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3. PRINCÍPIOS

3.1 Definição de Princípios

O sentido da palavra princípio é visto como um conjunto de proposições diretivas, às quais todo o desenvolvimento de ordenamentos é submetido. Princípio é o principal, é o primeiro em importância e na ordem do que é fundamental. Princípio vem dotado de um mínimo normativo, capaz de fundamentar autonomamente direitos e pretensões dos cidadãos. Neste sentido pode-se dizer que os princípios são normas gerais, as quais não precisam estar necessariamente positivadas, ou seja, expressas em algum documento, mas sob as quais todo um ordenamento jurídico está subordinado, sendo que eles se encontram na consciência coletiva dos povos, e desta forma são universalmente aceitos. Para Celso Antônio Bandeira de Mello (2000, p.122). “Os princípios são mandamentos nucleares de um sistema, seu verdadeiro alicerce, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhe o espírito e servindo de critérios para sua exata compreensão”. Desta forma, nota-se que os princípios são formas que alicerçam o sistema o qual estão imperando.

Em geral, tais princípios encontram-se implícitos no sistema, embora muitas vezes transformem-se em direito objetivo e, sendo desta forma, é dever dos aplicadores do direito estudarem a forma pela qual eles interagem, se relacionam e qual a sua influência sobre as normas em geral. Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro apud José Cretella Junior. (2010, p.19) “Princípios de uma ciência são as preposições básicas, fundamentais, típicas que condicionam todas as estruturações subsequentes”. Princípios, neste sentido, é o alicerce das ciências.

Na mesma linha os princípios são a razão fundamental das regras jurídicas, tendo um grau mais elevado, pois, estabelecem um dever que terá que ser seguido. Em razão de sua posição superior, e de sua importância na estrutura dessa ordem, assim se refere Canotilho (2003, p. 754), “os princípios se caracterizam como normas de natureza originária com papel fundamental, influenciando na elaboração de toda a legislação infraconstitucional,” caracterizando-se assim como normas que direcionam e determinam as tomadas de decisões e assim prossegue o autor:

Os princípios são verdadeiros suportes jurídicos vinculantes, que determinam diretrizes fundamentais, bem como influenciam em toda aplicação e interpretação na prática e proteção de direitos. São caracterizados como valores supremos de todo o ordenamento jurídico e em razão de sua qualidade normativa especial, promovem a coesão, a unidade interna de todo um sistema (2003, p.755).

Denota-se que os princípios formam um alicerce indispensável para o bom andamento de todo um sistema, tudo que lhes segue tem que estar em perfeita harmonia, em conformidade com seus ideais. Em toda ordem jurídica existem valores superiores e diretrizes fundamentais que direcionam medidas a serem tomadas.

Para melhor caracterizar o conceito de princípio e nunca de seu conteúdo, pois este jamais poderá ser delimitado, deve-se estar sempre incorporando os novos valores e as necessidades que a sociedade contemporânea vai criando diante das mais variadas opções que a tecnologia e as circunstâncias põem à disposição dos homens, segundo o pensamento de Paulo Bonavides:

Princípio é, com efeito, toda norma jurídica, enquanto considerada como determinante de uma ou de outras subordinadas, que a pressupõe devolvendo e especificando ulteriormente o preceito em direções mais particulares (menos gerais), das quais determinam, e, portanto, resumem potencialmente, o conteúdo: sejam, pois efetivamente postas, sejam, ao contrário, apenas dedutíveis do respectivo princípio geral que as contém (2009, p. 156).

Contudo, não se pode esquecer que a forma de interpretação destes princípios, não impede a sua aplicação aos casos concretos, ou seja, a inexistência de leis especificando o conteúdo dos princípios não os transforma em meras normas capazes de justificar a inércia diante das suas constantes violações.

Os princípios formam uma condição básica de uma determinada ordem jurídica, eles indicam o ponto de partida e os caminhos a serem percorridos. Para Rizzato Nunes (2011, p. 48), “os princípios exercem uma função importantíssima dentro do ordenamento jurídico, já que orientam, condicionam e iluminam a interpretação das normas jurídicas em geral.” Assim, a partir dessas considerações,

percebe-se que os princípios funcionam como normas superiores de todo um ordenamento jurídico.

Desta forma os princípios de um determinado direito positivo servem de critérios de inspiração às leis ou normas concretas deste direito. Esses princípios gozam de vida própria e de valores substantivos pelo mero fato de serem princípios, pois são os pensamentos diretivos que dominam e servem de base à formação das disposições singulares de direito de uma instituição jurídica, de um código ou de todo um direito positivo. (BONAVIDES, 2009).

Presentes em todos os ramos do direito estão os princípios, pois são eles que norteiam o caminho a ser percorrido pelo legislador.

Os princípios também são uma referência quando em uma solução de conflito pela via judicial, não se encontra nas leis a solução para determinado assunto, ou estas não especificam de forma clara o rumo que deve ser seguido para a melhor decisão do litígio. Para Humberto Theodoro Junior,

As leis, sendo apenas um programa de convivência em sociedade, não conseguem elaborar normas precisas e completas para todas as nuances do comportamento humano. Ao incidirem sobre os casos concretos, oferecem inevitáveis lacunas e imprecisões, que hão de ser completadas ou superadas pelo intérprete e aplicador da norma legislada. Desta forma os princípios norteadores do direito é que nesses determinados casos, permitirão que o juiz possa através de sua interpretação adequá-la a o caso concreto e possa proceder a sua harmonização com o todo do vigente do ordenamento jurídico (2010, p. 24).

Neste sentido, os princípios sujeitam o juiz ao dever de dar efetivo cumprimento, por seus atos decisórios, aos princípios com que a Constituição Federal organiza soberanamente o Estado Democrático de Direito.

Logo, os princípios não podem ser caracterizados como meros acessórios interpretativos. São enunciados que consagram conquistas éticas da civilização e, por isso, estejam ou não previstos em lei, aplicam-se cogentemente a todos os casos concretos.