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A degradabilidade da forrageira no rúmen inclui-se entre os principais fatores que afetam o seu valor nutricional, sendo afetada pela composição química, processamento, tempo de retenção do alimento no rúmen e, entre outros, pela presença de compostos secundários no alimento, como os taninos (VAN SOEST, 1994). Os taninos condensados, particularmente, podem reduzir sensivelmente a degradabilidade da MO e da proteína no rúmen (REED, 1995). A degradabilidade da MO e, consequentemente a produção de gases in vitro, também é inversamente relacionada com o teor de fibra ou com o teor de proteína das amostras (DETMANN et al., 2005). No presente estudo, a produção de gases in vitro foi variável entre as espécies leguminosas e foi relativamente coerente com a variação da sua composição química. Por exemplo, a mucuna preta e o feijão guandu apresentaram maiores valores de FDN, N total e taninos condensados e os menores valores de produção de gás durante a incubação, enquanto estilosantes Campo Grande teve os maiores valores de produção de gás.

Considera-se lag time o tempo que os microorganismos levam até se aderir a partícula de alimento e começar a degradá-lo, sendo assim, quanto maior o valor deste, mais tempo o alimento levará para ser degradado. Quando observados os valores de lag time, estes também foram maiores para as leguminosas com teores de taninos mais altos, embora a correlação encontrada entre todos os compostos fenólicos e os parâmetros da cinética de degradação não tenham sido expressivos, podendo-se atribuir esta menor produção de gás aos altos valores de FDN, FDA e LDA os quais tiveram alta correlação com o volume de gás produzido, pois com baixos valores de produção de gás e altos valores de lag time, para estas leguminosas a degradação do alimento seria mais lenta.

De forma inesperada, foi encontrada uma correlação positiva entre lag time e o teor de N total, pondendo atribuir este resultado a hipótese de que estas leguminosas com maiores

teores de N, também teriam maiores valores de açúcares solúveis, o que indicaria que os microorganismos estariam utilizando primeiro à fonte de carboidratos prontamente fermentável, levando mais tempo para se aderir. Farenzena (2010) relata que o aumento na concentração de açúcares solúveis no meio disponibiliza carboidratos prontamente fermentáveis às células bacterianas ruminais, suprem a necessidade energética destes microorganismos e com isso podem reduzir a aderência de bactérias às partículas de alimento, aumentando assim o lag time.

A concentração de amônia no meio de incubação é positivamente relacionado com o teor de N total e N solúvel da amostra e com a atividade proteolítica e aminolítica bacteriana (HUNTINGTON, 1999). A atividade destas enzimas, por sua vez, depende do crescimento das populações bacterianas no meio e pode ser negativamente afetada pelos taninos (LONGLAND, et al., 1994). Em contrapartida, existe uma relação inversa entre a variação da concentração de amônia no meio de incubação e de produção de gases, em função da amônia captada pelas bactérias para síntese de suas proteínas (HUNTINGTON, 1999). Jung (1989), já cita que a liberação de amônia deve variar conforme o tecido examinado, a espécie e a idade da planta. Neste trabalho não houve influencia significativa da idade sobre a produção de volume de gás e liberação de amônia em 48 horas. Já entre as espécies, as leguminosas mucuna preta e feijão guandu apresentaram as maiores liberações de amônia, e em contraponto, os menores volumes de produção de gás em 48 horas, enquanto estilosantes Campo Grande apresentou valores inversos. Quando o PEG foi incluído, a liberação de amônia foi menor sem o PEG, reforçando a idéia de que taninos aumentam a perda de proteína endógena e inibem a atividade microbiana (MAKKAR et al., 1995; MCNEILL et al., 1998). Kaitho et al. (1998) também citam que compostos secundários das plantas, como os taninos e lignina, quando em concentrações mais altas, diminuem a digestibilidade e retenção de nitrogênio, modificando a fermentação ruminal.

A aderência e colonização das bactérias às partículas de alimento é um processo primário e necessário para a degradação dos alimentos no rúmen (WEIMER, 1996) e pode ser afetado por vários fatores, incluindo a presença de compostos fenólicos. Longland et al. (1994), indica que taninos condensados podem reduzir a digestibilidade da fibra e alterar a cinética da fermentação ruminal de leguminosas. Neste estudo, as maiores aderências foram apresentadas àquelas leguminosas que apresentavam um alto teor de tanino condensado e LDA, refletindo isto na produção de gás, a qual diminuiu, e na liberação de N-amoniacal, que aumentou, mas somente foi encontrado correção significativa entre LDA e aderência como já

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observado por McAllister et al. (1994), os quais afirmam que fatores relacionados ao substrato, como grau de lignificação e proteção da cutícula formam uma barreira a adesão e degradação. Paciullo (2002) também relata que características comuns as gramíneas tropicais, como o alto teor de lignina e a elevada espessura da parede celular, aliado a sua estrutura anátomo histológica, inibem a aderência e a acessibilidade dos microorganismos ruminais as partículas do alimento e, consequentemente, a degradação da forrageira. Além de observado que para estas leguminosas, a aderência bacteriana apresentou um baixo valor, assim como baixa produção de gás, constata-se que a presença de lignina estava influenciando no processo de aderência e assim, diminuindo a degradabilidade da MO

Embora os teores de taninos condensados encontrados neste estudo sejam considerados baixos pela literatura (<50g/kg de MS), houve diferença quando avaliado o efeito do tanino nas leguminosas tropicas sobre os parâmetros da cinética de fermentação. Foi observado que, quando sem a inclusão do PEG, o lag time foi maior, também podendo atribuir a causa aos taninos, por estarem prejudicando a aderência das bactérias às partículas de substrato. Isto já havia sido constatado por Varel & Jung. (1986), os quais observaram que a presença de compostos fenólicos interfere diretamente na adesão de microorganismos à carboidratos estruturais.

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