• Nenhum resultado encontrado

pacientes com doença de Chagas crônica do Hospital Universitário de Brasília (estudo DCCHUB)

Após a assinatura do TCLE, foi feita uma entrevista com os participantes, com preenchimento de uma ficha de coleta de dados e coleta de amostra de sangue para os testes moleculares. Além disso, foi agendada consulta cardiológica para a avaliação clínica e a realização do primeiro exame de ECG e ecocardiograma bidimensional, bem como do ecocardiograma speckle tracking. Durante o seguimento, os participantes foram agendados para a avaliação clínica e ecocardiográfica anual. Para os participantes sintomáticos, foram facultadas consultas rotineiras de acordo com a necessidade clínica.

A Figura 7 sintetiza como foi feita a inclusão e o acompanhamento dos participantes desta pesquisa.

Figura 7. Fluxograma de inclusão e acompanhamento dos participantes do estudo

Os pacientes foram entrevistados pelos alunos de doutorado participantes do projeto e avaliados em consulta clínica inicial pela equipe da infectologia, quando foram preenchidas as fichas de coleta de dados (apêndice A). Foram obtidas informações adicionais dos prontuários dos pacientes para complementação de dados de exames realizados anteriormente. A coleta de amostra sanguínea foi realizada com tubo EDTA, anticoagulante recomendado, e encaminhadas ao laboratório multidisciplinar de DC.

Cada participante foi submetido ao seguinte protocolo geral sistematizado de exame: anamnese e exame físico geral, com tomada da pressão arterial e da frequência cardíaca em decúbito supino; caracterização clínico-antropométrica – medida de peso e altura em balança clínica (marca Filizola); traçado do ECG; ecocardiograma; e exames complementares

adicionais quando necessário ou como parte do estudo. Os participantes foram avaliados no tempo inicial, no mês 6 e no mês 12, com realização de consulta ambulatorial na cardiologia, onde foi avaliado o surgimento de novos sintomas e a classe funcional segundo a New York Heart Association (NYHA) (Dolgin; Fox, 1994) (Quadro 1). Após realização do primeiro ecocardiograma e gravação dos vídeos para análise posterior do strain off line por meio do método speckle tracking, foi agendado o procedimento seguinte.

As variáveis do estudo incluíram dados sociodemográficos (idade, sexo, escolaridade, estado civil, renda familiar, situação empregatícia, procedência, local de moradia, local provável de infecção); queixas clínicas (dor no peito, falta de ar, constipação, disfagia); hábitos de vida (tabagismo, etilismo, sedentarismo); comorbidades autorreferidas (diabetes, hipertensão, tuberculose, hepatite crônica, doenças reumatológicas; uso autorreferido de medicamentos, inclusive o benznidazol; exame físico completo, incluindo pressão arterial sistêmica, frequência cardíaca e exames cardiovascular, pulmonar e digestivo. A avaliação dos hábitos de vida foi baseada nos questionários do IBGE e do Ministério da Saúde usados na Pesquisa Nacional de Saúde no Brasil, elaborada pela equipe desse grupo, Ministério da Saúde e IBGE (IBGE, 2007).

As formas clínicas foram classificadas em indeterminada, cardíaca, digestiva e mista, de acordo com os critérios do II Consenso Brasileiro de DC (Dias et al., 2016). Na forma crônica indeterminada, definida como a ausência das síndromes clínicas predominantes da moléstia, há positividade sorológica e/ou parasitológica para DC; ocorre ausência de sintomas e/ou sinais da moléstia; e o ECG convencional encontra-se normal, assim como os estudos radiológicos de coração, esôfago e cólon.

Os pacientes com forma cardíaca foram classificados inicialmente de acordo com os critérios da Sociedade Brasileira de Cardiologia (Andrade et al., 2011):

estágio A: pacientes sem sintomas presentes ou pregressos de IC e com ECG e radiografia de tórax normais;

• estágio B: pacientes com cardiopatia estrutural que nunca tiveram sinais ou sintomas de IC. Esse estágio se divide nos Estágios B1 e B2. No B1, estão os pacientes com alterações no ECG, mas sem disfunção ventricular. No B2, encontram-se os pacientes que já apresentam disfunção ventricular;

• estágio C: pacientes com sintomas prévios ou atuais de IC e com disfunção ventricular;

• estágio D: pacientes com sintomas de IC em repouso, refratários ao tratamento clínico maximizado e necessitando de intervenções especializadas e intensivas.

Nos pacientes com disfunção ventricular esquerda (estágios C e D), foi utilizada também a classificação baseada na intensidade dos sintomas, conforme proposto pela New York Heart Association (Dolgin; Fox, 1994) (Quadro 1).

Quadro 1. Classificação funcional da NYHA

Classe l Ausência de sintomas (dispneia) durante atividades cotidianas. A limitação para esforços é semelhante à esperada em indivíduos normais

Classe ll Sintomas desencadeados por atividades cotidianas

Classe lll Sintomas desencadeados em atividades menos intensas que as cotidianas ou pequenos esforços

Classe lV Sintomas em repouso

A forma digestiva pode ser subdividida em esofagopatia, colopatia e outras. O paciente pode ter sintomas de disfagia sem relação com dilatação ou sintomas relacionados a dificuldade de esvaziamento e de dilatação. A colopatia produz meteorismo, disquesia, obstipação e fecalomas. O diagnóstico é realizado por clister opaco e esofagograma.

A forma mista corresponde à associação das complicações cardíacas e digestivas.

A radiografia do tórax e o ecocardiograma convencional foram realizados de acordo com a rotina do HUB. A forma digestiva foi avaliada por meio dos sintomas atuais de constipação e disfagia e do resgate de eventuais exames anteriores nos prontuários. O clister opaco e esofagograma foram

obtidos do prontuário, sendo considerados válidos aqueles realizados por até um ano da inclusão.

Amostras de sangue foram testadas para a detecção quantitativa do DNA do T. cruzi, utilizando-se a técnica de qPCR e o sistema de dissociação ou curva de dissociação realizada no final dos ciclos de amplificação da qPCR para pico indicando a presença de integração do kDNA. Essa curva indica o ponto correspondente à temperatura de dissociação dos iniciadores específicos para as sequências-alvo pesquisadas (Marcon et al., 2002).

Documentos relacionados