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3.2 Modalidades

3.2.1 Limitações Administrativas

3.2.6.1 Espécies de Desapropriação e seus Fundamentos Jurídicos

3.2.6.1.3 Desapropriação Rural

Está prevista no art. 184, da Carta de 1988, e incide em imóveis rurais com a finalidade de promover a reforma agrária, e diz o que se segue:

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

Em verdade, trata-se de uma espécie de desapropriação por interesse social, mas que recebe legislação específica e diferenciada das outras formas, por ser específica para reforma agrária e por conta da relevância do tema.

Os demais Entes federados podem promover a desapropriação de imóvel rural por interesse social (através da desapropriação ordinária), mas somente a União pode figurar no plano ativo da desapropriação de imóvel rural para fins de reforma agrária.

A Desapropriação Rural possui ainda outras normas que a regulamentam, quais sejam, o art. 191, da constituição federal74, a lei n.º 8.629, de 25 de fevereiro de 199375, a Lei Complementar n.º 76, de 06 de julho de 199376

3.2.6.1.4 DESAPROPRIAÇÃO CONFISCATÓRIA

Esta última espécie de desapropriação encontra seu fundamento no art. 243, da Constituição Federal, que aduz:

Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas substâncias

74 Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

75 Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos na Constituição Federal.

76 Dispõe sobre o procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo de desapropriação de imóvel rural, por interesse social, para fins de reforma agrária.

Esta modalidade difere das outras por não possuir caráter indenizatório, apenas confiscatório, em decorrência da cultura ilegal de plantas psicotrópicas.

A regulamentação específica deste instituto pode ser observada na Lei n.º 8.257, de 26 de novembro de 1991, e dispõe sobre a expropriação das glebas nas quais se localizem culturas ilegais de plantas psicotrópicas.

3.2.6.1.5 DESAPROPRIAÇÃO SOCIAL

As formas de desapropriação vistas anteriormente tem como parte ativa o Estado, diferentemente da desapropriação social, que pode ter dois particulares nos pólos da relação jurídica.

Esta espécie guarda alguns aspectos da desapropriação (pois o particular perde o seu bem sob o pagamento de indenização) e da usucapião (pois é de iniciativa de particulares que detinham a posse o bem e lá fizeram benfeitorias); e está prevista no art. 1.228, §4º, do Código Civil de 2002, mas que, para que seja possível, deve preencher uma série de requisitos que estão elencados na norma supra. Vejamos.

Art. 1.228. (omissis) [...]

§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante

3.2.6.2 SUJEITOS

Devemos também analisar as diferentes modalidades de desapropriação levando em conta o sujeito ativo da relação expropriatória, ou seja, aquele que tem a competência e o interesse em iniciar o procedimento da desapropriação.

A regra é que desapropriação seja de competência de todos os Entes federados, havendo algumas exceções, que se elenca a seguir.

Primeiramente tem-se a desapropriação urbanística, cujos sujeitos competentes são somente os Municípios.

Tem-se, também a desapropriação social, cujos sujeitos ativos são terceiros particulares, que requerem a tutela do Estado para desapropriar o bem.

E, por fim, a desapropriação para os fins de reforma agrária, tem a competência exclusiva é da União.

Quanto aos sujeitos passivos, estes podem ser pessoas físicas ou jurídicas, pública ou privada. Os bens públicos somente podem ser desapropriados pelo Poder Público, na forma do art. 2º, §2º da Lei Geral das Desapropriações.

Art. 2o Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.

[...]

§ 2º Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.

3.2.6.3 OBJETO

Podem ser objeto de desapropriação não somente os bens imóveis, mas também os móveis, inclusive os corpóreos e os incorpóreos, privadas ou públicas, desde que possua valoração patrimonial, e claro que respeitando a regra de que nenhum particular pode desapropriar um bem público.

Podemos citar alguns bens que não podem ser objeto do procedimento expropriatório, quais sejam:

· Os direitos personalíssimos, pois são impenhoráveis e inexpropriáveis;

· A propriedade produtiva (não pode ser expropriada para fins de reforma agrária);

· Os bens situados em outro Estado, cujo expropriante não tenha jurisdição;

· As pessoas físicas e jurídicas;

· A moeda corrente, pois ela é o próprio meio em que é paga a indenização.

3.2.6.4 CARACTERÍSTICAS

De acordo com o que já foi estudado, passemos a elencar algumas características deste instituto.

· Um procedimento, que possui duas fases, a primeira declaratória e a segunda executória;

· A regra é o direito à indenização, que deve ser prévia, justa e em dinheiro;

· Há a transferência da propriedade do bem das mãos do expropriado para o Poder Público;

· Pode ser instituído sobre bens de qualquer natureza;

· Tem o caráter de definitividade, pois uma vez expropriado, o bem passa ao patrimônio do Estado.