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3. METODOLOGIA

3.3. Delineamento de pesquisa

A estratégia de pesquisa escolhida foi o estudo de caso que, segundo Trivinos (1987) e Collis e Hussey (2005), constitui modelo adotado em pesquisas de caráter descritivo e/ou exploratório. De acordo com Yin (2001), os estudos de caso constituem investigações empíricas que costumam pesquisar fenômenos contemporâneos, dentro do seu contexto da vida real. Os estudos de caso, segundo esse autor, geralmente apresentam mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e por isso baseiam-se em várias fontes de evidências. A coleta e a análise de dados, sob esta estratégia de pesquisa, deve estar respaldada pelo desenvolvimento prévio de proposições teóricas que amparem o processo analítico (YIN, 2001; GIL, 1996). Como limitação deste processo de pesquisa, os autores consideram a possibilidade exclusiva de generalizações analíticas, uma vez que se adota uma teoria previamente desenvolvida como modelo com o qual se deve comparar os resultados empíricos.

Neste estudo optou-se pelo método de estudo múltiplo de casos, o qual, segundo Yin (2001), pode prover provas resultantes mais robustas que o estudo de caso único, respeitando as limitações deste tipo de estudo, pelo que se adota a lógica da replicação, em que os casos

determinado problema (TRIVIÑOS, 1987), tendo em vista o número relativamente baixo de trabalhos existentes sobre a questão do impacto e avaliação da presença de professores visitantes em programas de pós-graduação e institutos de pesquisa.

Com relação à perspectiva temporal, a pesquisa se enquadra como transversal com aproximação de corte longitudinal (BABBIE, 1998), pois serão abordados, durante as entrevistas, temas e fatos passados que melhoram a compreensão do contexto atual.

O nível de análise da pesquisa é relacional, uma vez que o foco está na relação cooperativa estabelecida por meio do estabelecimento de programas de professor/pesquisador visitante. Assim sendo, a unidade de análise refere-se ao programa de professor visitante em si.

3.3.1. Coleta dos dados

Os dados foram coletados por meio de visitas com as instituições receptoras e entrevistas com os coordenadores dos programas de pós-graduação e IP’s selecionados, com os professores visitantes e outros indivíduos cujos depoimentos acrescentaram informações relevantes para a pesquisa. Foram ainda coletados documentos e objetos que corroboraram os achados na coleta de dados primários e/ou trouxeram novas evidências aos casos em foco. Esses primeiros passos forneceram informações que permitiram maior conhecimento sobre o objeto de estudo. Para Stablein (2001, p.66) dados “são representações [...] que podem ser usados pelos pesquisadores para representar aspectos da realidade organizacional”.

Outros passos posteriores que ocorreram referem-se a realização de novas entrevistas, nos casos em que se julgou necessário adicionar novas informações, corroborar informações adquiridas anteriormente e esclarecer eventuais dúvidas.

Ressalta-se que nos estudos qualitativos, “são preferíveis poucas fontes, mas de qualidade, a muitas, sem relevo” (DUARTE, 2005, p.68). Neste caso, a quantidade de entrevistados não teve o significado de representatividade estatística, ou seja, a preocupação central esteve relacionada com a capacidade que os entrevistados possuíam de fornecer informações confiáveis e que apresentassem certa importância para a investigação.

Em suma, os dados foram coletados a partir do contato do pesquisador com as universidades e IP’s, ou seja, o campo de investigação. A pesquisa de campo, para Fachin (2001, p.133) “trabalha com observação dos fatos sociais colhidos do contexto natural – são formas de um problema meramente observado, sem qualquer interferência-, apresentados simplesmente como eles se sucedem em determinada sociedade”. As evidências foram então

coletadas (1) por meio de entrevistas, (2) análise de documentos (fonte de dados secundários) e (3) observação direta (nos casos possíveis).

Para Duarte (2005, p.63), “o uso de entrevistas permite identificar as diferentes maneiras de perceber e descrever os fenômenos”. As entrevistas pessoais, de acordo com Gil (1999), proporcionam respostas mais seguras, uma vez que eventuais dúvidas por parte do entrevistado podem ser prontamente esclarecidas.

A análise de documentos, ou de outros dados secundários – “dados coletados com outros propósitos não relacionados com a pesquisa” (STABLEIN, 2001, p.68) – auxiliaram especialmente a corroborar evidências obtidas de outras fontes, bem com a compreender fatos passados, registrado em forma de textos e documentos. Por fim, cabe salientar que em algumas situações, muitos dos elementos do fenômeno de interesse estavam disponíveis para a observação (YIN, 2002).

3.3.2. Seleção dos entrevistados

O critério para a seleção dos casos consistiu no edital lançado pela diretoria executiva da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico do Paraná (especificamente a publicação dos resultados da aprovação na 1º e 2º chamadas) para solicitação de apoio financeiro para o primeiro e segundo semestres do ano corrente (2008) para o Programa de Apoio a Pesquisador Visitante1. Logo, a seleção dos entrevistados foi intencional tendo como base o programa referenciado.

Assim, foram selecionados dez casos, sendo sete deles relacionados a vinda de pesquisadores para programas situados nas universidades e três relacionados a vinda de pesquisadores para institutos de pesquisa. Dos casos, apenas um deles foi da segunda chamada do edital lançado. Os demais são casos da primeira chamada do edital (dos nove casos da primeira chamada, todos foram estudados. Além de um caso da segunda chamada).

O fato de ter selecionado os projetos submetidos ao mesmo edital justifica-se, pois todos os casos estiveram sujeitos às mesmas regras o que, de certa forma, auxilia no estabelecimento de comparações, e atribuirá maior consistência aos resultados finais desta pesquisa.

3.3.3. Tratamento dos dados

Para Garcia e Carrieri (2001, p.91) “a coleta de dados e a sua interpretação são consequências de uma coerência teórico-metodológica e de uma coerência epistemológica na construção da pesquisa [...]”. Buscando a coerência exigida nos estudos de caso, foram atendidos os procedimentos de validação e de confiabilidade:

 As condições de validade concernem à capacidade dos instrumentos e a sua utilização apropriada fornecerem os achados que o pesquisador se propôs a obter. Esta pode ser alcançada pela construção metodológica, “ao estabelecer certa relação entre o arcabouço teórico, a questão de pesquisa, perguntas e critérios de seleção dos entrevistados” (DUARTE, 2005, p.68). Outro fator que auxilia a assegurar a validade dos resultados da pesquisa refere-se à triangulação de dados, que ocorre por meio da obtenção de múltiplas fontes de evidências (WEISS, 1994);

 A confiabilidade encontra-se relacionada ao rigor metodológico, certificando que, reproduzidos os procedimentos, os resultados serão os mesmos (DUARTE, 2005). Sugere-se descrever detalhadamente os passos seguidos na operacionalização da coleta de dados e a utilização coerente e consistente das informações obtidas.

Para a análise e interpretação dos dados utilizou-se a análise de discurso nos casos em que foi necessário realizar uma contextualização sóciotemporal dos casos. Quando este procedimento não foi requerido, utilizou-se somente a análise de conteúdo.