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Depois, distribui o seguinte roteiro, para que os(as) alunos(as) respondam em duplas:

PROPOSTA DE ESTUDO DIRIGIDO

1- Releia a Lira 1 e responda: como o eu lírico (Dirceu) se apresenta para Marília? Comprove, com versos do poema.

3- O que deseja Dirceu mais do que ter posses (as terras e o rebanho de gado)? Comprove com versos da poesia de livro.

4- Qual a visão que Dirceu tem da mulher amada? Dirceu descreve Marília de maneira apaixonada? Justifique. 5- Em quais nomes, exceto os próprios, o poeta utiliza letra maiúscula? E por que você acha que ele se utilizou desse recurso para escrever o poema?

6- Apresente uma paráfrase para cada uma das 4(quatro) estrofes da Lira I.

Sugestão de respostas comentadas

1- O eu lírico apresenta-se como um homem distinto e com recursos próprios, cuja aparência é singular, dife- renciando-se dos demais.

Observação: A fim de explorar os recursos expressivos da linguagem poética e ampliar os sentidos propostos pelo

poema, sugerimos que o(a) professor(a) se valha do que se segue: Características de Dirceu, segundo ele próprio

Dirceu não é um vaqueiro comum, já que toma conta de seu próprio gado. Ele é independente economica- mente, já que subsiste de seus próprios recursos (casal próprio onde trabalha e de onde se alimenta e se ves-

te). É o que comprovam os seguintes versos:

―(...)não sou algum vaqueiro,(v.1) Que viva de guardar alheio gado‖;(v.2)

―Tenho próprio casal, e nele assisto; (v.5) Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; (v.6) Das brancas ovelhinhas tiro o leite, (v.7) E mais as finas lãs, de que me visto‖ (v.8)

Dirceu é um homem cujos hábitos e cuja aparência física o distingue dos tipos mais comuns à sua volta (europeus: ―frios gelos‖; e indígenas: ―dos sóis queimados‖, ambos de ―tosco trato‖ e ―d’expressões grossei- ro‖). Dirceu tem dons artísticos, como tocar um instrumento e compor canções cujas melodias e letras amo-

rosas são tão inspiradas que superam à figura de Alceste* e iguala-se a voz celeste. Veja nestes versos: ―De tosco trato, d’ expressões grosseiro,(v.3)

Dos frios gelos, e dos sóis queimado.(v.4)‖ ―Com tal destreza toco a sanfoninha,(v.14) Que inveja até me tem o próprio Alceste(v.15)

Ao som dela concerto a voz celeste;(v.16) Nem canto letra, que não seja minha,(v.17)‖

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Atenção, professor(a): Explique para a(o) aluno(a) que Alceste é uma figura FEMININA, embora o poema refira-se

a ela no masculino (―o próprio Alceste‖), o que pode ser justificado tanto pela própria ignorância do autor sobre a mito- logia ou por um erro de compilação, que se manteve até o presente momento.

2- Não, porque não há predomínio de linguagem jocosa e/ou irônica, como se constata, tradicionalmente, na lírica satírica. Outro aspecto a ser destacado é o de que a finalidade do eu lírico, nessa poesia de livro, é de- cantar o amor – no caso por Marília - e ele o faz através de recursos expressivos que se relacionam à lírica amorosa e não à sátira.

Observação: É muito importante que o(a) professor(a) oportunize o momento para resgatar e/ou aprofundar o co-

nhecimento sobre as principais características da lírica amorosa, como a idealização do amor puro e do objeto amoroso e a centralidade no sujeito poético. As estratégias expressivas de que se valem os poetas para se manifestarem nesse

campo perpassam, por exemplo, pelo uso das figuras de linguagem (como metáfora, metonímia, antítese, paradoxo, hipérbole, hipérbato, personificação etc.). Cabe ressaltar que essas características se moldam às épocas e anseios de uma determinada geração de escritores, que agrega a elas outros aspectos que passam a englobar certas produções como clássicas, barrocas, árcades, simbolistas, românticas, realistas, modernistas, contemporâneas etc., o que é uma

mera convenção didática na tentativa de aprofundamento teórico sobre o fenômeno do literário.

3- O maior desejo de Dirceu é que Marília se agrade dele: ―Porém, gentil Pastora, o teu agrado/Vale mais q’um rebanho, e mais q’um trono‖.

4- Sugestão de resposta: Dirceu tem uma visão sensual de Marília. Podemos dizer que a descreve apaixonada- mente, se considerarmos a maneira bastante subjetiva que pontua sua descrição, na qual envolve comparações pouco usuais à linguagem objetiva e relacionadas ao campo sensorial (visão, olfato e tato, por exemplo).

Observação: A fim de explorar os recursos expressivos da linguagem poética e ampliar os sentidos propostos pelo

poema, sugerimos que o(a) professor(a) se valha do quadro abaixo:

Quadro 9– Características de Marília. Elaborado pela autora.

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Fonte: A autora.

Características de Marília, segundo o eu lírico

Olhos divinos, que intimida a luz do próprio sol ―Os teus olhos espalham luz divina‖,/ ―A quem a luz do Sol em vão se atreve‖ (vs. 30 e 31)

Faces brancas, com traços delicados ―Papoula, ou rosa delicada, e fina,‖/ ―Te cobre as faces, que são cor de neve.‖ (vs. 32 e 33)

Cabelos loiros ―Os teus cabelos são uns fios d’ouro;‖ (v.34) Corpo bem cheiroso e bonito ―Teu lindo corpo bálsamos vapora.‖ (v.35)

5- Sugestão de resposta: Os nomes são Estrela, Pastora, Sol, Céu e Amor. Resposta individual.

Observação: Após o(a) aluno(a) expor a(s) sua(s) hipótese(s), o(a) professor(a) esclarece sobre a figura de linguagem

denominada como personificação ou prosopopeia. Em seguida, explica que este recurso expressivo era amplamente utilizado nas produções literárias clássicas, para dar voz às figuras destacadas. No caso desse poema, a tradição árca-

de resgata essa prática, com a finalidade de criar uma ambiência em que certos elementos (sol, céu, amor, estrela) reforcem uma das ideias preconizadas pelo movimento literário árcade, que é o restabelecimento de uma vida simples,

equilibrada e harmoniosa. Para isso, recorre à estratégia de trazer à cena poética o bucolismo, enfatizando a vida campesina (ou pastoril) e seus agentes (pastores e pastoras), bem como o resgate de certas personagens relacionadas

à mitologia grega, como Alceste.

6- Sugestão de resposta: Individual.

Observação: O(a) professor(a) explica ao(à)aluno(a) o que é paráfrase. Para acompanhar as respostas dadas,

sugerimos as seguintes paráfrases:

Quadro 10– Paráfrases das estrofes da Lira I, de Cartas chilenas, de Tomás A. Gonzaga.

Fonte: A autora