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DEFINIÇÃO, NATUREZA E TEORIAS

Segundo Silvio Rodrigues (RODRIGUES, 2008 apud SAVATIER p, 4.) o conceito de responsabilidade é: “A responsabilidade civil vem definida por Savatier como a obrigação que pode incumbir uma pessoa de reparar prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou fato de pessoas ou coisas que dela dependam.”

Stoco (2004, p. 120), conceitua a responsabilidade civil como sendo: “a obrigação da pessoa física ou jurídica ofensora de reparar o dano causado por conduta que viola um dever jurídico preexistente de não lesionar (neminem laedere) implícito ou expresso em lei”.

Segundo Diniz (2007), a todo instante surge o problema da responsabilidade civil, pois cada atentado sofrido pelo homem relativamente à sua pessoa ou ao seu patrimônio constitui um desequilíbrio de ordem moral ou patrimonial que reclama a criação de soluções ou remédios por parte do ordenamento jurídico, visto que o

direito não poderá tolerar ofensas que fiquem sem reparação.

Conforme lição de Cavalieri Filho (2008), a responsabilidade pressupõe um dever jurídico preexistente, uma obrigação descumprida. Assim, toda conduta humana que, violando dever jurídico originário, causa prejuízo a outrem é fonte geradora de responsabilidade civil.

Conclui-se a partir desses conceitos, que a responsabilidade civil é a obrigação de reparar o prejuízo causado a outrem, sendo que a consequência da execução de um ato ilícito é a responsabilização e consequentemente a reparação do dano sofrido pela vítima, a fim de restabelecer o estado anterior ou, diante da impossibilidade, compensar a parte lesada pelo mal sofrido. Segundo GAGLIANO; PAMPLONA FILHO (2008, p. 19 e 20):

A sanção é consequência lógico-jurídica da prática de um ato ilícito, pelo que, em função de tudo quanto foi exposto, a natureza jurídica da responsabilidade, seja civil, seja criminal, somente pode ser sancionadora. No caso da responsabilidade civil originada da imposição legal, as indenizações devidas não deixam de ser sanções, que decorrem não por força de algum ato ilícito praticado pelo responsabilizado civilmente, mas sim por um reconhecimento de direito positivo (previsão legal expressa) de que os danos causados já eram potencialmente previsíveis, em função dos riscos profissionais da atividade exercida, por envolverem interesse de terceiros....

Por tais fundamentos, concluímos que a natureza jurídica da responsabilidade será sempre sancionadora, independente de se materializar como pena, indenização ou compensação pecuniária.

Em todos os posicionamentos acima expostos se percebe que a responsabilidade civil é um instituto necessário para a sociedade como um todo com natureza jurídica de sanção e reparação, por isto contém todo o caráter coercitivo da sanção onde torna condutas impróprias menos atrativas a sua pratica.

Existem teorias acerca da responsabilidade civil: a teoria objetiva e a teoria subjetiva da responsabilidade. Na teoria subjetiva se leva em conta o elemento da culpa e do dolo do agente que pratica a conduta, a culpa é considerada fundamento da responsabilidade civil. Begalli (2005, p. 58) assim conceitua: “a clássica teoria

subjetiva da responsabilidade civil é aquela que exige a atuação ou omissão com culpa ou dolo, e mais que isso, a prova por parte do ofendido de que o ofensor agiu com culpa ou dolo.”

Portanto, partindo da concepção clássica que a vítima só obterá indenização se provar a culpa do agente.

Entretanto, existem certas situações em que há reparação, sem que o dano seja cometido por culpa. Daí poderá se dizer que a responsabilidade é objetiva, pois algumas atividades estão inteiramente ligadas ao risco do dano, portanto a sua culpa é presumida mesmo que o agente que a pratique não tenha o dolo ou culpa.

Begalli (2005, p. 62) assim dispõe:

Ao contrário do que tradicionalmente se apregoava, ou seja, a exigência de culpa para fixar a responsabilidade, para a teoria objetiva, essa culpa é presumida, portanto, dispensa prova por parte do ofendido. Basta ao ofensor provar o dano e nexo causal, sem necessidade de provar a culpa do ofensor.

Corroborando com o pensamento acima, Venosa (2003, p. 23) dispõe que:

A teoria da responsabilidade objetiva não pode, portanto, ser admitida como regra geral, mas somente nos casos contemplados em lei ou sob o novo aspecto enfocado pelo corrente Código. Levemos em conta, no entanto, que a responsabilidade civil é matéria viva e dinâmica na jurisprudência.

Ainda sobre o tema de responsabilidade objetiva faz-se mister analisar o pensamento de Rodrigues (2004, p.11) que assim assevera:

A responsabilidade objetiva é fundada na teoria do risco, segundo o qual aquele que através de sua atividade, cria um risco de dano para terceiros, deve ser obrigado a repará-lo, ainda que sua atividade e o seu comportamento sejam isentos de culpa. A situação é examinada e se for verificada, objetivamente, a relação de causa e efeito entre o comportamento do agente e o dano experimentado pela vítima, esta tem direito de ser indenizada por aquele.

culpa porem existem algumas exceções advindas da evolução da sociedade e cabe ao legislador trazê-las de forma clara e expressa.

A responsabilidade civil por abandono afetivo será subjetiva, posto que è fundada na culpa consciente do pai de ter se recusado ou omitido a dar assistência ao filho. Neste sentido os art. 186 e 927 do Código Civil, in verbis:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Segundo GONÇALVES (2003 p.31), “A análise do artigo supratranscrito evidencia que quatro são os elementos da responsabilidade civil: ação ou a omissão, a culpa ou dolo do agente, relação de causalidade e o dano experimentado pela vítima”.