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CAPÍTULO I: ANÁLISES DO PROEJA COM BASE NA PERSPECTIVA ONTOMETODOLÓGICA

1.2 DELIMITAÇÃO E PROCESSO DO OBJETO DE ESTUDO A demanda social por políticas públicas na área da Educação de

Jovens e Adultos no Brasil é elevadíssima. O Censo Escolar de 2013 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) de 2011, indica que o Brasil tem uma população de 56,2 milhões de pessoas com mais de 18 anos que não frequentam a escola e não têm o Ensino Fundamental concluído. O Documento Base PROEJA (BRASIL, 2009), fundamentado em dados da PNAD/IBGE de 2003, concebe que é necessário garantir Alfabetização, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação Profissional a 62 milhões de jovens adultos que não tiveram as condições objetivas para realizar a formação em nível de Educação Básica nas idades da infância e da adolescência. Diante disso, os Institutos Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (IF) foram convocados a implantar o PROEJA em 2005. Desde então essas instituições passaram a atuar também com a Educação Básica integrada à Educação Profissional na modalidade da Educação de Jovens e Adultos, mesmo que, ao longo de suas histórias, muitas dessas instituições não tivessem atuado na modalidade da EJA.

Conforme os Documentos Base PROEJA (BRASIL, 2009) e (BRASIL, 2009a), o PROEJA surgiu com um duplo propósito: primeiro, oferecer inclusão educacional e elevação do índice de escolaridade da população demanda de EJA no BRASIL que sofre percurso descontínuo de recebimento de Educação Básica; para isso, pretende-se assumir a EJA como campo de conhecimento específico. Em segundo lugar, proporcionar Educação Básica sólida, integrada à Educação Profissional, formação integral do educando, voltada para a perspectiva de vivência do pensamento crítico e de realização de processo de emancipação social.

Constitui como grande desafio do PROEJA integrar três áreas da educação: Educação Básica, Educação Profissional a Educação de Jovens e Adultos. Também constitui como grande desafio ao PROEJA oferecer efetivamente condições para a permanência e a conclusão com qualidade da Educação Básica integrada à Educação Profissional na modalidade da Educação de Jovens e Adultos, capaz de contribuir para a melhoria das condições de vida e participação social, política, cultural e no mundo do trabalho, de jovens e adultos trabalhadores e de filhos de trabalhadores. Para o PROEJA cumprir com esses desafios que lhes são imputados, é imprescindível transformar esse Programa em política educacional pública do Estado.

O PROEJA sinaliza para a possibilidade de efetivação de uma Educação Profissional e Tecnológica comprometida com a formação de um sujeito com autonomia intelectual, ética, política e humana. Com isso, concebe-se uma

[...] política de educação e qualificação profissional, não para adaptar o trabalhador e prepará-lo de forma passiva e subordinada ao processo de acumulação da economia capitalista, mas voltada para a perspectiva da vivência de um processo crítico, emancipador e fertilizador de outro mundo possível (BRASIL, 2009, p. 32). Está impresso nos princípios dessa política educacional de integração da Educação Profissional à Educação Básica na modalidade da Educação de Jovens e Adultos, oferecida nas etapas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, entre outros aspectos, que ela não se constitua apenas em caráter de terminalidade de estudos, mas que também possa servir como instrumento impulsionador para o alcance do nível superior de educação. Outro princípio dessa política educacional incide no aspecto de poder contribuir para o rompimento com a educação estabelecida exclusivamente para atender aos ditames do mercado capitalista, para isso necessita superar a condição dos programas focais, fragmentados, imediatistas, assistencialistas e de puro treinamento centrado na empregabilidade.

Segundo o Documento Base PROEJA (BRASIL, 2009), há milhões de pessoas que convivem cotidianamente com condições de oferta e de permanência precárias; com má qualidade de ensino e com uma modalidade educacional desvalorizada socialmente. A ausência de oportunidades concretas para vivenciar trajetórias de sucesso no sistema educacional acaba por culpabilizar a vítima, ou seja, cada sujeito, por mais uma história de fracasso. Isso revela a urgência de tratamento não fragmentado, mas totalizante e integrado, caso contrário o PROEJA se constituirá como mais um programa que mantém excluída a população jovem e adulta trabalhadora do sistema educacional (BRASIL, 2009).

Outro aspecto desta perspectiva – Educação Professional integrada à Educação Básica na modalidade da Educação de Jovens e Adultos – aponta para a noção de política educacional com a capacidade de proporcionar Educação Básica sólida, em vínculo estreito com a formação profissional, isto é, a formação integral do educando. Essa formação pensada compreende o trabalho como princípio educativo, numa perspectiva do trabalho que não se deve pautar pela ocupação profissional diretamente, mas pelo entendimento de que homens e mulheres produzem sua condição humana pelo trabalho e, ao mesmo tempo, pela ação do trabalho, transformam o mundo e a si próprios.

O PROEJA é anunciado como política educacional de inclusão, integração, de formação integral do ser humano, de formação omnilateral com base no trabalho como princípio educativo, para promover integração da Educação Básica com a Educação Profissional na modalidade da Educação de Jovens e Adultos às pessoas jovens e adultas trabalhadoras. A partir dessa enunciação, perguntamo-nos se, como política educacional de formação profissional, de formação para o trabalho, no contexto da sociabilidade e de crise do capitalismo que produz sucessivamente desemprego, pode significar uma alternativa para uma formação humana de inclusão e integração. Em caso de assim se constituir, como se desenvolve a efetivação desse Programa educacional a partir de tal proposta e com esse campo de possibilidades? Ou não seria apenas mais um Programa em um contexto de uma política educacional para formar para o não emprego? E, no caso de assim ser, não teríamos um paradoxo? Porque o trabalho, sob a dominação do capital, requer uma negação dessa forma de trabalho nessa organização de modo de produção por apresentar características inerentes à relação capital-trabalho que apregoa em tal sociabilidade uma significativa e contundente expressão de alienação e estranhamento, inerente a seu ser. Com base no atual contexto da educação brasileira, inserida na sociabilidade capitalista, do contexto de implantação e implementação do PROEJA como proposta educacional e de formação de jovens e adultos trabalhadores e de filhos de trabalhadores, como já anunciamos, esta pesquisa teve o objetivo geral de investigar a implantação e implementação do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) nos Institutos Federais em Santa Catarina, bem como compreender a realidade educacional desse programa no contexto dessas instituições educacionais. Em outras palavras, o escopo/a finalidade aqui foi de investigar como o Programa PROEJA, nomeado como uma política educacional, e seus desdobramentos têm se configurado no cotidiano das instituições educacionais ofertantes, entendendo que explicar um dado fenômeno implica ir além de sua manifestação empírica, ir além de sua aparência, e isso significa entendê-lo em suas múltiplas determinações. Assim, a mera aparência das proposições do PROEJA apresentada na documentação que serve de base para a implantação dos cursos (proposta do Governo Federal) não é suficiente para dar conta da explicação do fenômeno em sua complexidade.

Torna-se necessário acompanhar o desdobramento do Programa no contexto das Instituições que procuram efetivá-lo, tanto no aspecto

das propostas dos cursos, como pela concretização dos cursos na prática dos professores, gestores educacionais e alunos. Enfim, foi necessário verificar como acontece a efetivação do Programa, entre o que é proposto pelas instâncias governamentais e o que é realizado no cotidiano das instituições proponentes. Nessa direção, nossas unidades de análises foram os Institutos Federais de Santa Catarina que oferecem o programa em foco, com o intuito de analisar a integração da Educação Profissional à Educação Básica na modalidade da Educação de Jovens e Adultos.

Partimos da hipótese de que o Programa de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade da Educação de Jovens e Adultos está constituindo-se no interior das instituições educacionais proponentes como uma educação pobre para os pobres e que visa a atender os interesses do capital a partir de uma educação voltada para o mercado capitalista e que contribui para a manutenção da hegemonia burguesa. Assim, o percurso deste estudo teve como base algumas perguntas centrais: na complexidade educacional como se compreende a integração da Educação Básica à Educação Profissional na modalidade da EJA? Quais são seus antecedentes históricos e quais implicações reais – e não somente formais – na formação dos trabalhadores? Como se configura essa formação integral no contexto de crise do capital e do constante desemprego gerado por seu próprio movimento? No contexto da prática cotidiana dos estudantes e professores – proposta anunciada como inovadora –, não estaria sendo realizada tão somente como mais uma das práticas pedagógicas que possuem a função exclusiva de atender aos interesses do capital?

Com base nessa hipótese, a tese defendida é a de que o PROEJA proposto como política educacional para o desenvolvimento de formação humana integral, no atual contexto da educação brasileira, estaria conformando-se como uma política educacional de função compensatória, de reparação de dívidas educacionais e sociais que historicamente o Estado Brasileiro vem acumulando com segmentos populacionais pertencentes à classe trabalhadora. Nessa linha de pensamento, na tentativa de compensação dessas dívidas históricas com a classe trabalhadora, na sua essência, estaria mantendo as desigualdades sociais e a exploração da classe trabalhadora, na medida em que se constitui em formação de recursos humanos para o aumento da produtividade, para a incessante produção de mais valor para a reprodução do capital. Isso significa, dentre outros elementos, aprofundar o ser da Educação de Jovens e Adultos para entender a

gênese do PROEJA, como uma das mediações dessa proposta político- educacional e como se expressa nessa singularidade a relação entre educação e trabalho.

A experiência associada à reconhecida oferta de educação de qualidade dos Institutos Federais credenciou-os como o lugar importante para a implantação do PROEJA. Apesar de fazermos uma análise do oferecimento dessa política educacional em todo o país, o foco de nossa análise está nos cursos de PROEJA oferecidos pelos Institutos Federais no Estado de Santa Catarina, com destaque principal nos cursos de PROEJA do Instituto Federal Santa Catarina, Campus Florianópolis e Campus Florianópolis Continente, locus de realização da pesquisa de campo. Com o objetivo de compreender e explicar os mais diferentes aspectos da realidade do PROEJA do Instituto Federal Santa Catarina, Campus Florianópolis e Campus Florianópolis Continente, o referencial orientador desta investigação, como indicado anteriormente, foi a ontologia crítica, por considerarmos o método adequado a nossos objetivos e porque nos fornece as ferramentas necessárias e poderosas para o entendimento da origem, do desenvolvimento, das estruturas e do mecanismo de funcionamento da relação social dominada pelo capital, sobrepujando uma análise que se reduza a averiguar a aparência fenomênica e a indicar soluções no nível formal ou ilusórias. Tal perspectiva ontometodológica constitui ferramenta imprescindível para delinear alternativas capazes de auxiliar efetivamente para a superação dessa sociabilidade, de suas contradições e limitações para o desenvolvimento integral da generidade humana.

Como apontamos anteriormente, a presente pesquisa circunscreve-se no campo científico do complexo educacional e teve como objetivo investigar a implantação e implementação do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) nos Institutos Federais em Santa Catarina, bem como compreender a realidade educacional desse programa no contexto dessas instituições educacionais.

E em um levantamento dos cursos de PROEJA oferecidos pelos Institutos Federais em Santa Catarina, constatou-se que são atualmente oferecidas duas modalidades de cursos: os de Formação Inicial e Continuada Ensino Fundamental (PROEJA FIC), e Cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Ensino Médio.

Segundo Brasil (2009a), a modalidade de PROEJA-FIC/Ensino Fundamental consiste em curso profissionalizante integrado às séries finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano). Tem como finalidade

oferecer a integração de conhecimentos de formação geral e formação inicial e continuada mediante a metodologia de ensino da Educação de Jovens e Adultos (EJA) aos sujeitos sociais que não tiveram acesso à formação escolar na denominada idade própria. Visa constituir-se em uma “[...] proposta pedagógica que contemple em sua organização curricular a dimensão do trabalho e a elevação de escolaridade tendo como referência o perfil dos estudantes e suas experiências anteriores” (BRASIL, 2009a, p. 31).

A modalidade de PROEJA Cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Ensino Médio objetiva o oferecimento de “[...] educação básica sólida, em vínculo estreito com a formação profissional, ou seja, a formação integral do educando” (BRASIL, 2009, p. 35). Utilizando a modalidade de ensino da EJA, o PROEJA tem em vista oferecer continuidade de estudos às pessoas com 18 anos ou mais, que não concluíram o Ensino Médio, e contribuir para a formação integral e integração social ao mundo do trabalho. E mais, segundo o Documento Base PROEJA (BRASIL 2009), afirma-se que, pela oferta dessa modalidade de PROEJA, se estará proporcionado formação aos jovens e adultos trabalhadores com o potencial de contribuir para a realização da leitura crítica da realidade social, política, econômica cultural e do mundo do trabalho, em vista de sua inserção e atuação no mundo do trabalho de “[...] forma ética e competente, técnica e politicamente, visando à transformação da sociedade em função dos interesses sociais e coletivos especialmente os da classe trabalhadora” (BRASIL, 2009, p. 35).

O andamento do processo de investigação foi constituído para responder ao problema da pesquisa, ou seja, compreender a oferta da integração da Educação Básica à Educação Profissional na modalidade da EJA, como proposta de formação humana integral no atual contexto da educação brasileira e seus desdobramentos na vida cotidiana dos sujeitos envolvidos no seu oferecimento e na vida cotidiana dos sujeitos que estão recebendo essa política educacional. As referências necessárias para a construção e investigação do objeto de estudo foi baseada na análise de múltiplas fontes, como leis, decretos, pareceres, resoluções, entre outras. Foram efetuadas análise documental, análise de dados estatísticos de matrículas de estudantes, análise bibliográfica e análise da coleta de dados de pesquisa de campo realizada por meio de entrevistas.

Temos a compreensão de que a apreensão da realidade acontece mediada por categorias conceituais e que na base destas, subentendidas ou expressas formalmente, está presente

[...] um conjunto de crenças que orientam a práxis e nos permitem transitar pelo mundo objetivo, embora, muitas vezes, não tenhamos clareza suficiente desse fato na imediaticidade da vida cotidiana. Não obstante, entendemos que a captura do movimento do real e sua reprodução como atividade reflexa do pensamento, mediante determinadas categorias, é o objetivo da atividade do conhecimento, do ato de conhecer (CISNE, 2014, p. 45).

O levantamento que realizamos sobre os cursos de PROEJA oferecidos em Santa Catarina pelos Institutos Federais apresentou a seguinte relação de cursos:

1. Instituto Federal Santa Catarina (IFSC)

PROEJA FIC: Operações Básicas em Cozinha, Operações Básicas em Serviços de Restaurante e Bar, Eletricista: Instalador Domiciliar, Eletricista, Costura Industrial, Informática Básica, Produção e Processamento de Frutas, Fabricação Mecânica, Auxiliar em Agroecologia, Técnicas de Agricultura Familiar e Auxiliar de Escritório. PROEJA Educação Profissional Técnica de Nível Médio – Ensino Médio: Técnico em Enfermagem, Técnico em Hospedagem, Técnico em Cozinha, Técnico em Auxiliar de Cozinha, Técnico em Panificação e Confeitaria, Técnico em Serviços de Restaurante e Bar, Técnico em Eletromecânica e Técnico em Vestuário.

2. Instituto Federal Catarinense (IFC)

PROEJA FIC: Qualificação em Agroindústria, Turismo Integrado, Auxiliar de Cozinha, Aprendizagem em Informática e Qualificação Básica em Agroindústria.

PROEJA Educação Profissional Técnica de Nível Médio – Ensino Médio: Técnico em Hospitalidade e Lazer, Técnico em Agroindústria, Técnico em Turismo, Técnico em Agropecuária, Técnico em Informática e Técnico em Agropecuária.

Segundo Torriglia (2004), o conhecimento amplia o campo do desconhecido e nos lança constantemente a abarcar o “[...] sentido da categoria de aproximação provisória na qual o objeto de estudo não se esgota, ao contrário, se dilata” (TORRIGLIA, 2004, p. 39, grifos no original), isso significa também que o limite temporal e espacial do objeto de estudo

[...] não anula o movimento da história, que é imprescindível para compreender os fenômenos. Em outras palavras, o limite não comprime o objeto, ele se apresenta enriquecido pelo próprio movimento que a história lhe outorga em sua tarefa de contextualização e concretude (TORRIGLIA, 2004, p. 39).

O universo de oferecimento dos cursos de PROEJA pelos Institutos Federais em Santa Catarina é muito espaçoso e demandou o recorte que consideramos necessário e possível para realização de sua abrangência. Desse modo, optamos por realizar a pesquisa de campo, efetuada por meio de entrevistas e análise dos projetos pedagógicos de cursos em relação aos cursos ofertados pelo Instituto Federal Santa Catarina Campus Florianópolis (IFSCCF) e pelo Instituto Federal Santa Catarina Campus Florianópolis Continente (IFSCCFC): Curso PROEJA Técnico em Enfermagem, oferecido pelo IFSCCF, e Curso PROEJA Técnico em Serviços de Restaurante e Bar, Curso PROEJA Técnico em Panificação e Confeitaria, Curso PROEJA Técnico em Hospedagem, Curso PROEJA Técnico em Cozinha, Curso PROEJA Técnico em Gastronomia, Curso PROEJA FIC em Operações Básicas de Cozinha e Curso PROEJA FIC em Serviços de Restaurante e Bar, oferecidos pelo IFSCCFC em parcerias com a Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina (SED), com a Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis e com o IFSCCF.

A escolha por esse universo para a realização das entrevistas e análise dos projetos pedagógicos de cursos não desconsidera a importância dos demais cursos PROEJA oferecidos em outros Campi do IFSC, nem os diferentes cursos PROEJA ofertados pelo IFC. E a razão para essa delimitação espacial incide na probabilidade real de realização das entrevistas e obtenção dos projetos pedagógicos de cursos para análise, visto que a proximidade de nossa residência com o IFSCCF e o IFSCCFC oferece maiores condições para agendar as entrevistas com os alunos, professores, coordenadores pedagógicos e gestores dos cursos de PROEJA. Também justifica tal escolha espacial a não disponibilidade de recursos de financiamento para gastos com despesas de transporte, hospedagem, alimentação, entre outros, para viajar e poder entrevistar outros sujeitos do PROEJA dos demais cursos de outros campi dos referidos Institutos Federais, além de falta de disponibilidade de tempo razoável para a realização da pesquisa. Justificamos ainda que a escolha por essa delimitação espacial, em

nossa avaliação, de maneira alguma comprometeu a delimitação do objeto de estudo e da captação de sua abrangência para as pretensões de investigação traçadas nesta pesquisa.

Inicialmente, realizamos o trabalho de pesquisa com as fontes primárias e secundárias centrada basicamente nos Documentos Base do PROEJA (BRASIL, 2009) e (BRASIL, 2009a), no Decreto nº 5.154/2004, Decreto nº 5.478/2005, Decreto nº 5.478/2006, entre outros, e nas produções oriundas do Edital nº 03/2006/PROEJA- CAPES/SETEC, de autoria de Castro (2011), Castro, Machado e Vitorette (2010), Castro, Machado e Alves (2010), Lima Filho, Silva e Deitos (2011), Lima Filho, Cêa e Deitos (2011), Lima Filho (2010), Zanardini, Lima Filho e Silva (2012), Franzoi, Hypolito, Ficher, Del Pino e Santos (2010), Silva (2013), Machado e Oliveira (2010), Moura e Pinheiro (2010), Moura e Baracho (2010), Maron (2013) Maron e Lima Filho (2012), entre outros, e com as demais produções na área, como, por exemplo, de Shiroma e Lima Filho (2011), Frigotto, Ciavata e Ramos (2005), Coan (2008), Garcia e Ramos (2013), Machado (2011), Ramos (2007), Ricarte, Lira e Moura (2010), Silva (2012), Silva e Silva (2012).

Após a pesquisa com as fontes primárias e secundárias, iniciamos o procedimento da pesquisa de campo com análise dos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs) e realização de entrevistas semiestruturadas direcionadas por um roteiro previamente elaborado com questões abertas para coletar os dados com alunos, professores, coordenadores pedagógicos e gestores dos cursos. O roteiro que orientou as entrevistas foi elaborado com base em estudos e pesquisa das fontes primárias e secundárias (Apêndices). Para compreender de maneira mais ampla possível os aspectos determinantes da configuração dos cursos de PROEJA analisados, estabelecemos um conjunto de questões organizadas em eixos temáticos dos quais destacamos: Recursos e fontes de financiamentos, e financiamento de infraestrutura: obras e equipamentos; Formação inicial e continuada dos profissionais da educação; Integração educacional e trabalho como princípio educativo; Condições de trabalho dos profissionais da educação; Trajetória formativa dos estudantes.

Estabelecemos como critério da pesquisa de campo entrevistar quatro professores de cada curso – dois da Formação Geral e dois da Formação Profissional –, dois alunos de cada curso, os coordenadores pedagógicos dos cursos e os gestores coordenadores dos cursos. No total, foram realizadas 37 entrevistas, agendadas previamente de maneira totalmente voluntária, com treze professores, doze alunos, oito

coordenadores pedagógicos e quatro gestores de cursos. As entrevistas