• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 4: METODOLOGIA

4.2 Primeira hipótese

4.2.5 Descarte e Reciclagem

A quinta fase de avaliação do ciclo de vida inclui os impactos que ocorrem durante a renovação (reciclagem) de produtos e aqueles resultantes do aterramento de partes consideradas caras ou de difícil reciclagem, como enfatiza GRAEDEL et al. (1995).

Para subdivisão de ―reciclagem mecânica interna‖ e ―reciclagem mecânica externa‖ é levado em conta o fato de que, neste estudo é computado tanto o aspecto industrial, como o laboratorial, sendo que neste último deve ser levado em consideração que o filme da blenda e o filme de PEBD não saem do laboratório. Portanto, não podem ser computados todos os fatores que ―atrapalham‖ (Cf. item 3.6.6 Simbologia para classificação de polímeros recicláveis e reciclados) uma ―reciclagem externa‖, o que torna indispensável a subdivisão: a laboratorial em que somente há a ―reciclagem interna‖ e a industrial, onde são consideradas as reciclagens ―internas e externas‖.

A reciclagem mecânica (abordada no item 3.6.5 Reciclagem mecânica) é a melhor destinação do resíduo termoplástico, mas, como concorda TOUGH (2007), quando os filmes finos soprados são as sacolas no uso do consumidor, por serem muito utilizadas para o acondicionamento de lixo, em sua maior parte, não entram na cadeia da reciclagem, mas sim encaminhadas direto para o aterro sanitário. Evidentemente, este tipo de disposição para polímeros de origem petroquímica significa desperdício do seu potencial energético.

reciclagem e biodegradação, sendo filmes soprados da blenda polimérica PEBD + TPS e filmes soprados de PEBD, diferente dos resíduos sólidos, em especial os urbanos, os RSU. Ambos os resíduos em estudo são classificados como mostra a Tabela 26.

PEBD PEBD + TPS

Quanto à origem, são somente resíduos industriais (ou laboratoriais). Secos e não degradável. Inflamável. Não perigosos e inertes (Classe II B)

Quanto à origem, são somente resíduos industriais (ou laboratoriais).

Secos, moderadamente degradável (devido ao TPS). Inflamável.

Não perigosos e não inertes (Classe II A). Tabela 26: Classificação dos resíduos sólidos de PEBD e PEBD + TPS.

Fonte: adaptado da ABNT (2004)

Conforme já comentando na Tabela 26 Erro! Fonte de referência não encontrada., o filme soprado constitui-se em um resíduo seco, moderadamente degradável (devido ao TPS), inflamável, não perigoso e confeccionado para ser não inerte. Ao mesmo tempo, a metodologia em aplicação para ACV afirma que os polímeros, não devem conter antichamas, corantes, condutores, estabilizadores. Apesar de todas estas qualidades, a blenda em questão não é um produto 100% biodegradável.

Quanto ao uso de energia, nesta primeira hipótese de estudo, o material não passa pelo processo de reciclagem. Porém, a metodologia contabiliza somente o consumo de energia da reciclagem, não sendo possível nesta análise, a ponderação. Mas, diante da fase de aterramento, a energia gasta para sacolas biodegradáveis ou não é a mesma que para todos os outros resíduos, dado à heteregeonicidade dos materiais a serem aterrados. Ao mesmo tempo, como é abordado na matriz de ponderação, há a possiblidade de geração de energia.

O fator mais preocupante, é que, caso fosse submetido somente a uma compostagem, o húmus seria um produto final. No entanto, como já citado no item 3.6.4 Biodegradação e compostagem, as embalagens biodegradáveis são apropriadas para a compostagem, mas até mesmo a própria coleta de resíduo as encaminha para o aterro sanitário e não a

um pátio de compostagem. Tendo em vista estas razões, CHANDRA e RUSTGI (1998) e NOLAN (2002) afirmam que os plásticos biodegradáveis têm os mesmos impactos dos plásticos de PE, concluindo que não contribuem para redução da poluição e seus impactos. TOUGH (2007) converge para o mesmo pensamento, e ainda completa que, por exemplo, a contaminação do solo resulta também de subprodutos da biodegradação (e.g. presença de outros polímeros, aditivos, cargas, colorantes, metais, oligômeros).

Cabe salientar, que não há simulação laboratorial acelerada de biodegradação fidedigna, mesmo porque, como afirma BIDONE e POVINELLI (1999), a precisão da reprodutibilidade de biodegradação em um ambiente real é difícil e de baixa confiabilidade, pois estes ambientes diferem muito em termos de composição microbiana, temperatura, pH, umidade e nutrientes reproduzidos nos laboratórios.

No aterro sanitário, o maior impacto ambiental é produzido pelo chorume e os gases, de acordo com BIDONE e POVINELLI (1999). A captação de ambos para tratamento é regido por normas técnicas, como exemplificada no item 3.6.3 Aterros sanitários, fase I- ajustamento inicial.

A maioria dos aterros sanitários no Brasil são aterros escavados, e para não ter contaminação do chorume no lençol freático, há a necessidade de múltiplas camadas de impermeabilização, como camada de argila compactada, camada de manta de PEAD, tubos para canalização do líquido lixiviado (chorume), outra camada de argila compactada e colchão drenante de brita.

Após a captação, o líquido é encaminhado a uma Estação de Tratamento de Efluente (ETE), onde, como explica MAZZINI (2006), é submetido a tratamentos físicos, químicos e biológicos, até estar apto a ser lançado no corpo receptor, ou seja, corpo hídrico.

Os gases produzidos em um aterro estão diretamente ligados, como explica BIDONE e POVINELLI (1999) e HO (2008), à composição dos resíduos, aspectos construtivos e operações do aterro, tamanho das partículas dos materiais que foram aterrados, teor de umidade e temperatura e pH. De acordo com ASHWIN KUMAR et al. (2011),

2 4

A composição destes gases (biogás) é apresentada na Tabela 27.

Componentes Porcentagens (em volume seco)

Metano (CH4) 45 a 60

Dióxido de carbono (CO2) 40 a 60

Nitrogênio (N2) 2 a 5

Oxigênio (O2) 0,1 a 1,0

Amônia (NH3) 0,1 a 1,0

Sulfetos (H2S) 0 a 1,0

Hidrogênio (H2) 0 a 0,2

Monóxido de carbono (CO) 0 a 0,2 Traço de outros constituintes 0,01 a 0,06 Tabela 27: Constituintes típicos do Biogás

Fonte: BIDONE e POVINELLI (1999), HO (2008) e TCHOBANOGLOUS e KREITH (2002).

Estes gases são, em uma possibilidade mais otimista e menos realista, coletados para transformação em energia, ou mesmo para queima. Esta reduz a emissão de compostos mais poluentes como o CH4, segundo EPA (2012), é em torno de 20 vezes mais

prejudicial do que o CO2.

Definição do Elemento Ín d ic e d o E le m en to d a M at ri V al or d o el em en to Explicação Descarte Escolha do Material (5,1) 3

Apesar do material não ter sido reciclado, a fração do amido termoplástico acelera sua biodegradação.

Uso de energia (5,2) 2 Não há reciclagem nesta hipótese de trabalho, portanto, sem energia na reciclagem, mas uso não intenso energia no descarte como combustível e produtos para manutenção.

Resíduos Sólidos (5,3) 0

Apesar de o produto ser constituído de materiais sólidos recicláveis, nesta hipótese não é submetido à reciclagem, mas sim aterramento, o que justifica a baixa nota.

Resíduos Líquidos (5,4) 0

Por estar associado a outros resíduos é gerado o chorume e este coletado e encaminhado a uma ETE. A composição do chorume varia de acordo com os resíduos aterrados, de acordo com COELHO (2008).

Resíduos Gasosos (5,5) 3 Ou os gases são transformados em energia ou queimados, mas não se dissipam livremente na atmosfera.

Tabela 28: Ponderação da fase de descarte do TPS + PEBD- Hipótese 1

A preocupação ambiental Estágio do ciclo de vida Escolha do material Uso de energia Resíduos sólidos Resíduos líquidos Resíduos gasosos Pontuação da linha Pré-manufatura 3 3 2 2 2 12 Manufatura do produto 3 0 3 4 4 14 Embalagem e transporte do produto 1 0 3 2 1 7 Uso do produto 4 4 4 4 4 20 Descarte e reciclagem 3 2 0 0 3 8 Pontuação da coluna 14 9 12 12 14 Pontuação total 61/100 61% Tabela 29: Matriz de avaliação de produto ambientalmente responsável.

De acordo com JACOVELLI e FIGUEIREDO (2003), o sistema que define a classificação dos índices da matriz, através de pontuação ou valoração, fornece meios e opções de comparações através do gráfico alvo, que é apresentado no item 5.1.5 Desempenho ambiental entre todas as hipóteses5.1.5 Desempenho ambiental entre todas as hipóteses, como uma ferramenta visual simples e eficiente para chamar a atenção dos aspectos do projeto e implementações.

Documentos relacionados