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Definição das variáveis Foram utilizadas três variáveis nas estimativas, todas sob logaritmo: importações de bens e serviços em termos reais (m) 16 ; produto interno bruto em

5. Resultados das estimativas

5.1 Definição das variáveis Foram utilizadas três variáveis nas estimativas, todas sob logaritmo: importações de bens e serviços em termos reais (m) 16 ; produto interno bruto em

termos reais líquido de exportações de bens e serviços em termos reais (gdpx); e preço relativo das importações (rpm). O Quadro 2 apresenta a relação dos países selecionados, a descrição de cada uma dessas variáveis e as respectivas fontes.

Como segunda opção ao termo gdpx, será utilizado nas estimativas o termo produto interno bruto em termos reais (gdp) para testar a sensibilidade dos parâmetros se mantivermos as exportações no total da produção. Esse teste não tem como objetivo alterar o modelo em seu formato original, mas apenas verificar a hipótese de as exportações determinarem as importações, pelo simples fato de os bens exportados incluírem bens importados na sua produção.

16 Os dados de comércio para a Alemanha se referem somente às importações e exportações de bens, pois a

Quadro 2

Definição das variáveis

Variáveis Países Período Unidade

de medida m gdp rpm x Fontes Alemanha 1960-2005 m.l. MG/PM GDP/PGDP PM /PGDP XG/PX IFS/FMI Canadá 1950-2005 m.l. MGS/PM GDP/PGDP PM /PGDP XGS/PX IFS/FMI Espanha 1954-2005 m.l. MGS/PM GDP/PGDP PM /PGDP XGS/PX IFS/FMI França1/ 1950-2005 m.l. MGS/CPI GDP/P

GDP (E*CPIf) XGS/CPI IFS/FMI

/PGDP Itália 1951-2004 m.l. MGS/MUV GDP/PGDP UVM /PGDP XGS/XUV IFS/FMI Japão 1955-2004 m.l. MGS/PM GDP/PGDP PM /PGDP XGS/PX IFS/FMI P. Baixos 1956-2004 m.l. MGS/PM GDP/PGDP PM /PGDP XGS/PX IFS/FMI R. Unido2/ 1950-2005 m.l. e US$ MGS/M UV GDP/PGDP UVM /PGDP XGS/UVX IFS/FMI EUA 1950-2005 m.l. MGS/PM GDP/PGDP PM /PGDP XGS/PX IFS/FMI Brasil3/ 1947-2005 m.l. e US$ MGS/P M GDP/PGDP PM /PGDP XGS/PX IBGE/SCN, e Funcex

MG: importação de bens; XG: exportação de bens; MGS: importação de bens e serviços; XGS: exportação de bens e

serviços; GDP: produto interno bruto (PIB); PGDP: deflator do PIB; PM: índice de preços das importações; PX: índice de

preços das exportações; E: taxa de câmbio; UVM: unidade de valor das importações; UVX: unidade de valor das

exportações; e CPI: índice de preços ao consumidor. Período base 2000=100.

1/ Não há disponibilidade de dados sobre os preços de importação e de exportação no caso da França para o período analisado. O índice de preços ao consumidor foi utilizado como substituto. O cálculo do preço relativo das importações foi feito da seguinte forma:

GDP f US Eu P CPI E $/ $

, onde CPIf corresponde ao índice de preços ao consumidor dos Estados

Unidos da América, para o período de 1950 a 1968, e ao índice de preços ao consumidor dos países industrializados, para o período de 1969 a 2005.

2/ Os dados referentes ao PIB e ao comércio estão em moeda local (L$). Os dados referentes aos preços de comércio estão em US$. Os cálculos das importações e exportações de bens e serviços foram feitos da seguinte forma:

) ( ) ( $ $ / $ US M L US UV E MGS m= e ) ( ) ( $ $ / $ US X L US UV E XGS

x= . O cálculo do preço relativo das importações foi feito da seguinte

forma: ) )( ( ) ( $ / $ $ GDP L US US M P E UV rpm= .

3/ Os dados referentes ao PIB estão em moeda local. Os dados referentes ao comércio estão em US$. Os índices de preços das importações e das exportações de bens, cuja fonte é a Funcex, consideram o valor do comércio em US$. O cálculo do preço relativo das importações foi feito da seguinte forma:

) ( ) )( ( $/ $ $ GDP US M US R P P E rpm= .

Antes de analisarmos os resultados das estimativas, é preciso esclarecer o porquê de a variável preço relativo das importações não levar em consideração a estrutura de proteção tarifária e não-tarifária em seu cálculo, já que as políticas protecionistas influenciam

fortemente os fluxos de comércio e vários dos trabalhos apresentados no Quadro 1 fazem essa consideração.

O modelo de substitutos imperfeitos indica a necessidade de os preços refletirem o custo final de aquisição, considerando os impostos e os subsídios que incidem sobre a comercialização dos bens importados e exportados. A maioria dos trabalhos que estimaram as elasticidades do comércio exterior do Brasil a partir desse modelo levou em conta a indicação.

No caso da equação de demanda por importações os autores consideraram ou o efeito direto das tarifas, como uma variável determinante isolada, ou o efeito das tarifas em conjunto com a taxa de câmbio. Mas a principal inquietação com relação a esse fator está na forma de cálculo. A medida ideal deveria reunir toda a estrutura de proteção efetiva, que inclui barreiras tarifárias e não-tarifárias. Nesse caso, considera-se o efeito dos impostos e de outros mecanismos de proteção sobre o valor adicionado internamente. A proteção efetiva é igual à diferença entre o valor adicionado real (que inclui os dispositivos protecionistas) e o valor adicionado em situação de livre comércio.

Em Kume (1996), o conceito de proteção efetiva foi bastante explorado na avaliação da política comercial do Plano Real. Aí, foi calculada a proteção efetiva para o período imediatamente anterior ao Plano Real e para o período seguinte, e feita uma simulação para 2006 com base na programação da Tarifa Externa Comum do Mercosul. O cálculo utilizou os coeficientes técnicos da matriz insumo-produto que medem a participação do insumo i no preço da atividade j. A proteção efetiva pode ser entendida como uma média das tarifas de cada produto, ponderada por tais coeficientes17. Os coeficientes refletem a estrutura tarifária do momento em que são apurados, mas não são disponibilizados ano a ano e a defasagem chega a dez anos entre uma matriz e outra. Isso dificulta a construção de séries anuais consistentes, especialmente em casos em que a estrutura tarifária é instável.

Os trabalhos listados no Quadro 1 ou não consideraram o efeito da tarifa sobre os preços relativos, como em Resende (1997 e 2001), ou consideraram o efeito da tarifa média, como em Zini (1988), Portugal (1992) e Portugal e Morais (2005). A tarifa média é

17 Kume define tarifa nominal como uma média ponderada pelo valor adicionado de livre comércio das tarifas

de cada produto e Tarifa Efetiva como uma média ponderada pelo valor adicionado a preços internacionais das tarifas de cada produto.

um conceito mais simples de proteção e é calculada dividindo-se o valor arrecadado dos impostos de importação pelo valor das importações (II/M).

A escolha da série de proteção mais adequada foi tratada com rigor por Dezouzart de Melo (1999) no trabalho que se dedicou à construção da taxa de câmbio de equilíbrio. Três opções foram avaliadas: (i) o imposto real que determina o preço nacional do bem importado; (ii) o imposto implícito, fruto da comparação entre os preços internos e externos de produtos homogêneos; e (iii) a tarifa média. A primeira opção é obtida por meio da tarifa nominal média, cuja deficiência é não captar a dispersão de alíquotas. Com relação à segunda opção, não há dados referentes ao imposto implícito que permitam a construção de uma série anual longa. A terceira opção, tarifa média (tarifa verdadeira), foi escolhida.

Todos os autores que escolheram a série de tarifa média reconheceram suas limitações, mas a elegeram como a melhor opção pela facilidade de cálculo e pelo fato de apresentarem menores distorções diante dos outros conceitos.

Portugal e Morais (2005) compararam duas séries anuais (1947-2002) da taxa real de câmbio, uma regular e outra que considera a tarifa média. As trajetórias de ambas as séries são praticamente idênticas e os testes comprovaram que as elasticidades estimadas não mudam com o uso de uma ou de outra série.

Em Pastore, Blum e Pinotti (1998), foi testada a sensibilidade do comércio externo brasileiro a formas distintas de se calcular o índice de taxa real de câmbio de acordo com a escolha do deflator e do emprego do efeito das tarifas. A equação de demanda por importações foi construída com quatro variáveis explicativas, o PIB, o câmbio real sem tarifas (CR), as tarifas (1+t) e a disponibilidade de financiamento para importar. Na primeira estimativa, os coeficientes de CR e 1+t ficaram muito próximos, -0,229 e -0,204 (Tabela 13, p. 23). Na segunda, foi imposta a restrição de que são iguais. O resultado foi que o coeficiente de CR(1+t) ficou em -0,22, muito próximo do resultado anterior.

Se considerássemos o efeito das tarifas nas estimativas da equação (19), teríamos que fazê-lo para todos os países listados no Quadro 2. Mas há dificuldades na obtenção dos dados e imprecisões no cálculo do efeito. O modelo estimado é uma equação de co- integração, o que impede o uso das tarifas, uma variável estacionária, como um determinante isolado. No entanto, é perfeitamente possível utilizarmos as tarifas no modelo, desde que agregada à variável preços relativos das importações. Veremos mais adiante,

quando os resultados forem apresentados, que as estimativas para o caso brasileiro não mudam se a construção da variável considera ou não o efeito das tarifas18.

5.2 Teste de raiz unitária Foram realizados testes ADF-SIC e Phillips-Perron para as