2. O TRANSPORTE POR MODAL
4.7 Análise das causas-raiz
4.7.1 Descarga de veículos no Terminal de Exportação
Conforme descrito no item 4.5.2, identificou-se a dificuldade de descarga de alguns modelos de veículos que, por incompatibilidade com o sistema de plataformas, têm suas cargas descarregadas em locais impróprios e de forma inadequada.
A elaboração da árvore de causa-raiz levou à identificação de quatro causas- raiz para o problema, citadas no item 4.5.3. Essas causas estão relacionadas ao tipo de carga transportada, ao sistema utilizado para a descarga e à falta de informação ao usuário do terminal.
convencionais. Assim, foi abordada a relação entre o tipo de carga recebida e o sistema de descarga existente.
O usuário do Terminal de Exportação, em certos casos, desconhece as dificuldades existentes para a descarga de determinados veículos ou cargas. A utilização de um veículo mais adequado ou o posicionamento correto da carga, poderia amenizar o problema.
Para a descarga na plataforma, o veículo permanece em posição transversal, sendo sua carga descarregada pela parte de trás. No caso de um veículo com semi- reboque tradicional (“carga-seca”), com uma carga de dimensões irregulares e utilizando uma empilhadeira para descarga, seria praticamente impossível a descarga utilizando o método convencional (figura 4.49).
Figura 4.49 – Descarga tradicional em plataforma
Plataforma de descarga
Pátio de manobra
Nota-se que o equipamento utilizado, com dispositivo frontal para realizar a descarga, não possui condições técnicas para alcançar toda a carga, isto ocorre por dois motivos:
• O equipamento requer um posicionamento que ofereça condições para o condutor encontrar o ponto de equilíbrio da embalagem a ser descarregada;
• O piso do semi-reboque, geralmente, não é preparado para suportar o peso do equipamento somado ao peso da carga.
• Para realizar a descarga utilizando a plataforma, o veículo teria que se posicionar lateralmente, possibilitando à empilhadeira alcançar a mercadoria (figura 4.50).
Figura 4.50 – Descarga lateral
Plataforma de descarga
Pátio de manobras
Observa-se que, estacionando o veículo lateralmente, o equipamento alcança a carga sem maiores dificuldades. Porém, existem duas desvantagens na utilização desse procedimento:
• Considerando o comprimento total do veículo de 19,78 metros (Guerra, 2005) e a largura de posicionamento para descarga na plataforma de 3,80 metros, a posição do veículo ocupa o espaço equivalente a seis vagas, impedindo de novos veículos sejam descarregados;
• Para a descarga completa do veículo, seria necessária uma série de manobras para que o outro lado do veículo pudesse ser descarregado, aumentando dessa forma, o tempo de permanência do veículo no terminal.
Devido a tais dificuldades, e pela falta de uma área própria para o recebimento e descarga de mercadorias com características específicas, a descarga no Terminal de Exportação é realizada no pátio de manobras, não utilizando a plataforma (figura 4.51).
Figura 4.51 – Descarga no pátio de manobras
P la ta fo rm a d e d e s c a rg a
P á tio d e m a n o b ra s
Este método possibilita uma descarga mais rápida que o anterior; no entanto, gera outros problemas, como:
• Descarga da mercadoria é realizada ao ar livre sem a proteção de cobertura;
• O piso do pátio é constituído de blocos intertravados que formam um piso irregular e inseguro para o trânsito de empilhadeira, a qual não possui amortecedor de impacto;
• A operação é realizada em duas etapas, sendo a primeira quando a mercadoria é descarregada e acondicionada próximo do veículo, onde fica aguardando a conferência. A segunda etapa é a transferência da carga do piso do pátio para o armazém, gerando uma movimentação a mais para a mercadoria.
O sistema de plataformas mostra-se muito eficiente em dois casos:
• Para carrocerias ou semi-reboques que permitem a descarga pela parte de trás do veículo, com auxilio de plataformas hidráulicas;
• Para a descarga de mercadorias de pequeno e médio porte que possam ser movimentadas com certa facilidade, não exigindo equipamento especial.
Durante a visita aos terminais, observou-se que são comuns o embarque e desembarque de mercadorias de grande volume e alto valor agregado, talvez pelos seguintes motivos:
• Os novos conceitos de administração que praticam a redução de estoques;
• O desenvolvimento do comércio exterior frente à globalização;
• O atual quadro econômico favorável, devido às taxas de câmbio.
Entre janeiro e maio de 2005, o Terminal de Exportação recebeu 16.883 veículos para descarga, uma média de 100 veículos por dia (Infraero, 2005). Com este fluxo de veículos, o terminal necessita de um sistema de descarga que tenha condições de atender tanto veículos com sistema de descarga pela parte de trás, quanto veículos com sistema de descarga lateral.
A descarga de mercadorias com dimensões e formas diferentes, realizada na plataforma existente ou no pátio de manobras, gera desvantagens que se refletem na integração aero-rodoviária. Estas desvantagens vão desde o tempo de descarga do veículo, passando pelo excesso de movimentação, até a preservação da integridade física da carga.
Uma sugestão é a adoção de plataforma estendida, conhecida como “ilha”. Este sistema possibilita a descarga de veículos abertos por meio de plataforma, sem a necessidade de excessivas manobras e ocupando apenas uma posição de carregamento (figura 4.52). Vale lembrar que essa alternativa é valida para os armazéns que já possuem rampas.
Para os futuros armazéns a serem construídos, a sugestão é a adoção de uma infra-estrutura com um piso uniforme sem desnível, o qual possibilitará que os Tecas operem com qualquer tipo de veículos, independentemente do tamanho e do tipo de implemento rodoviário utilizado. A vantagem também se estende para os tipos de cargas a serem manuseadas não dependendo de suas dimensões ou peso.
Figura 4.52 – Descarga em plataforma estendida Plataforma estendida
Pátio de manobras
Extremidade
Extremidade Extremidade
Este sistema possui os seguintes benefícios:
• A utilização de dois equipamentos que realizam a descarga de forma simultânea, reduzindo o tempo de descarga e a permanência do veículo no terminal;
• A operação é toda realizada em área coberta e com piso adequado;
• A plataforma estendida não é exclusiva para veículos abertos, podendo ser utilizada de forma tradicional, aproveitando inclusive, as suas extremidades;
• Reduz o número de movimentações, já que a carga fica na altura que favorece a conferência ainda no veículo.
Para a implantação desse sistema, seria necessária apenas a construção extensões ou “ilhas”, utilizando como base a plataforma existente. A estimativa de custos para a obra não foi contemplada, visto que o objetivo do estudo é identificar os problemas e as causas que interferem na integração aero-rodoviária.