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Capítulo 2 Criação de um Atlas da Qualidade do Solo em Portugal

2.1. Definição e tipos de Atlas

Um Atlas define-se como sendo uma coleção ordenada de mapas ou cartas geográficas concebido para traduzir a realidade e apresentar vários aspetos geográficos que descrevem um determinado espaço. Devem por isso, e segundo o Atlas de Portugal editado pelo Instituto Geográfico Português (IGP)8, apresentar três elementos essenciais: um caracter descritivo, que

é a sua função primária, um carácter analítico, que inclui a definição da temática e escolha da informação selecionada, e uma visão de conjunto, que torne coerente toda a informação e que tenha em consideração o objetivo a que este se propõe. Nos últimos anos, e com a passagem para o digital, os Atlas aliam cada vez mais a transmissão de informação ao apoio à decisão.

Para além das regras de cartografia a que estão sujeitos, os atlas devem-se reger por princípios de qualidade como (Monteiro, 2010 adaptado de Dias, 1995):

“- Apresentar o maior número de informação possível sobre o espaço estudado; - Apresentar o formato mais reduzido possível;

- Apresentar uma estrutura equilibrada;

- Apresentar-se de forma expressiva, acessível e de fácil compreensão para o leitor que permitam a este identificar ou perceber no mais curto espaço de tempo a mensagem cartográfica;

- Pertinência / viabilidade (adequação dos temas e exequibilidade técnico-financeira.”

Os atlas podem ser classificados de acordo com o tipo de análise espacial, região que representam, complexidade, número de temas, forma como são apresentados e formato (Tabela 1). Em relação ao seu formato os atlas podem ser em papel ou eletrónicos, sendo que no caso do segundo tipo podem ser separados em digitais e online. Os primeiros são atlas distribuídos em formato físico digital ou descarregados e visualizados num software localmente. Os segundos, são atlas cuja informação é colocada online num servidor. Uma das grandes vantagens dos atlas online é que, estando alocados a um servidor externo, não necessitam de instalação prévia de um software específico, podendo ser facilmente visualizados num browser. Outra das vantagens deste tipo de atlas é poderem ser modificados em tempo real à medida que nova informação seja introduzida na base de dados, se esse for o

objetivo de quem o publica. Os Atlas eletrónicos podem ainda ser divididos em três outros tipos: Estáticos, Dinâmicos e Combinados (Schabel, 2002; Monteiro, 2010):

Atlas Estáticos – são atlas com pouca interação entre o utilizador e os dados, nomeadamente pela impossibilidade de selecionar e modificar a informação. Esta interação é definida por regras estabelecidas pelo autor do Atlas. Usualmente as ações possíveis estão limitadas a ações de navegação, exige-se por isso uma boa escolha das simbologias e formas de representação dos vários temas. É uma boa opção para os casos em que o público-alvo é vasto.

Atlas Dinâmico – estes atlas são mais analíticos uma vez que permitem selecionar e combinar temas, realizar análises espaciais simples e criar novos mapas temáticos, modificando a simbologia e esquema de cores. A liberdade poderá ainda ser maior e permitir ao utilizador utilizar scripts e macros. A desvantagem deste tipo de Atlas é a de que requerem utilizadores especializados, ou que pelo menos saibam como proceder para retirar a informação que desejam, correndo o risco de o resultado final não ter significado ou ter uma incorreta visualização cartográfica.

Soluções combinadas/mistas – são atlas com características dos dois tipos anteriores, sendo que os dados se encontram na internet e são acedidos através de um programa instalado localmente.

O SNIAmb, para além de informação geográfica variada, inclui neste momento três atlas: Atlas do Ambiente, Atlas da Água e Atlas Lusófono. O objetivo da publicação destes Atlas é maioritariamente o de armazenar informação criada num passado recente. De facto, muitas dos temas que se encontram nos Atlas acima referidos encontram-se desatualizadas, havendo a mesma informação atualizada e acessível nessa mesma plataforma (SNIAmb).

Tomando o Atlas do Ambiente como exemplo, este inclui quatro subcategorias: Ambiente Físico, Biofísico, Humano e Protegido. A primeira subcategoria inclui temas como temperatura, precipitação, hipsometria, hidrografia, entre outros. A segunda inclui temas relativos ao solo (características, pH, capacidade de uso), tipos de paisagem, etc. A terceira inclui índices de conforto bioclimático e recursos turísticos. Por fim, a quarta e última subcategoria, inclui áreas protegidas, zonas húmidas e árvores notáveis.

Ao nível dos Atlas temáticos não eletrónicos, existem duas principais obras sobre o solo a nível internacional: o Soil Atlas - Facts and figures about earth, land and fields (Bartz, 2015) e o

Soil Atlas of Europe (Jones et al., 2005). Apresentam vários mapas e infografias, definições e

características dos tipos de solo, os diferentes usos e alterações do solo e as suas principais ameaças. Este tipo de documentos pretende essencialmente alertar para a importância do solo e os riscos da sua degradação. Apresentam uma abrangência maior que os Atlas geográficos digitais, mas representam também objetivos muitos distintos.

No caso do AQS pretende-se criar um Atlas nacional (uma vez que abrange todo o país), temático (porque se debruça sobre um tema específico) e online. A grande vantagem da criação de um Atlas online é a de que a centralização de toda a informação num único sistema deverá estruturar de forma prévia a informação para que se tomem decisões de forma mais eficiente e informada. Este formato permitirá uma atualização rápida do Atlas, com informação mais recente e completa, nomeadamente informação enviada pelos próprios utilizadores. Por fim, este poderá ainda servir para exibir relações entre impacto e gravidade dos fenómenos e as variáveis representadas.

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