exportação dos arquivos para o Navisworks, entre outros. Dessa forma, tem-se que o Projeto Piloto não objetivaria a geração de todos os entregáveis usualmente previstos para projetos reais e, dessa forma, exclui-se a possibilidade de um projeto real ser tomado como o Projeto Piloto.

Além disso, ter-se-ia como objetivo do Piloto um entendimento mais geral acerca do fluxo de trabalho em BIM. Entender, com o desenvolvimento do projeto, as reais necessidades de aspectos como recursos no template, famílias, vistas, possíveis produtos, processos de compatibilização. Sob essa ótica, ter um projeto já desenvolvido em CAD que permitisse traçar um paralelo entre as duas metodologias e produtos de cada uma seria bastante benéfico. Tem-se, dessa forma, que refazer em BIM um projeto já feito em CAD seria a melhor das três opções.

São definidos, ainda, os objetivos do Projeto Piloto da Concreta:

 Estruturar um fluxo de trabalho integrado entre as disciplinas, considerando questões de interoperabilidade;

 Definir requisitos para a criação dos templates de cada disciplina, em cada software utilizado (quando possível);

 Definir requisitos para o desenvolvimento de bibliotecas de famílias de cada disciplina, em cada software utilizado (quando possível);

 Capacitar o Grupo de Trabalho tanto em termos de utilização dos softwares quanto de sua aplicação no fluxo de trabalho definido;

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 Listar, de acordo com a experiência ao longo do desenvolvimento do projeto, recursos e ferramentas dos softwares essenciais de serem incluídas no conteúdo programático dos cursos de capacitação a serem estruturados e ministrados pelo GT.

Além disso, tendo-se definido que o Projeto Piloto seria constituído na recriação parcial de um projeto já existente na empresa (finalizado ou em andamento), das disciplinas pertinentes à implementação do BIM, estabeleceu-se que seria o projeto referente ao Contrato nº 26/2017, denominado internamente de “Projeto Maria do Carmo”, a base do Projeto Piloto.

O Projeto Maria do Carmo tem como escopo a elaboração de projeto executivo completo para edificação em Sobradinho 1, Brasília/DF, destinada a uma residência unifamiliar de aproximadamente 156m² e uma edícula de aproximadamente 60m² em um terreno de 840m².

Ele compreende os projetos arquitetônico, estrutural, fundações, instalações elétricas, hidrossanitárias, aproveitamento de águas pluviais, reuso de águas cinzas e amortecimento de águas pluviais.

Destes, como previsto pela implementação, só serão desenvolvidos estudos referentes ao Projeto Piloto dos projetos arquitetônico, estrutural, fundações, instalações hidrossanitárias e elétricas.