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Foi realizada uma investigação de natureza qualitativa ancorada no referencial teórico-metodológico da dialética. A pesquisa qualitativa busca as singularidades e os significados dos fenômenos, assim como os aspectos que os tornam específicos (qualidade). O método qualitativo se preocupa com a dimensão sociocultural do fenômeno ―que se expressa por meio de crenças, valores, opiniões, representações, formas de relação, simbologias, usos, costumes, comportamentos e práticas‖ (MINAYO, 2017, p. 2).

A abordagem qualitativa pressupõe a investigação de fenômenos humanos, repletos de singularidades, permitindo a atribuição de significados aos fatos e às pessoas em interações sociais que podem ser descritas e analisadas e não mensuradas quantitativamente (BOSI, 2012). Adota uma perspectiva de análise de fenômenos que reconhece a pluralidade cultural e a relevância dos sujeitos, incluindo a voz dos atores sociais (BOSI, 2012).

Na pesquisa qualitativa, os pesquisadores ressaltam ―a natureza socialmente construída da realidade, a íntima relação entre o pesquisador e o estudo e buscam soluções para questões que realçam o modo como a experiência social é criada e adquire significado para as pessoas‖ (SOUSA; ERDMANN; MAGALHÃES, 2016, p.

99-100). Esse tipo de investigação ―envolve uma abordagem naturalista e

interpretativa pela qual os pesquisadores estudam as coisas em seus cenários naturais, tentando entender ou interpretar os fenômenos em termos dos seus significados‖ (SOUSA; ERDMANN; MAGALHÃES, 2016, p. 100). As experiências de vida são essenciais para compreender determinada circunstância e possibilita ―aos pesquisadores analisar e revelar novos significados e entendimentos que estão enraizados nas vivencias das pessoas‖ (SOUSA; ERDMANN; MAGALHÃES, 2016, p. 101). Os resultados da pesquisa qualitativa podem nortear atos de cuidado, arranjos da prática em saúde e enfermagem, recriação de estilos de cuidado e de ver o mundo sob uma perspectiva multifocal e complexa (SOUSA; ERDMANN; MAGALHÃES, 2016).

Segundo Minayo (2012), a pesquisa qualitativa relaciona-se com a valorização dos significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes,

correspondendo a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que vão além da operacionalização de variáveis.

Adotou-se o ―estudo de caso‖ como estratégia de investigação. Segundo Yin (2015), o método de estudo de caso tem como objetivo analisar uma unidade social buscando responder ―como‖ e ―por que‖ os fenômenos ocorrem, sendo, portanto, coerente com a proposta deste estudo. Assim, a natureza do problema e os detalhes do fenômeno a ser analisado justificam a escolha da realização de um estudo de caso, dentro da perspectiva de se preocupar em detalhar e descrever em profundidade determinado fenômeno. Desse modo, a estratégia é adequada quando se trata de questões nas quais estão presentes fenômenos contemporâneos inseridos em contextos da vida real, contribuindo de forma inigualável para compreensão de fenômenos complexos, nos níveis individuais, organizacionais, sociais e políticos (YIN, 2015).

Yin (2015) acrescenta que o estudo de caso é utilizado como estratégia adequada quando se trata de questões inseridas no contexto de vida real e diária, contemplando pesquisas que buscam compreender fenômenos complexos, como estudos organizacionais. O estudo de caso é descritivo e interpretativo porque se propõe a conhecer e descrever a realidade do campo pesquisado, assim como os fenômenos, e analisá-lo para, depois, interpretá-lo.

Em investigações nas quais o estudo de caso é utilizado, o pesquisador é levado a considerar as múltiplas inter-relações dos fenômenos específicos por ele observados. O estudo de caso é constituído por um estudo amplo e exaustivo de um ou poucos objetos, permitindo conhecimento detalhado e amplo. Este método contribui expressivamente para esclarecer fenômenos que ocorrem em situações muito complexas e não possibilitam utilizar outros delineamentos (YIN, 2015).

Os estudos de caso enfatizam a interpretação em contexto para a compreensão da manifestação geral de um problema, devem ser considerados alguns elementos, como as ações, as percepções, os comportamentos e as interações das pessoas. Esses elementos devem ser relacionados à situação específica em que ocorrem ou à problemática determinada à qual se encontra ligada. Os estudos de caso buscam retratar a realidade de forma completa e profunda; o pesquisador busca revelar a situação ou problema em sua totalidade e, portanto, revelando sua multiplicidade e dimensões (LUDKE; ANDRÉ, 2013).

Adota-se, neste estudo, o referencial teórico-filosófico da Dialética como estratégia de conhecimento da realidade. A opção por esse referencial revela o entendimento de que a natureza e a sociedade vivem movimentos contínuos e permanentes de transformações e de superação das contradições pela práxis. O método dialético apresenta uma concepção de homem, de sociedade e da relação homem–mundo que privilegia a historicidade e a autoria dos sujeitos sociais (MINAYO, 2012).

A opção por este referencial parte da tentativa de compreender o fenômeno de forma crítica, considerando o contexto social, uma vez que a relação do fenômeno com a vida social consiste em um processo de movimento permanente na sociedade e engloba tanto os aspectos históricos quanto as transformações e superações das contradições entre a prática social e a estrutura social.

A dialética contempla três princípios: a especificidade histórica, a totalidade e

a união de contrários. Goldmann (1980) aponta que tudo quanto ultrapassa o

indivíduo para atingir a vida social constitui acontecimento histórico, explicando, assim, a especificidade histórica. A totalidade pode ser entendida como o princípio que conduz a investigação e a análise dos fatos, no qual se deve apreender os fenômenos em sua autorrelação e heterorrelação, em suas relações com a multiplicidade de seus próprios ângulos e de seus aspectos intercondicionados, em seu movimento e desenvolvimento, em sua multiplicidade e condicionamentos recíprocos por outros fenômenos ou grupos de fenômenos (JOJA, 1964, p.53). O terceiro princípio da dialética é a união dos contrários, presente na totalidade e nas partes dela em vários movimentos de entrelaçamento e de conflitos (MINAYO, 2012). Desse modo, a dialética contribuiu para evidenciar as contradições presentes no cotidiano das enfermeiras que atuam e aprendem na AD.

Segundo Minayo (2012), é necessário o detalhamento das formas de investigação do objeto de estudo. Segundo essa autora, o trabalho de campo é uma importante possibilidade de aproximação com o que se quer conhecer, como também de propiciar a criação de conhecimentos a partir da realidade presente no campo de estudo.

A seguir, estão descritos a trajetória metodológica, o cenário da pesquisa, os participantes do estudo, as estratégias de coleta e de análise de dados e as questões éticas.