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2.2 TEORIA NEO-INSTITUCIONALISTA

2.4.2 Definições de Organizações, Instituições e Ambiente Institucional

O termo “organizações” tem várias definições. North (1991, p.2) define como sistemas sociais estruturados “feitos por grupos de indivíduos (...), restritos pelo quadro institucional”.

Dentro da abordagem institucional de Parsons (apud Scott, 1995), cada organização é um subsistema de um sistema social mais amplo que serve para

legitimar sua existência. Hebert Simon, em seu clássico “Comportamento

Administrativo” (1945/1965) descreveu como as estruturas da organização trabalham para simplificar e suportar a tomada de decisões dos indivíduos nas organizações. O trabalho de Simon (1965) do comportamento das organizações utilizou paralelos desenvolvidos no campo da psicologia social (SCOTT, 1995).

Como visto anteriormente na teoria neo-institucionalista em Sociologia,

Silverman (1976) propôs uma visão da organização focada nos sistemas de significado e nas formas pelas quais a ação social é construída e reconstruída enfatizando que o ambiente organizacional deve ser conceitualizado como uma fonte de significados para os membros da organização. Scott (2001) afirma que são formas particulares de coletividade. Para Meyer e Rowan (1977), conforme também mencionado, as organizações são mais do que o produto de uma sofisticação técnica, consistem no resultado de uma racionalização crescente de regras culturais que fornece uma base independente para a construção de organizações (subseção 2.2.3 deste trabalho).

Instituição também pode ter várias definições. Foram abordadas no início deste capítulo, as definições de Parsons (instituições relacionais, regulativas e culturais); Weber (possibilidade de ação); Durkheim (sistemas simbólicos e autoridade moral); Hughes (conjunto de regras formais ou morais podem ser seguidas somente por pessoas agindo coletivamente, com capacidades complementares estabilizadas) e Hodgson (sistemas duradouros de regras sociais estabelecidas e enraizadas que estruturam as interações sociais).

Além dessas definições, segundo North (1994, p.7) instituições “representam

os limites estabelecidos pelo homem para disciplinar as interações humanas” e “estruturam incentivos de natureza política, social e econômica”. Berger e Luckmann (2001) entendem que instituições funcionam como guias de ação, geradas e mantidas por interações sociais.

Analisando-se essas definições, nota-se que há certa complementariedade entre elas. Para efeito deste trabalho, o conceito foi sintetizado nas palavras de Berger e Luckmann (1967) e Tolbert e Zucker (1999): a instituição seria o resultado ou estágio final do processo de institucionalização, sendo considerada questão central na criação e perpetuação de grupos sociais duradouros, contrabalançada

pela visão de Giddens (2003) em que embora instituições sejam consideradas

formas duradouras da vida social, não são entidades isentas de mudanças.

Conforme já especificado neste trabalho, as teorias neo-institucionalistas, definem instituições como resultado da interação social entre atores se confrontando em campos.

A perspectiva institucional (tipificada como uma abordagem simbólico- interpretativa da realidade organizacional) é tida como uma reconceitualização do ambiente (SCOTT,1995). Voltando ao velho institucionalismo, tem-se que o ambiente é somente um mero campo fornecedor de elementos de cooptação

(FONSECA, 2003). Ressalte-se o que foi mencionado a respeito de Fligstein (1993),

cuja ideia de campo difere significativamente da ideia de nicho ou de ambiente, uma vez que estes dois conceitos implicam uma realidade objetiva que é imposta a uma dada organização. Enquanto as perspectivas de campo denotam mudança, o ambiente, em particular o institucional como será visto adiante, tem como característica a conformação.

A teoria neo-institucional explica como os arranjos institucionais são provenientes de arranjos previamente existentes, como tais arranjos tanto excluem ações do rol das ações consideradas possíveis, quanto facilitam e possibilitam novos tipos de ação (MEYER; ROWAN, 1991).

As organizações devem exercer certo grau de autonomia e de controle sobre as condições do ambiente, capacidade essa observada nas organizações poderosas o suficiente para influenciar estrategicamente suas redes relacionais. No entanto, para os institucionalistas é a conformidade aos valores e normas sociais - legitimidade, mais do que o desempenho, que determina a sobrevivência das Organizações. Embora associada a tipos específicos de influência e convergindo para um fim comum, a força das pressões isomórficas pode ser experimentada em diferentes graus (DIMAGGIO; POWELL, 1983). Por se concentrarem no exame de organizações não–lucrativas, os adeptos da abordagem institucional tendem a

elaborar suas investigações a partir da diferenciação entre ambiente técnico e ambiente institucional, cujas características são apresentadas no Quadro 3:

Ambiente Característica Controle Isomorfismo

Técnico Troca de bens e serviços (avaliadas pela eficiência) Resultados de quantidade e qualidade Competitivo

Institucional Elaboração e difusão de regras e procedimentos (legitimidade) Adequação da forma organizacional às pressões sociais Institucional

Quadro 3 Ambiente Técnico e Institucional

Fonte: Autora. Baseado em Vieira e Carvalho (2003, p. 55).

O ambiente institucional pode ser caracterizado pelas regras e exigências com as quais as organizações devem se conformar para obter legitimidade (SCOTT; MEYER, 1994).

Nos argumentos de Carruthers (1995), os neo-institucionalistas são céticos às reivindicações de que alguma característica ou procedimento organizacional é necessário por razões técnicas.

Características altamente políticas e culturais estão escondidas sob a superfície técnica. Se há convergência entre as organizações, não é necessariamente porque a competição de mercado ou algum outro processo as forçou a aderir à forma ótima. Se, por exemplo, as organizações devotam energia considerável ao desenvolvimento e elaboração de regras e procedimentos racionalizados, pode não ser porque produzem decisões ou resultados que são objetivamente melhores (CARRUTHERS, 1995).

O autor conclui que ser tecnicamente eficiente não é o único caminho para a sobrevivência organizacional. Alcançar legitimidade aos olhos do Estado, de poderosas profissões, ou da ampla sociedade, é uma estratégia eficaz à sobrevivência.

Conforme explica Scott (2005), ambientes institucionais não mais são tratados monoliticamente, mas de modo variado e com amplas possibilidades de existência de lógicas contraditórias ou divergentes.