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1 INTRODUÇÃO

2.4 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

Conforme afirmam Padoveze e Benedicto (2010), embora a DVA não seja obrigatória para todas as entidades, é considerada essencial para a integração da organização com a sociedade, tendo como principal objetivo demonstrar a criação de valor econômico agregado pelos produtos e serviços oferecidos pela entidade e sua respectiva distribuição, dividindo-se em duas partes, sendo a primeira a demonstração do valor adicionado gerado e a segunda a apresentação do valor adicionado distribuído.

Em concordância com este ponto de vista, Almeida (2013) descreve que a DVA é uma demonstração que se originou na Europa, por influência direta da Inglaterra, França e Alemanha, e que é constantemente exigida a nível internacional, considerando a recomendação transmitida pela Organização das Nações Unidas (ONU). Verifica que a DVA demonstra a riqueza gerada por determinada entidade e de que forma a mesma realizou a distribuição desta riqueza perante os empregados, governos, acionistas, credores e outros, indicando também quanto deste valor ficou retido na empresa.

De forma complementar, Perez Junior e Begalli (2015) verificam que a formação de riqueza, ou seja, valor adicionado gerado, se encontra por meio de criação da própria entidade ou recebida em transferência de outras organizações. A visualização de riqueza gerada pela empresa é mensurada pela venda de mercadorias, produtos e serviços, outras receitas e a constituição ou reversão de provisão para créditos de liquidação duvidosa, após a subtração dos insumos adquiridos de terceiros.

Quanto à distribuição do valor adicionado, Ribeiro (2013) explica que as informações devem ser minimamente detalhadas de acordo com os agentes econômicos que contribuíram para a formação da riqueza gerada a partir do desenvolvimento das atividades da empresa, especificada em subgrupos, definidos como pessoal e encargos, impostos, taxas e contribuições, juros e aluguéis, juros sobre o capital próprio e dividendos e lucros retidos ou prejuízos do exercício, classificando as forças que proporcionam a criação de riquezas, como funcionários, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela desta riqueza não destinada dentro do período verificado.

Portanto, é possível confirmar que através da elaboração da DVA, torna-se capaz a mensuração dos artifícios criados pela empresa para pagar os agentes econômicos envolvidos no processo de desenvolvimento das suas atividades. Isto pode ser conferido através de (Marion 2015, p. 495):

Se subtrairmos das vendas todas as compras de bens e serviços, teremos o montante de recursos que a empresa gera para remunerar salários e acionistas, juros, impostos, e reinvestir em seu negócio. Estes recursos financeiros gerados levam-nos a contemplar o montante de valor que a empresa está́ agregando (adicionando) como consequência de sua atividade. O Valor Agregado corresponde ao PIB da empresa. A soma de todos os Valores Agregados das empresas daria o PIB do país.

Conforme verificam Perez Junior e Begalli (2015), o valor adicionado gerado pela empresa é obtido após a visualização da diferença entre o valor das vendas realizadas no período e dos insumos adquiridos de terceiros. Portanto, pode-se notar que a DRE é a principal fonte de informação para elaboração da DVA. Em sequência, a elaboração da DVA permite a visualização quanto à contribuição da empresa para formação do PIB, o seu nível de contribuição para a riqueza regional ou setorial, a verificação de contribuição com a sociedade através do pagamento de impostos ao governo e a mensuração do nível em que a mão de obra contribui para a geração da riqueza dentro da organização.

São evidenciados os conceitos das principais contas da DVA de acordo com as considerações de Ribeiro (2013):

Receitas: Contempla a soma total das vendas de mercadorias, produtos e

serviços, outras receitas, receitas relativas à construção de ativos próprios e constituição ou reversão de perdas estimadas para créditos de liquidação duvidosa.

Vendas de mercadorias, produtos e serviços: Informa os valores

demonstrados na contabilidade registrados através da utilização do regime de competência e destacados na DRE da entidade. Corresponde ao faturamento total da empresa sem a dedução dos tributos que incidem sobre as receitas obtidas.

Outras receitas: Valores provenientes, principalmente, de baixas por

Alienação de Ativos Não Circulantes, como resultados na venda de Imobilizado, de investimentos e outros. Informam também os valores relativos à construção de Ativos para uso próprio da empresa e aos juros pagos ou creditados destinados aos valores dos ativos de longo prazo.

Receitas relativas à construção de Ativos próprios: São valores que se

referem à construção de ativos para uso próprio da entidade, como por exemplo: materiais, mão de obra, alugueis e serviços terceirizados.

Provisão para créditos de liquidação duvidosa – reversão e constituição: Valores relacionados às perdas estimadas com valores a receber que

foram destinadas para o resultado da empresa, bem como sua possível reversão.

Insumos adquiridos de terceiros: Engloba a soma dos custos com

produtos, mercadorias e serviços vendidos, materiais, energia, serviços de terceiros e outros, perda e recuperação de valores ativos e outros insumos.

Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos: Inclui

os valores das matérias-primas compradas de terceiros e compostas no custo do produto vendido, das mercadorias e dos serviços vendidos obtidos de terceiros, juntamente com estes custos devem ser considerados os tributos incluídos no momento das compras, sendo recuperáveis ou não.

Materiais, energia, serviços de terceiros e outros: Considera os valores

relacionados às despesas originadas na utilização de materiais, utilidades e serviços obtidos de terceiros.

Perda e Recuperação de valores ativos: Informa os valores pertinentes a

ajustes por avaliação a valor de mercado de estoques, imobilizados, investimentos, entre outros. Deve considerar também os valores destacados no resultado do exercício referentes à constituição ou reversão de provisão para perdas por desvalorização de Ativos.

Valor adicionado bruto: Demonstra a diferença existente entre o total das

Depreciação, amortização e exaustão: Representa os valores reconhecidos no resultado do período que dizem respeito às despesas com depreciação, amortização e exaustão obtidas pela entidade.

Valor adicionado líquido produzido pela entidade: Informa a diferença

calculada entre o valor adicionado bruto e as despesas com depreciação, amortização e exaustão.

Valor adicionado recebido em transferência: Considera a soma entre as

riquezas geradas por outras empresas, recebidas em transferência.

Resultado de equivalência patrimonial: É o resultado de equivalência

patrimonial, ainda que positivo ou negativo. Quando for negativo (representando despesa), deve ser informado como redução.

Receitas financeiras: Destaca todas as receitas financeiras, inclusive as

variações cambiais ativas computadas pela entidade.

Outras receitas: Informa os dividendos relacionados a investimentos

avaliados ao custo, alugueis, direitos de franquia, entre outros.

Valor adicionado a distribuir: Representa a soma do valor adicionado

líquido produzido pela entidade e o valor adicionado recebido em transferência.

Distribuição do Valor Adicionado: Informa a distribuição do total

encontrado no valor adicionado a distribuir.

Pessoal: Corresponde à parcela de riqueza distribuída aos funcionários da

empresa.

Remuneração direta: É composta pelos valores relativos a salários, 13º

salário, honorários da administração, férias, comissões, horas extras, participação dos empregados nos resultados, entre outros.

Benefícios: Destaca os valores relacionados à assistência médica,

alimentação, transporte, planos de aposentadoria e etc.

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS): Reproduz os valores

depositados em conta vinculada dos funcionários.

Impostos, taxas e contribuições: Esta conta considera todos os valores

relacionados ao Imposto de Renda, Contribuição Social sobre o Lucro, contribuições ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), incluindo o Seguro de Acidentes do Trabalho (SAT) que configurem responsabilidade do empregador, assim como todos os demais impostos e contribuições atribuídos à empresa. Para os impostos

compensáveis, como o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), contribuições ao Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) devem ser considerados somente os valores devidos ou já recolhidos, e demonstram a diferença entre os impostos e contribuições calculados sobre as receitas e os respectivos valores de impostos gerados sobre os itens considerados como “insumos adquiridos de terceiros”.

Federais: Demonstra os tributos devidos à União, tais como o Imposto de

Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição de Intervenção no Domínio Público (CIDE), IPI, PIS, COFINS e a contribuição sindical patronal.

Estaduais: Considera todos os tributos devidos ao estado, como o Imposto

Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e ICMS.

Municipais: Inclui os tributos de competência dos municípios, tais como o

Imposto Sobre Serviços (ISS) e Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU).

Remuneração de Capitais de Terceiros: Representa os valores pagos ou

creditados aos financiadores externos de capital.

Juros: Engloba as despesas financeiras, bem como as variações cambiais

passivas, relacionadas a qualquer empréstimo e financiamento tomado junto às instituições financeiras, empresas do segmento ou outras formas de obtenção de recursos.

Alugueis: Considera os alugueis pagos ou creditados a terceiros, inclusive

as despesas com arrendamento operacional e alugueis adequados aos ativos da empresa.

Outras: Informa outras remunerações que caracterizam transferência de

riqueza a terceiros, ainda que geradas através de capital intelectual, como royalties, franquia, direitos autorais, entre outros.

Remuneração de Capitais Próprios: Valores pertinentes à remuneração

destinada aos sócios e acionistas da entidade.

Juros Sobre Capital Próprio (JCP): Destaca os valores pagos ou

creditados aos sócios e acionistas por meio do resultado do exercício, com exceção dos valores de JCP transferidos para a conta de reserva de lucros.

Dividendos: Representa os valores distribuídos aos sócios e acionistas,

distribuídos com base no resultado do exercício em questão, desconsiderando-se os dividendos destinados com base em lucros acumulados de períodos anteriores, uma vez que os mesmos já foram caracterizados como lucros retidos no exercício em que foram produzidos.

Lucros Retidos e Prejuízos do Exercício: Informa a parcela do lucro do

exercício destinada às reservas, considerando os JCP que foram contabilizados como reservas. No caso da existência de prejuízo no período, o valor deve ser informado com sinal negativo.

Participação dos não controladores nos lucros retidos: Esta informação

somente será apresentada nos casos de consolidação.

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