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Cerca de 80% a 90% das DEA são de polaridade negativa, sendo as de polaridade positiva mais intensas e raras que as negativas, podendo chegar facilmente a picos de intensidades elevados, na ordem dos 100 kA. Irá depender sempre da região, mais concretamente da orografia, pois por exemplo zonas de montanha “podem facilitar” as descargas positivas, ao passo que zonas planas “podem facilitar” as descargas negativas. É de salientar que todas as descargas detetadas pelos sensores e que atingiram o solo, o chamado lightning bolt, foram detetadas à superfície. No raio existe um traçador (stepleader), que é designado por raio primário. Este “abrirá” o

41 primeiro caminho a ser percorrido (first return stroke). De seguida virão vários e múltiplos raios com maior intensidade. A este número de raios designa-se por multiplicidade. Geralmente esta é menor ou igual a 3. Contudo, é raro encontrar descargas com multiplicidade superior a 3. Na Tabela 4.1 foi feita uma filtragem dos registos de DEA, por dias, em Portugal, nos 4 anos em estudo. De salientar, que estes registos são as somas de todas as DEA nos vários dias de trovoada, pelo que num dia existem milhares de DEA. Contudo, é de fácil análise que ano após ano se verifica um aumento. Assim, no ano 2010 foi o ano que mais registos de DEA ocorreu, com 102 dias de ocorrências de trovoadas.

Tabela 4.1 – Número de dias com registos de DEA em Portugal Continental.

4.2.1 Distribuição geográfica dos incidentes atribuídos a DEA

Na distribuição geográfica de incidências de DEA na RNT foi possível criar várias imagens, onde se verifica a frequência dos acontecimentos atmosféricos nas linhas da RNT. Através da Figura 4.1 verifica-se esse padrão espacial das DEA no território nacional, em conjugação com a RNT. A criação desta imagem foi um processo facilitado, por estar disponível na plataforma

online da REN o mapa da RNT, não tendo por isso que recorrer a outras plataformas. Assim,

através do mapa georreferenciado e com os dados em formato NetCDF das DEA, foi possível dar um aspeto real das situações ocorridas em todo o período de estudo.

Ano # dias com registos de DEA

2007 55

2008 79

2009 90

42

Figura 4.1 – Exemplo das sucessivas incidências das DEA na RNT, bem como as suas disposições no continente.

Estas análises permitem avaliar todos os alertas gerados pelo sistema SCADA da REN e catalogados devido a DEA. Assim, perceber-se-á se nesse ponto ocorreu ou não uma DEA. De forma a facilitar a análise definiu-se para cada registo a zona geográfica de ocorrências. As zonas geográficas adotadas foram: Norte (Mendoiro a Estarreja), Centro (Estarreja a Lisboa), Sul (Lisboa ao Algarve) e duas zonas de transição Norte-Centro e Centro-Sul. Deste modo, na Figura 4.2 será fácil a leitura das regiões em que predominam as DEA em PTC.

43 4.2.2 Influência geográfica dos incidentes atribuídos a DEA

Na influência geográfica foi interpretada a distribuição das DEA em todo o país em três disposições distintas:

 Local – quando a DEA está localizada num ponto específico;

 Regional – quando a DEA é definida por uma região específica, que poderá ser norte, centro ou sul;

 Global – quando a DEA atinge todo o país.

Ainda assim existem situações em que no mesmo ano e na mesma linha tiveram as seguintes situações: Local e Regional (LR), Regional e Global (RG), Local e Global (LG) e Local, Regional e Global (LRG). Na Figura 4.3 é possível verificar as distribuições das DEA no continente. Existe no ano de 2007 uma elevada incidência das DEA na classe Local, rondando os 28%. Também na classe Regional, nesse mesmo ano, existe uma elevada frequência das DEA, aproximadamente 38 %, quando comparado com os outros anos em que se situa entre os 24% e os 30 %. Outra ilação que se pode retirar é que no ano 2008, as classes RG e LRG, os valores não variam muito, variando entre os 8% e os 10%. Quanto aos anos de 2009 e 2010, os valores não variam significativamente, exceto na classe LG, para a qual não se verificou no ano de 2009 qualquer incidência de DEA. A única classe onde existiu um maior equilíbrio no período em estudo foi a LR, variando entre os 2% e os 3%.

48%

21%

26%

3% 2%

Norte Centro Sul Norte e Centro Centro e Sul

Figura 4.2 – Distribuição Geográfica dos incidentes atribuídas a DEA, contendo as respetivas percentagens de ocorrências.

44 De forma a fazer uma análise mais profunda fez-se a distribuição das DEA na RNT, nos 4 anos em estudo. Na Figura 4.4 é notória a evolução das várias distribuições das DEA.

As classes que se destacam, em primeira análise, como as mais afetadas pelas DEA são as Regionais, Globais e as RG. Na classe Global, Portugal foi afetado pelas DEA em 37 incidências, enquanto na classe Regional registaram-se 27 incidências. Na classe Local, apenas se registaram 6 casos. Quanto às classes em simultâneo ao longo dos 4 anos verifica-se que a classe RG foi a que apresentou mais casos, com 25 incidências de DEA. A seguir a classe LG,

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Local Regional Global LR RG LG LRG

2007 2008 2009 2010

Figura 4.3 – Influência geográfica das DEA na RNT por ano em Portugal Continental.

6 27 37 1 25 12 9

Local Regional Global LR RG LG LRG

Figura 4.4 – Distribuição, por zonas, das DEA entre os anos 2007 a 2010 em Portugal Continental.

45 com 12 casos de incidências de DEA, seguida pela LRG com 9 incidências. Finalmente, com apenas um caso foi a classe LR. Apesar de ser curta a amostra, esta distribuição revela que quando ocorre uma DEA numa determinada zona, pode afetar outras zonas.

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