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5.2 Métodos

6.2.2 Demanda energética na operação de semeadura do milho

Conforme mencionado anteriormente, as avaliações da demanda energética da operação de semeadura do milho foram realizadas no segundo ano de condução do experimento, quando se trabalhou com três linhas de semeadura espaçadas de 0,90 m e seis espaçadas de 0,45 m, ou seja, a semeadora-adubadora foi mantida com a mesma largura de trabalho para ambos os espaçamentos entrelinhas.

6.2.2.1 Velocidade de deslocamento

Não foram verificadas diferenças estatísticas na velocidade média de deslocamento na operação de semeadura em função dos tratamentos de manejos do solo, espaçamentos entrelinhas na cultura do milho e nas interações entre estes fatores (Tabela 12), o que pode ser explicado pelo superdimensionamento do trator utilizado para a realização desta operação. O superdimensionamento pode influir significativamente sobre os resultados obtidos, dificultando a visualização de certas diferenças entre os tratamentos estudados.

Silva (2004) também não encontrou diferenças estatísticas entre os sistemas de manejo e entre os espaçamentos entrelinhas na velocidade de semeadura. No entanto nas interações entre os fatores, esse autor obteve maior velocidade de semeadura do milho no plantio direto com espaçamento de 0,90 m e no preparo reduzido com espaçamento de 0,45 m entrelinhas, concluindo que a menor profundidade de deposição de sementes resultou em maior velocidade de deslocamento da operação de semeadura.

Tabela 12. Velocidade média de deslocamento (km h-1) na operação de semeadura do milho em dois sistemas de manejo do solo e dois espaçamentos entrelinhas.

Sistemas de manejo do solo Espaçamento

entrelinhas PD PR Média espaçamento

90 5,07 aA 5,06 aA 5,06 a

45 5,10 aA 5,01 aA 5,05 a

6.2.2.2 Força na barra de tração

Nas Tabelas 13 e 14 estão contidos os resultados da força média e máxima na barra de tração, respectivamente, obtidos na semeadura do milho nos diferentes sistemas de manejo do solo, espaçamentos entrelinhas e nas interações entre estes fatores. Constata-se que o sistema plantio direto teve menor requerimento de força na barra de tração diferindo-se do preparo reduzido, que proporcionou um aumento de 25,3% e 26,7% na força média e máxima. Também foram observadas diferenças estatísticas entre os espaçamentos entrelinhas, tendo o espaçamento de 0,45 m exigido 35% e 29,5% a mais de força, média e máxima respectivamente, na barra de tração em relação ao espaçamento de 0,90 m.

Nas interações, verifica-se que, tanto no plantio direto como no preparo reduzido, quando se utilizou o espaçamento de 0,45 m entrelinhas, maior foi a exigência de força na barra de tração, média e máxima (Tabelas 13 e 14, respectivamente), diferindo-se estatisticamente do espaçamento de 0,90 m. Isto decorre do maior número de unidades de semeadura utilizado no espaçamento de 0,45 m, que aumentou o peso da semeadora-adubadora e também o número de órgãos ativos para corte da palhada e abertura de sulcos no solo para deposição de sementes e adubos, aumentou o número de rodas de controle de profundidade e de rodas compactadoras, o que pode ter ocasionado maior resistência ao rolamento. Estes resultados discordam dos observados por Silva (2004), que obteve diferenças apenas no preparo reduzido, com menor força média no espaçamento de 0,45 m em função da menor profundidade de semeadura. No entanto esse autor trabalhou com quatro unidades de semeadura para o espaçamento de 0,90 m entrelinhas e seis unidades para o espaçamento de 0,45 m, aumentando em 50% o número de unidades de semeadura, enquanto que nesse experimento foram utilizadas três, espaçadas a 0,90 m e seis a 0,45 m, representando um aumento de 100%, o que pode justificar a discrepância entre os dois estudos.

Observa-se ainda que o sistema plantio direto exigiu menor força, média e máxima, na barra de tração em ambos os espaçamentos entrelinhas, tendo diferido estatisticamente do preparo reduzido. A maior exigência de esforço de tração com a semeadora no preparo reduzido pode ser atribuída à rugosidade superficial do solo decorrente da mobilização realizada pela operação de escarificação. Além disso, o empolamento do solo no preparo reduzido resultou no afundamento dos rodados da semeadora e conseqüentemente,

aumentou sua resistência ao rolamento. Resultados semelhantes foram obtidos por Levien (1999) e Piffer (2008).

Tabela 13. Força média (kgf) na barra de tração na operação de semeadura do milho em dois sistemas de manejo do solo e dois espaçamentos entrelinhas.

Sistemas de manejo do solo Espaçamento

entrelinhas PD PR Média espaçamento

90 624,27 bB 778,97 bA 701,62 b

45 839,38 aB 1.054,33 aA 946,85 a

Média manejo 731,83 B 916,65 A

Tabela 14. Força máxima (kgf) na barra de tração na operação de semeadura do milho em dois sistemas de manejo do solo e dois espaçamentos entrelinhas.

Sistemas de manejo do solo Espaçamento

entrelinhas PD PR Média espaçamento

90 799,00 bB 1.018,00 bA 908,50 b

45 1.040,63 aB 1.313,25 aA 1.176,94 a

Média manejo 919,81 B 1.165,63 A

6.2.2.3 Potência na barra de tração

Na operação de semeadura do milho o sistema plantio direto proporcionou menor demanda de potência média (Tabela 15), diferindo-se estatisticamente dos valores observados no preparo reduzido, concordando com os resultados obtidos por Levien (1999) e Piffer. (2008). Ressalta-se ainda que a semeadura em solo escarificado, comparada à realizada em sistema plantio direto, promoveu um aumento de 23,8% e 25,4% na potência média e máxima, respectivamente. Também foram notadas diferenças estatísticas entre os espaçamentos entrelinhas, tendo o espaçamento de 0,45 m exigido 34,6% e 29,1% a mais de potência média e máxima, respectivamente, em relação ao espaçamento de 0,90 m.

Como a velocidade média de deslocamento apresentou valores próximos e não diferiu entre os tratamentos, os resultados observados de requerimento de potência se devem principalmente às diferenças observadas na força de tração na barra, decorrentes das diferentes condições de superfície do solo entre os sistemas de manejo e pela variação do número de unidades de semeadura entre os espaçamentos entrelinhas, como

explicado anteriormente. Mahl (2002) verificou que o aumento de velocidade de deslocamento do conjunto trator semeadora provocou o aumento dos valores de potência e que as diferenças estatísticas no requerimento de potência foram semelhantes aos de força de tração na barra.

Nas interações, constata-se que, tanto no plantio direto como no preparo reduzido, quando se utilizou o espaçamento de 0,45 m entrelinhas maior foi a exigência de potência, média e máxima (Tabelas 15 e 16, respectivamente), diferindo-se estatisticamente do espaçamento de 0,90 m. Observa-se ainda que o sistema plantio direto requereu menor potência média na barra de tração em ambos os espaçamentos entrelinhas, tendo diferido estatisticamente do preparo reduzido. A potência máxima requerida não diferiu estatisticamente entre os sistemas de manejo do solo no espaçamento de 0,90 m, porém foi 27,5% maior no preparo reduzido em relação ao plantio direto. No espaçamento de 0,45 m, os dados obtidos revelaram diferenças estatísticas na potência máxima requerida entre os sistemas de manejo, onde os tratamentos com escarificação mostraram valores superiores àqueles observados no plantio direto. Silva (2004) não observou diferenças no requerimento de potência em função das interações entre manejos de solo e espaçamentos entrelinhas.

É importante ressaltar que a operação de semeadura do milho exigiu uma potência máxima de 18 kW, aproximadamente, e o trator utilizado tinha potência de 89 kW, ou seja, foi exigido do trator apenas 20% de sua capacidade, indicando o seu superdimensionamento para a realização desta operação.

Tabela 15. Potência média (kW) na barra de tração na operação de semeadura do milho em dois sistemas de manejo do solo e dois espaçamentos entrelinhas.

Sistemas de manejo do solo Espaçamento

entrelinhas PD PR Média espaçamento

90 8,62 bB 10,74 bA 9,68 b

45 11,67 aB 14,38 aA 13,02 a

Média manejo 10,14 B 12,56 A

Tabela 16. Potência máxima (kW) na barra de tração na operação de semeadura do milho em dois sistemas de manejo do solo e dois espaçamentos entrelinhas.

Sistemas de manejo do solo Espaçamento

entrelinhas PD PR Média espaçamento

90 11,03 bA 14,06 bA 12,55 b

45 14,47 aB 17,92 aA 16,19 a

6.2.2.4 Capacidade de campo efetiva

Em decorrência da invariabilidade da velocidade de deslocamento e da manutenção da largura de trabalho da semeadora-adubadora para todos os tratamentos (2,70 m), a capacidade de campo efetiva obtida na operação de semeadura do milho não diferiu estatisticamente entre os sistemas de manejo do solo, espaçamentos entrelinhas e nas interações entre esses fatores (Tabela 17).

Silva (2004) observou que o espaçamento de 0,90 m resultou numa capacidade de campo efetiva 24,5% superior à observada com espaçamento de 0,45 m. Entretanto, esse resultado decorreu principalmente da diferença na largura de trabalho da semeadora-adubadora para cada espaçamento, pois o autor utilizou 3,60 m para o espaçamento de 0,90 m e 2,70 m para o espaçamento de 0,45 m.

Mahl (2002) verificou maior capacidade de campo efetiva na operação de semeadura no sistema plantio direto, em relação ao preparo com escarificação, concluindo que a patinagem dos rodados do trator interferiu neste parâmetro, ou seja, quanto maior o grau de desagregação do solo durante o manejo, menor seria a capacidade operacional do conjunto motomecanizado. A autora relata ainda que, o aumento da velocidade de deslocamento na operação de semeadura de milho de 4,4 para 8,0 e 9,8 km h-1, permitiu aumentar em 83 e 125% a capacidade de campo efetiva, respectivamente.

Tabela 17. Capacidade de campo efetiva (ha h-1) na operação de semeadura do milho em dois sistemas de manejo do solo e dois espaçamentos entrelinhas.

Sistemas de manejo do solo Espaçamento

entrelinhas PD PR Média espaçamento

90 1,37 aA 1,37 aA 1,37 a

45 1,38 aA 1,35 aA 1,37 a

Média manejo 1,37 A 1,36 A

6.2.2.5 Tempo efetivo demandado

Assim como a capacidade de campo, o tempo efetivo demandado para semeadura do milho também não diferiu entre o plantio direto e o preparo reduzido, entre o

espaçamento de 0,90 e 0,45 m entrelinhas, e nas interações entre sistemas de manejo e espaçamento entrelinhas (Tabela 18). Silva (2004) também não verificou diferença no tempo efetivo demandado entre os sistemas de manejo do solo, porém obteve maiores valores no espaçamento de 0,45 m, em função da menor largura de trabalho da semeadora-adubadora, em relação ao espaçamento de 0,90 m.

Tabela 18. Tempo efetivo demandado (h ha-1) na operação de semeadura do milho em dois sistemas de manejo do solo e dois espaçamentos entrelinhas.

Sistemas de manejo do solo Espaçamento

entrelinhas PD PR Média espaçamento

90 0,73 aA 0,73 aA 0,73 a

45 0,73 aA 0,74 aA 0,73 a

Média manejo 0,73 A 0,74 A

6.2.2.6 Consumo específico de energia por área

As diferenças verificadas nos resultados apresentados para consumo específico de energia por área, obtidos na operação de semeadura do milho nos diferentes sistemas de manejo do solo, espaçamentos entrelinhas e nas interações entre estes fatores (Tabela 19), se devem, principalmente, à potência requerida na barra, pois o tempo efetivo demandado não diferiu em função dos tratamentos e das interações entre eles.

Como se pode constatar na Tabela 19, o consumo específico de energia por área na operação de semeadura foi 25% menor no sistema plantio direto, diferindo-se estatisticamente dos valores observados no preparo reduzido, concordando com os resultados obtidos por Levien (1999). A semeadura do milho com espaçamento de 0,45 m entrelinhas resultou em um consumo específico de energia por área superior, em aproximadamente 35%, e estatisticamente diferente do observado no espaçamento de 0,90 m, concordando com os resultados obtidos por Silva (2004).

Nas interações, verifica-se que, tanto no plantio direto como no preparo reduzido, quando se utilizou o espaçamento de 0,45 m entrelinhas maior foi consumo de energia, diferindo-se estatisticamente do espaçamento de 0,90 m. Observa-se ainda que o

sistema plantio direto consumiu menos energia em ambos os espaçamentos entrelinhas, tendo diferido estatisticamente do preparo reduzido.

Tabela 19. Consumo específico de energia por área (kWh ha-1) na operação de semeadura do milho em dois sistemas de manejo do solo e dois espaçamentos entrelinhas.

Sistemas de manejo do solo Espaçamento

entrelinhas PD PR Média espaçamento

90 6,30 bB 7,86 bA 7,08 b

45 8,47 aB 10,64 aA 9,55 a

Média manejo 7,38 B 9,25 A

6.2.2.7 Consumo de combustível

Os valores de consumo horário de combustível na operação de semeadura do milho estão demonstrados na Tabela 20, onde se verifica que o sistema plantio direto proporcionou um consumo horário de combustível 18% menor, diferindo-se estatisticamente do preparo reduzido. Estes resultados podem ser atribuídos a maior força de tração exigida pela semeadora devido à maior resistência ao rolamento em condições de solo escarificado. Também Levien (1999) observou menor consumo horário de combustível no sistema plantio direto em relação ao preparo reduzido.

O espaçamento de 0,45 m entrelinhas proporcionou valores de consumo horário de combustível estatisticamente superiores àqueles obtidos com 0,90 m entrelinhas, o que pode estar relacionado com o maior número de unidades de semeadura no espaçamento de 0,45 m. Esses resultados discordam dos obtidos por Silva (2004), que não observou diferenças estatísticas no consumo horário de combustível entre os sistemas de manejo do solo e entre os espaçamentos de 0,90 e 0,45 m entrelinhas.

Na operação de semeadura, em ambos os espaçamentos foram observadas diferenças estatísticas no consumo horário de combustível entre os sistemas de manejo do solo, tendo o plantio direto resultado em menor consumo. No preparo reduzido ocorreu diferença estatística entre os espaçamentos, com maior consumo verificado no espaçamento de 0,45 m entrelinhas. No sistema plantio direto, o consumo horário de combustível não diferiu em função dos espaçamentos entrelinhas, discordando dos resultados

relatados por Silva (2004), que obteve valores estatisticamente superiores com o espaçamento de 0,45 m no plantio direto.

Tabela 20. Consumo horário de combustível (L h-1) na operação de semeadura do milho em dois sistemas de manejo do solo e dois espaçamentos entrelinhas.

Sistemas de manejo do solo Espaçamento

entrelinhas PD PR Média espaçamento

90 8,83 aB 10,35 bA 9,59 b

45 9,30 aB 11,02 aA 10,16 a

Média manejo 9,07 B 10,69 A

O consumo de combustível por área na operação de semeadura do milho não diferiu em função dos espaçamentos entrelinhas, tendo sido influenciado apenas pelos sistemas de manejo do solo (Tabela 21). Pode-se observar que o consumo por área foi maior na semeadura em solo escarificado, diferindo-se dos valores observados no plantio direto. Resultados semelhantes foram relatados por Levien (1999). Ainda na Tabela 21 verifica-se que, tanto no espaçamento de 0,90 m como no de 0,45 m, o sistema plantio direto proporcionou menor consumo de combustível por área semeada.

Tabela 21. Consumo de combustível por área (L ha-1) na operação de semeadura do milho em dois sistemas de manejo do solo e dois espaçamentos entrelinhas.

Sistemas de manejo do solo Espaçamento

entrelinhas PD PR Média espaçamento

90 6,48 aB 7,59 aA 7,04 a

45 6,76 aB 8,15 aA 7,45 a

Média manejo 6,62 B 7,87 A

Diferenças quanto aos valores da demanda energética podem ser atribuídas às variações na classe, granulometria, teor de água e densidade do solo, cobertura e uso anterior, profundidade de trabalho, velocidade de deslocamento, constituição do equipamento empregado e também em relação ao trator utilizado (tipo de tração e de pneus, pressão de inflação dos pneus, potência do motor, massa total e distribuição de peso, composição e temperatura do combustível, bem como alterações no sistema de injeção de um mesmo trator com o decorrer das horas de uso). De acordo com Levien (1999), estes fatores

nem sempre estão relatados nos trabalhos científicos, dificultando uma discussão mais aprofundada das causas da disparidade entre os resultados encontrados por diferentes autores.

6.3 Avaliações referentes à cobertura vegetal do solo