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3 PLANO DE AÇÃO EDUCACIONAL – PAE

3.1 DESAFIOS E PROPOSIÇÕES PARA O PLANO DE AÇÃO EDUCACIONAL

Apontar caminhos para a elaboração de um Plano de Ação Educacional (PAE) representa um grande desafio uma vez que a presente dissertação analisa, a partir de dois eixos reflexivos, a política de formação docente do Programa Escola da Terra que foi desenvolvida pela Universidade Federal do Amazonas no ano de 2014. Os eixos contemplam: a formação docente para atuação na educação do campo e a formação docente para a sustentabilidade no campo.

Não se tem a pretensão de esgotar o tema aqui apresentados, mas ampliar as perspectivas reflexivas, sob o ponto de vista da pesquisadora que acumula a função de Coordenadora do Programa em questão.

As propostas que serão apresentadas no PAE seguem duas vertentes distintas porém complementares:

A primeira dá encaminhamentos para a necessidade de ampliar a rede de formação do Programa Escola da Terra que se configura em espaço para as discussões que envolvem questões inerentes ao campo e sua trajetória histórica de conquistas dos movimentos sociais, bem como as questões da sustentabilidade para todos os docentes de 1º ao 5º ano das séries iniciais do Ensino Fundamental, e não apenas para as multisseriadas pela pertinência destas temáticas com a realidade da educação do campo. Tal necessidade foi identificada a partir do fato de a Secretaria de Educação e Qualidade do Ensino (SEDUC/AM) coordenar o Programa Escola da Terra nos municípios que fizeram adesão e que possuem classes multisseriadas, público alvo conforme determina a Portaria 579 de 02 de julho de 2016 e os docentes da rede estadual não participarem das formações mesmo sendo escolas do campo, pelo fato de suas turmas serem seriadas.

Põe-se aqui em evidência o fato de que a Coordenação Estadual do Programa Escola da Terra no Estado do Amazonas, no ano de 2014, acompanhou todas as atividades

desenvolvidas no processo de formação docente ofertado aos docentes das classes multisseriadas nos 18 (dezoito) municípios participantes, todos, portanto, da rede municipal de ensino, considerando que na rede estadual as multisseriadas são inexistentes, de acordo com o censo escolar.

Portanto, o que se propõe é o cumprimento do que previa o item 5 da Nota Técnica Nº 002 CGEC/SECADI/MEC de 11 de janeiro de 2012 quanto ao Programa Escola da Terra substituir o Escola Ativa e “ampliar seu alcance para classes seriadas, contemplando mudanças na concepção pedagógica” (Anexo C). Assim, será sugerido à SECADI/MEC a ampliação do Programa Escola da Terra para que possa atender também as classes seriadas do 1º ao 5º ano das escolas do campo.

A segunda vertente desta proposta é que a Secretaria de Educação e Qualidade do Ensino (SEDUC/Am) promova formação de professores/as específica para as escolas da educação do campo de sua própria rede, nos moldes do que tem sido o Escola da Terra para as multisseriadas uma vez que constatou-se nos achados da presente pesquisa que a práxis que envolve as concepções da educação do campo e as questões de sustentabilidade dão conta de atender as necessidades inerentes às populações do campo ao promover reflexões sobre temas pertinentes.

Tal ação se justifica pelo fato de que até a presente data a SEDUC/Am não ofereceu nenhuma formação específica para a educação do campo.

Neste caso, a ideia é que a SEDUC/Am possa promover formação continuada aos docentes que atuam nas classes de 6º ao 9º ano (por ser a maior demanda) nas escolas da educação do campo, abordando temas como: Agricultura Familiar, Agroecologia e Alfabetização Ecológica na Educação do Campo – Professores(as) Formadores(as); Sustentabilidade e Fundamentos da Economia Solidária na Educação do Campo; Cultura, Trabalho, Educação, Subjetividade e Identidade no Campo – Atividade com os(as) professores(as) formadores(as); Pesquisa como Principio Educativo e o currículo da Escola do Campo – Professores(as) Formadores(as); Pesquisa como Principio Educativo e o currículo da Escola do Campo – Professores(as) Formadores(as); Concepção de Ensino e Pesquisa na Formação de Professores do Campo na Amazônia – Professores(as) Formadores(as).

Compreende-se, portanto, a importância da valorização da cultura, das identidades, dos saberes, do fazer pedagógico que tenha uma relação direta com o contexto e a realidade de cada comunidade e busque o desenvolvimento das potencialidades locais.

A falta da realização de formação docente específica para as escolas da educação do campo na rede estadual é o motivo desta segunda proposta de ação, pois ficou evidente a

partir dos referenciais teóricos a necessidade do atendimento das necessidades inerentes ao campo no que se refere à formação docente específica às peculiaridades que envolvem escolas situadas em áreas não urbanas e que incluam a sustentabilidade em seu conteúdo.

Assim, considerando a vasta dimensão geográfica do Estado do Amazonas, a dificuldade de acesso aos municípios, os calendários escolares adaptados para atender períodos de cheia e vazante dos rios, a rotatividade de professores contratados para atuarem nas comunidades mais distantes, dificuldades de acesso à internet nas comunidades, dentre outro fatores, o que se propõe é que haja a realização de formação docente tanto em pólo presencial na sede dos municípios, quanto à distância via Centro de Mídias, como a terceira proposta de ação do Plano de Ação Educacional.

Neste caso seria ampliado o alcance da formação para as séries finais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, contemplando a educação do campo em sua totalidade.

A proposta é apresentar ações executáveis que possibilitem aos docentes das escolas do campo acesso à formação continuada específica para atender suas necessidades, valorizando a cultura, identidade, o trabalho e as potencialidades locais como meio de incentivo ao desenvolvimento de cada comunidade.