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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.4 ANÁLISE COMPARADA ENTRE PARÂMETROS BOTÂNICOS DO MEIO

3.5.2 DENSIDADE

Ainda na TAB. 5, observa-se que o número médio de indivíduos por parcela (10m2) e por hectare do meio natural e do topsoil apresentaram diferenças estatísticas significativas pela ANOVA (F = 9,55; p < 10-3). O teste de médias de Tukey (0,05) mostrou estatisticamente que a densidade no meio natural é diferente da do topsoil.

A densidade de indivíduos aos cinco e 12 meses foi maior do que no meio natural, o que se relaciona, provavelmente, à presença de sementes fotoblásticas no material depositado e exposto à luz. Pondere-se também que as espécies pioneiras têm crescimento rápido e completam seu ciclo vital em pouco tempo, caso de Sebastiania glandulosa e Microtea paniculata, que apareceram aos cinco meses já com produção de grande número de diásporas (frutos e sementes) que dominou o ambiente recuperado. A maior densidade no topsoil pode decorrer da entrada de outras espécies mais aptas ao novo ambiente edáfico, como Borreria capitata, o aumento das espécies adaptadas a solos pobres e de rápido crescimento, como as exóticas, em detrimento das espécies que foram excluídas do processo por sua inabilidade de colonização e competição.

A FIG. 8 mostra as relações estabelecidas entre o número de indivíduos por amostragem e altura média.

FIGURA 8 - Número de Indivíduos e Altura Média das áreas amostradas

Nota: Natural=Ambiente de Campo Rupestre; 5 meses=Topsoil com 5 meses de deposição e 12 meses=Topsoil com 12 meses de deposição. Barras verticais representam desvio padrão

O número de indivíduos foi maior na amostragem no topsoil aos cinco meses de deposição e diminuiu na de 12 meses, mostrando-se diferentes do meio natural em área equivelente, de 150m2. Trata-se de vegetação pioneira, que apresenta em geral maior número de indivíduos do que uma população estável e adulta, que se estabiliza ao longo do tempo, quando aumenta a diversidade. As alturas, como esperado, foram maiores no meio natural, diminuíram significativamente na vegetação amostrada no topsoil aos cinco meses, voltando a aumentar aos doze meses. Esse resultado mostra que a vegetação do meio natural se encontra em fase adulta, enquanto as do topsoil estão em processo de crescimento, com plantas que, quando adultas, geralmente não ultrapassam 1m.

Na TAB. 6, observe-se que os valores médios das alturas nos três ambientes apresentam diferenças significativas pela ANOVA (F = 9,95; p < 10-3), sendo distintos entre o meio natural e as parcelas com topsoil pelo teste de médias de Tukey.

TABELA 6

Parâmetros fitossociológicos do Campo Rupestre Ferruginoso (Natural) e das áreas recuperadas após 5 meses e 12 meses com deposição de topsoil,

mina do Segredão, Sabará, MG.

H méd. = Altura média por parcela (2 x 5m); DAS méd. = Diâmetro a altura do solo médio por parcela (2 x 5m); AB amo. = Área basal da amostra; AB = Área basal por hectare. Valores na coluna seguidos da mesma letra não diferem entre si pelo teste de médias de Tukey a 5% de probabilidade.

* Transformação Ln(x).

Observe-se nas TAB. 6 e 7 que somente a densidade, a partir dos resultados, não deve ser usada como único indicador do sucesso e da qualidade da recuperação. O aumento em densidade das áreas, de cinco e 12 meses, não foi revertido em aumento de biomassa (AB e DAS), porte da vegetação (altura) e diversidade, que foi menor e com indícios de que está havendo dominância ecológica de umas poucas espécies em detrimento de outras (equabilidade baixa e predominância de Sebastiania glandulosa, Stachytarpheta glabra, Chaptalia integrifolia, Tibouchina multiflora, Microtea paniculata, Borreria capitata, Baccharis spp.).

Desta forma, os procedimentos de amostragem da vegetação, objetivando o monitoramento do sucesso da recuperação ambiental pela deposição de topsoil em Campos Ferruginosos, devem ser realizados segundo metodologia que permita a obtenção de parâmetros da comunidade de plantas como área basal (biomassa), altura e diâmetro médio além da densidade. Neste sentido, a amostragem com medição de DAS, contagem de indivíduos e altura foi mais eficiente do que a amostragem somente com contagem de indivíduos (FIG. 9).

A riqueza maior nos ambientes recuperados não significa melhora das condições ecológicas. As espécies que só apareceram na amostragem do topsoil são classificadas como espécies pioneiras, ruderais ou exóticas, como mostrado na análise da TAB. 4. Foram mantidas oito espécies do meio natural, cinco ingressaram na amostra e seis são exóticas forrageiras ou tidas como invasoras de ambientes de ampla distribuição e agressivas.

Parâmetros Fitossociológicos Ambientes Área

(ha)

H méd.* DAS méd. AB amo.* AB*

(m) (cm) (m2) (m2/ha)

Natural 0.015 0.48 ± 0.12ª 0.88 ± 0.23a 0.134 ± 0.005a 8.95 ± 5.25a 5 meses 0.015 0.32 ± 0.08b 0.35 ± 0.09c 0.018 ± 0.001b 1,21 ± 1,02b 12 meses 0.015 0.38 ± 0.07b 0.44 ± 0.11b 0.024 ± 0.0008b 1.58 ± 0.80b

ANOVA

F 9.95 63.47 35,10 35,38

FIGURA 9 - Área Basal (colunas) e Diâmetro Médio (linhas pontilhadas) das áreas amostradas

Nota: Natural = Ambiente de Campo Rupestre; 5 meses = Topsoil com 5 meses de deposição e 12 meses = Topsoil com 12 meses de deposição. Barras verticais representam desvio padrão

Considerando-se todos os indivíduos identificados nas parcelas, observa-se que há um aumento significativo do número de espécies, como mostra a TAB. 7.

TABELA 7

Parâmetros florísticos e fitossociológicos do Campo Ferruginoso (meio natural) e das áreas recuperadas após 5 meses e 12 meses com deposição de topsoil,

obtido a partir da contagem dos indivíduos das parcelas

independente do critério de inclusão de DAS mínimo, mina do Segredão, Sabará, MG.

Ambientes

Parâmetros Fitossociológicos Área

S N H' J' Dens .Esp. Nº Ind. méd. Densidade

(ha) (Ind/ha) Natural 0.015 41 1423 2.77 0.74 14.73 ± 2.69 94.87 ± 26.86 b 94867 ± 26864 b 5 meses 0.015 66 2260 2.54 0.61 13.87 ± 3.64 150.67 ± 56.06 a 150667 ± 56057 a 12 meses 0.015 53 1695 2.48 0.64 13.73 ± 3.51 113 ± 28.91 ab 113000 ± 28909 ab ANOVA F - - - - - 0.4 7.68 7.68 P - - - - - Ns 10-3 10-3

S = Riqueza de espécies; N = número de indivíduos na amostra; H’ = Índice de Diversidade de Shannon; J’ = Equabilidade de Pielou; Dens.Esp. = Densidade média de espécies por parcela (2 x 5m); Nº Ind. méd. = Número médio de indivíduos por parcela (2 x 5m). Dados médios ± Desvio padrão. Valores na coluna seguidos da mesma letra não diferem entre si pelo teste de médias de Tukey a 5% de probabilidade.

ns: não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

A TAB. 7 traz todos os parâmetros de riqueza, diversidade e densidade da amostragem considerando a contagem de indivíduos, sem medição de DAS. Este método

de amostragem evidenciou o aumento do número de indivíduos e da riqueza de espécies dos ambientes de topsoil aos cinco e 12 meses em comparação com o ambiente natural, sem, contudo, haver aumento da diversidade (H’). Os menores valores de equabilidade (J’) no topsoil aos 5 e 12 meses evidenciam a concentração do número de indivíduos em poucas espécies, o que denota, provavelmente, a existência de dominância ecológica por algumas espécies, justificando assim a redução dos valores de diversidade desses ambientes frente ao ambiente natural. Conforme comentado anteriormente, este método de amostragem, somente por contagem de indivíduos, evidencia alterações na densidade, riqueza e diversidade, mas não informa sobre outros parâmetros importantes da estrutura da comunidade, como a dominância (área basal) e fisionomia (altura e diâmetro médio), mostrados na FIG. 9.

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