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Parte 3 Liderança

1. Conceito de Liderança

1.5. Desafios das Lideranças Escolares

A sociedade e a escola encontram-se em constante mudança. A escola atual exige a todos os intervenientes do processo educativo novas formas de atuação. O novo modelo de gestão e administração dos estabelecimentos escolares em vigor, introduzido pelo Decreto-Lei nº 75/2008 de 22 de Abril, modificou a vida nas escolas, houve mudanças ao nível do órgão de direção, com o novo cargo de Diretor, com atribuição de diferentes funções das que tinha o Presidente do Conselho Executivo, no anterior modelo, definido pelo Decreto-Lei nº 115- A/98. Perante este cenário, colocamos a seguinte questão: que tipo de liderança emerge das alterações introduzidas?

Greenfield (2000) diz que

“a liderança torna-se, assim, crítica na administração duma escola porque é o meio mais eficaz pelo qual os professores e outros membros podem ser influenciados a voluntariamente mudar as suas preferências, e é a base fundamental pela qual um administrador pode eficazmente dar resposta e negociar as exigências do contexto que constituem o universo do trabalho do administrador escolar”.

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Azevedo (2003) refere que “deve ser dada muita liberdade de acção aos órgãos competentes de cada escola para que, em cada contexto social preciso, as competências destes órgãos realmente se exerçam” (p. 60). Este autor defende que o líder deve incentivar o trabalho em equipa, criando ambientes facilitadores do processo de ensino aprendizagem com o objetivo de aumentar a qualidade da educação. Enumera algumas características para se ser um bom líder, nomeadamente:

- aprender a ser humilde, a confiar e a ser facilitador do trabalho das várias equipas; - aprender a recolher informação no quotidiano, a estudá-la e a tomar decisões;

- aprender a ensinar, com o seu próprio exemplo e com a sua opinião, o que é a educação;

- aprender a construir uma visão para a melhoria da sua escola e manter um rumo claro para a prosseguir;

- aprender a ser flexível, a negociar, a comunicar permanentemente com os vários intervenientes na vida escolar, sobretudo professores, alunos e pais;

- aprender a ser um animador e a alimentar a esperança na melhoria gradual do desempenho da instituição educativa;

- aprender a acreditar no trabalho em equipa;

- aprender a melhorar o seu desempenho profissional;

- aprender a sistematizar os principais referentes da instituição, normativos e simbólicos, valores e tradições numa cultura própria, capaz de dar sentido ao que cada um faz e ao rumo da instituição.

(Azevedo, 2003: 83-84) A estas características está associada uma liderança onde é incentivada a participação de todos no processo educativo: diretores, pessoal docente, pessoal não docente, alunos, pais, encarregados de educação e a restante comunidade local.

Barroso (2002) alerta-nos para a limitada investigação que existe no nosso país que não permite delinear convenientemente as competências inerentes aos diretores das escolas. Aponta cinco competências fundamentais para as funções de um líder, que vêm completar e explicitar as que já enumerámos:

- “a capacidade para articular uma filosofia para a escola, com a visão do que ela deve ser; - a capacidade para convencer os outros para trabalharem no sentido desta visão;

- a disponibilidade para partilhar responsabilidades de gestão da escola através do incremento da autoridade dos outros;

- fortes competências para enfrentar problemas, o que inclui a capacidade para tomar decisões e actuar rapidamente para resolver problemas;

- capacidade e convicção para gerir o ambiente externo da escola – uma espécie de político destemido capaz de aceitar riscos.”

(Barroso, 2002: 97)

Depois de analisarmos as várias conceções teóricas, podemos concluir que as características comuns encontradas nos diversos autores tentam definir um líder essencial aos desafios com que se deparam hoje em dia as nossas organizações educativas, considerando a liderança como elemento de fundamental relevância para o desenvolvimento organizacional. “O líder é percepcionado como o seu primeiro e principal responsável, como aquele que, possuindo

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uma visão do futuro, deve indicar a direcção a seguir e levar ao desenvolvimento do projecto que enformará (e informará) a acção colectiva” (Costa, 2003 a: 134). O líder necessita olhar para o futuro, assumindo responsabilidades na planificação e execução de projetos, encarando os novos desafios e oportunidades, sempre atento à realidade e às mudanças, de forma a dar as melhores respostas educativas. Neste sentido, tem que dar atenção a uma maior interligação entre o processo pedagógico e o administrativo, consolidando estratégias de relacionamento entre todos os intervenientes do processo educativo, concebendo uma autêntica identidade organizacional.

Compete ainda às nossas escolas assumir a responsabilidade de mudar o rumo da educação, de acordo com as necessidades da sociedade em que se inserem, através de líderes visionários, flexíveis, com iniciativa e abertos à participação de todos, de forma a atingir os objetivos da instituição que dirigem com sucesso e eficácia. Liderar uma organização educativa é estabelecer caminhos, saber lidar com indivíduos com um elevado grau de autonomia, que são os professores, identificar as suas motivações de modo a que o seu lado profissional seja reconhecido, incentivando a sua criatividade e estabelecendo um clima que favoreça a intuição e proporcione o seu desenvolvimento individual.

Temos líderes competentes com capacidade de ouvir, sensíveis e atenciosos aos diversos pontos de vista dos outros, aproximando as pessoas, fortalecendo laços entre elas. Há líderes que antecipam os resultados, que formulam visões do futuro, transmitindo confiança e motivação a todos. Outros negoceiam as diferenças, conseguindo gerar consensos. Nas escolas, há lugar para todos estes perfis, porque é inconcebível agregar numa só pessoa todas as qualidades que podem qualificar uma boa liderança. Se todos trabalharem em equipa, certamente que o desenvolvimento organizacional ficará a ganhar.

O perfil de um líder pode, em certa medida, ser encarado como agente de mudança, capaz de fazer os diagnósticos de modo a direcionar as intervenções para a melhoria da qualidade do processo ensino aprendizagem, com visão e conhecimento global da escola. Neste sentido, o líder terá de combinar distintos estilos de ação: flexível, negociador e inovador, procurando sempre adaptar os estilos de liderança mais adequados e criando condições para o desenvolvimento da sua instituição, com vista ao seu objetivo primordial, elevar o sucesso educativo dos seus alunos. Portanto, um líder eficiente adequa o seu estilo de liderança à situação na qual exerce poder, ou seja, estamos diante de um “líder ajustável” (Costa, 2000: 21).

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É fundamental que o líder fortaleça as competências essenciais para o desenvolvimento da organização que dirige, participando ativamente, assumindo responsabilidades e riscos, tendo visão estratégica e abertura à inovação e à mudança, disponibilizando-se para ser aprendiz e mestre e prestando constantemente auxílio e orientação à sua equipa.

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