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3. CASUÍSTICA E MÉTODOS

3.4 Delineamento experimental

Após a inclusão do paciente no estudo, foram coletadas as informações demográficas (idade, gênero, cor da pele), os dados antropométricos (peso e altura) e informações referentes a história clínica prévia ao tratamento, sendo estas: presença de comorbidades; como hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM) e obesidade; consumo de álcool; tabagismo; cirrose hepática; classificação da cirrose de acordo com o escore Child-Turcotte-Pugh; estágio de fibrose hepática; presença de manifestações clínicas que permitiam o diagnóstico de cirrose (varizes esofágicas, ascite, esplenomegalia); ocorrência de manifestações extra-hepáticas; história de tratamento prévio para o HCV e tipo de resposta ao último tratamento realizado; subgenótipo do vírus HCV e carga viral prévia ao tratamento. Além disso, verificou-se a ocorrência de transplante de fígado prévio ao tratamento, desenvolvimento de carcinoma hepatocelular (CHC), transplante renal e realização de hemodiálise. A partir dos valores de peso e altura, realizou-se o cálculo do índice de massa corporal (IMC) e a classificação de acordo com os intervalos preconizados pela OMS. Foram considerados obesos os indivíduos com IMC acima de 30,0 (WHO, 2000). Com relação às MEHs, DM tipo 2 e insuficiência renal não foram consideradas MEHs da hepatite viral C pela dificuldade de se estabelecer temporalidade e causalidade entre as condições.

Na apresentação dos resultados, foram considerados o último tratamento realizado pelo paciente e a respectiva resposta obtida. Foram considerados não respondedores os pacientes cujos fármacos foram descontinuados durante o tratamento por não atingirem resposta virológica e indivíduos que apresentaram HCV RNA detectável ao final da terapia. Caracterizou-se como recidivantes os pacientes que alcançaram carga viral indetectável durante o tratamento, mantiveram o HCV RNA abaixo do limite de detecção até o final do mesmo e que apresentaram carga viral detectável após o fim da terapia (AASLD, 2016; EASL, 2015).

Para o estadiamento da doença hepática e verificação do estágio de fibrose hepática, levaram-se em consideração os resultados da biópsia ou da elastografia hepática, o cálculo dos índices APRI e FIB4 ou a presença de manifestações que permitiam diagnóstico de cirrose (varizes esofágicas, ascite e esplenomegalia). Para cada paciente, foram seguidos os critérios de estadiamento da doença hepática adotados pelo médico no momento da solicitação do tratamento.

Foram levantados ainda os resultados dos seguintes exames laboratoriais relevantes: alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST), quantificação de plaquetas, gama glutamil transferase (gama-GT), albumina, bilirrubina total (BT), tempo de protrombina (TP), creatinina e carga viral pré- tratamento do vírus HCV. Consideraram-se os valores dos últimos exames coletados antes do início do tratamento. A partir dos valores de BT, creatinina e do índice normalizado internacional (INR), calculou-se o escore MELD.

O cálculo da taxa de filtração glomerular (TFG) foi realizado por meio da equação CKD-EPI creatinina: 141 × min (SCr/κ, 1)α × max (SCr/κ, 1)-1,209 × 0,993Idade [ × 1,018 se mulher] [ × 1,159 se negro]. Onde, SCr corresponde a creatinina sérica (em mg/dl), κ é substituído por 0,7 para mulheres e 0,9 para homens, α é substituído por -0,329 para mulheres e -0,411 para homens, min corresponde ao mínimo de SCr/κ ou 1, e max é o máximo de SCr/κ ou 1 (KDIGO, 2012). Após o cálculo da TFG, os pacientes foram classificados segundo as categorias apresentadas na tabela 3.

Tabela 3 – Categorização da TFG1 a partir da equação CKD-EPI creatinina. Categorias TFG (ml/min/1,73m2)

G1 Normal ou alta ≥ 90

G2 Levemente diminuída 60 – 89

G3a Levemente a moderadamente diminuída 45 – 59

G3b Moderadamente a severamente diminuída 30 – 44

G4 Severamente diminuída 15 – 29

G5 Falência renal < 15

1TFG: taxa de filtração glomerular. Fonte: KDIGO, 2012.

Os pacientes foram acompanhados por meio dos prontuários registrados em cada consulta durante o uso dos DAA para verificação da incidência de reações adversas. Acompanharam-se os valores dos exames de creatinina, hemoglobina, plaquetas e neutrófilos, para verificação de possíveis alterações renais ou hematológicas, decorrentes do tratamento. A ocorrência de anemia foi definida como hemoglobina sérica inferior 13,9 g/dL para homens e inferior a 12,0 g/dL para mulheres. Neutrófilos abaixo de 1.700/mm3 de sangue caracterizaram a neutropenia. Plaquetopenia foi definida como número de plaquetas inferior a 150.000/mm3 de sangue. Sobre os pacientes que já apresentavam número reduzido de hemoglobina e plaquetas previamente ao tratamento, considerou-se anemia e trombocitopenia, como

reação aos DAA, qualquer queda da contagem de hemoglobina e plaquetas em relação ao valor pré-tratamento. Disfunção renal foi definida como elevação da creatinina sérica para valores superiores a 1,5 mg/dL. Para pacientes que já apresentavam valores de creatinina acima da referência, realizou-se uma comparação entre o valor prévio ao tratamento e o maior valor encontrado durante a terapia com os DAA, e qualquer elevação foi classificada como piora da função renal. Foram adotados os mesmos valores de referência considerados pelo HCFMRP-USP.

Com relação ao tratamento com os DAA, foram coletadas as seguintes informações: esquema terapêutico proposto a cada paciente, duração do tratamento e datas de início e fim do mesmo. A fim de verificar-se a resposta à terapia, a quantificação do HCV-RNA (carga viral) foi realizada na quarta semana de terapia, ao final do tratamento e na 12ª e 24ª semanas após o fim do tratamento. Para pacientes tratados por 12 semanas, a carga viral de final de tratamento foi coletada na 12ª semana de terapia. No caso de pacientes que receberam terapia por 24 semanas, a coleta da carga viral de final de tratamento foi realizada na 24ª semana de terapia.

Os esquemas terapêuticos foram elaborados de acordo com as necessidades de cada paciente e eram compostos por SOF em associação com DCV ou SMV, por 12 ou 24 semanas. O SOF foi utilizado na dose de 400 mg, 1 vez ao dia; SMV foi utilizado na dose de 150 mg, 1 vez ao dia; e DCV foi utilizado na dose de 60 mg, também 1 vez ao dia. O acréscimo de RBV aos regimes SOF + DCV e SOF + SMV, foi realizado em casos de pacientes com cirrose hepática e pacientes com resposta nula à terapia prévia (EASL, 2015). A posologia recomendada de RBV foi de 11mg/kg/dia, porém, também poderia ser administrada na dose diária de 1000 mg para pacientes com peso inferior a 75kg e de 1250 mg para pacientes com peso superior a 75kg (BRASIL, 2015c).

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