• Nenhum resultado encontrado

Durante o período temporal desta pesquisa, foram registrados treze episódios de enxurradas. As estações do ano nas quais mais se registram eventos desse porte foram, respectivamente, o verão e o outono, com cinco registros em cada uma dessas fases sazonais.

Foram registrados episódios de enxurradas em praticamente todo o município, tanto na área urbana quanto na rural. Os bairros da cidade mais atingidos foram: Centro, São Cristóvão, Bela Vista, Presidente Castelo Branco, Progresso, Cristo Rei e Aeroporto (Figuras 25a e 25b).

   

Os jornais consultados descrevem nestes episódios o transbordamento de córregos, riachos, entupimento de bueiros e deslocamento de cascalhos das ruas para dentro das valas e dos bueiros que trouxeram muitos problemas aos bairros atingidos (Figura 26).

Figura 25b - Enxurrada ocorrida na cidade de Erechim em 1998 Fonte: Jornal Diário da Manhã, 1998.

Uma forte enxurrada que ocorreu no ano de 2011, deixou o município de Erechim em Situação de Emergência. Os principais prejuízos foram registrados na zona rural, nos distritos e nas estradas dos interiores.

As estradas das comunidades mais atingidas foram do Rio Poço, São João da Cascata, KM 10, Argenta, Km 07 Barragem da Corsan, Linha Trindade, Campininha, Vale Dourado, Distrito de Jaguaretê, Distrito de Capoerê, Tabuão, Peccin, Barra Fria, Escola Branca e Povoado Coan. Ocorreram danos em pontes e pontilhões, nas estradas vicinais e nas estruturas das propriedades rurais e lavouras bem como deslizamento de barrancos, acúmulo de terra e entulho nos acessos às propriedades.

No Vale Dourado, a água desceu de um barranco trazendo todo o entulho, terra e pedras, interditando a estrada e abrindo uma clareira na mata. A chuva foi tão forte, que

   

mesmo com a cobertura da mata nativa existente no local, não impediu o deslocamento da terra.

Em algumas propriedades, a enxurrada trouxe a terra da estrada que passa no lado de cima das moradias, causando danos à jardinagem e acessos. A uns 600 metros da sede da comunidade do KM 14, a chuva abriu uma vala em meio a uma lavoura, também levando terra e pedra para cima da pista, o que acabou dificultando a passagem de veículos (Figura 26). Já na comunidade do KM 10 - Dourado, um quilômetro depois da RS 420, aconteceu o entupimento de um bueiro. Com isso, a água foi represada e acabou invadindo a estrada, também causando danos à lavoura.

Na comunidade Barra Fria, a água levou todo o cascalho que havia sido colocado pela Secretaria Municipal de Agricultura recentemente, comprometendo o trabalho.

Figura 26 - Enxurrada no Km 14 – Dourado, distrito de Erechim. Fonte: Prefeitura Municipal de Erechim (2011)

No trabalho de campo foi possível observar que, na área urbana, os bairros Centro, São Cristóvão e Bela Vista localizados em regiões de relevo alto e mais plano, as enxurradas estão associados aos cursos de água de primeira ordem e/ou a problemas referentes a ineficiência da drenagem urbana o que se deve em parte ao entupimento dos bueiros provocados pelo lixo

   

e a grande impermeabilização das vias e terrenos o que dificulta a infiltração das águas da chuva.

Já os bairros Presidente Castelo Branco, Progresso, Cristo Rei e Aeroporto estão localizados em cotas mais baixas da área urbana, junto aos cursos d’água de segunda e terceira ordens que recebem uma grande quantidade de água que provém das áreas mais altas, intensamente impermeabilizas.

Em trabalho de campo pode-se constatar que a geomorfologia da cidade com a alternância de relevos altos e baixos, devido a presença de drenagens entalhadas possibilita o acumulo de água nas porções mais baixas (Figura 27). Da mesma forma nas partes mais altas da cidade, as drenagens encontram-se canalizadas e suas zonas de descarga ocorrem em relevos mais baixo que se tornam potencialmente favoráveis a ocorrência de enxurradas. Em inúmeros pontos, formam-se vales, resultado de ruas declivosas. Estas regiões acabam sendo captadoras de água, favorecendo assim o acúmulo da mesma, durante períodos de altas pluviosidades.

Figura 27 - Av. Comandante Kramer, Erechim/RS. Fotografia. Vanessa A. Peretti (2013)

   

Em relação às enchentes, elas ocorreram no outono e na primavera em três episódios, um em 1990 e dois em 1997, sendo que os bairros mais atingidos, foram: Progresso, Cristo Rei e São Cristóvão.

Nesse aspecto, os bairros Progresso e Cristo Rei foram os mais atingidos por se localizarem nas áreas de cotas mais baixas referentes a planície de inundação do arroio Tigre que é o curso de água mas expressivo da região e desta forma recebe água dos cursos de primeira e segunda ordens localizados nas cotas mais altas como por exemplo do bairro centro (Figura 28).

   

   

Em trabalho de campo pode-se constatar que no Bairro progresso as enchentes ocorrem associadas ao arroio Tigre. Este arroio teve grande parte do seu curso canalizado conforme pode ser visto na (Figura 29), inclusive em parte do trecho que cruza o bairro Progresso o que resolveu o problema das cheias naquele local, porém, a jusante deste ponto, onde ele retorna ao leito natural, no bairro Cristo Rei, devido ao assoreamento e a presença de lixo, ocorrem as enchentes (Figura 30).

Figura 29 - Arroio Tigre em seu trecho canalizado, bairro Progresso, Erechim/RS. Fotografia: Vanessa Peretti (2013)

Figura 30 - Região onde o arroio Tigre não está canalizado. Fotografia: Vanessa Peretti (2013)

   

Na visita ao local (bairro progresso), pode-se constatar também, a presença de esgotos lançados no curso d’água, ocupações irregulares configurando este local como uma área de risco.

Cabe ressaltar que o bairro Progresso devido a sua conformação geomorfológica com porções mais elevadas e outras mais baixas associadas a planície de inundação do arroio Tigre, foi palco da grande maioria dos eventos causadores de desastres no município de Erechim. Isto se deve também a sua elevada densidade populacional e vulnerabilidade social de seus moradores onde o padrão construtivo das residências comumente é baixo e muitas habitações se encontram em área de risco de escorregamentos e enchentes (Figura 31).

Figura 31 - Porção mais elevada do Bairro Progresso onde mostra o padrão construtivo e o risco associado a escorregamentos.

   

Documentos relacionados