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2.2. PARAMETROS METEOROLÓGICOS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA

3.3.4. DESCONFORTO TÉRMICO LOCALIZADO

O desconforto térmico pode estar relacionado com vários factores, nomeadamente:

o assimetria de radiação térmica; o correntes de ar indesejáveis;

o diferença de temperatura do ar no sentido vertical; o pisos quentes e frios.

3.3.4.1. Assimetria da temperatura radiante

A assimetria térmica pode ser causada por paredes e tectos quentes ou frios, superfícies não isoladas, bocas de fornos, máquinas e outros aparelhos.

Esta assimetria pode causar desconforto térmico local e reduzir a aceitabilidade térmica dos indivíduos a um determinado ambiente térmico. Segundo a norma ASHRAE

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55 (2004), o ser humano é mais sensível à assimetria radiante causada por tectos quentes do que à causada por paredes frias ou quentes Na Tabela 3.3.05, apresentam- se os valores limites permitidos à assimetria da temperatura radiante.

Tabela 3.3.05: Assimetria da temperatura radiante permitida [adaptado de ASHRAE (2004)]

A norma ISO 7730 (2005) indica como valores limites da temperatura radiante: o a assimetria da temperatura radiante devido a um tecto quente ou frio

deverá ser inferior a 5ºC;

o a assimetria da temperatura radiante devido a uma janela ou outra superfície vertical deverá ser inferior a 10ºC.

3.3.4.2. Correntes de ar indesejável

O termo inglês draft é muitas vezes utilizado para designar o arrefecimento indesejado causado pelo movimento do ar. Esta sensação térmica está relacionada com a temperatura do ar, velocidade do ar, taxa metabólica, intensidade da turbulência e resistência térmica da roupa.

A intensidade da turbulência Tu é definida pelo quociente entre o desvio absoluto da velocidade do ar

SD

V e a velocidade do ar média

v

m.

Segundo ASHRAE (2004), o desvio absoluto da velocidade do ar é definido por

m

V

v

v

SD

=

(3.3.10)

onde

v

representa a velocidade do ar medido no instante considerado (m.s-1) e a intensidade da turbulência é dada por

Assimetria da temperatura radiante (ºC)

Tecto quente Parede fria Tecto frio Parede quente

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100

×

=

m V

v

SD

Tu

(3.3.11)

sendo expressa em percentagem (%).

O arrefecimento indesejado faz-se incidir com maior relevo em zonas da pele não cobertas por vestuário, como a cabeça, pescoço, ombros, tornozelos e pés.

A percentagem de pessoas insatisfeitas devido ao draft, DR, pode ser calculada através da expressão

(

34−

)(

−0,05

) (

0,62 0,37 +3,14

)

= T v vTu

DR (3.3.12)

em que T representa a temperatura do ar local (ºC),

v

a velocidade do ar média local (m.s-1) e Tu a intensidade da turbulência (%).

Na expressão (3.3.12), quando se regista a condição

v

<0,05 m.s-1 e para DR> 100% deve-se usar DR=100%.

Segundo informações disponibilizadas na norma ASHRAE 55 (2004), para espaços sem ventilação mecânica, DR deverá ser inferior a 20% enquanto que para espaços que utilizam sistemas de ventilação o valor sobe para os 35%. Assim é possível determinar a velocidade do ar máxima permitida para que não ocorra a sensação de “draft”, mantendo uma situação de conforto térmico.

3.3.4.3. Diferença de temperatura do ar no sentido vertical

Na maioria dos espaços interiores a temperatura do ar aumenta com a altura relativamente ao piso. Se o gradiente de temperatura entre a cabeça e os tornozelos atinge determinados valores poderá ocorrer desconforto térmico: sensação de frio ao nível dos pés e membros inferiores e sensação de calor ao nível da cabeça.

Lamberts (2002) afirma que quando a temperatura do ar ao nível da cabeça é inferior à determinada ao nível do tornozelo esta diferença de temperatura vertical não causa desconforto térmico. Se por um lado esta situação é aceite por outro lado deve ser

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dada atenção à diferença que se regista entre as duas temperaturas. Estudos de pormenor parecem ser oportunos.

3.3.4.4. Pisos quentes e frios

Segundo Fanger (1972), a condução directa de energia sob a forma de calor entre o piso e a superfície de contacto dos pés poderá despontar sensações de desconforto térmico localizado. A norma ASHRAE 55 (2004) estipula limites aconselháveis para a temperatura do piso,

T

FL de forma a minimizar este desconforto térmico localizado. Para indivíduos calçados, esta norma internacional aconselha a que a temperatura do piso se situe entre 19ºC e 29ºC. Apesar da temperatura do piso e do tipo de calçado serem as principais variáveis a considerar quando se estuda o desconforto térmico sentido nos pés, ASHRAE 55 (2004) alerta para a influência dos materiais e técnicas utilizadas na sua construção quer de pisos quer de calçado. A Tabela 3.3.06 indica diferentes intervalos de temperatura do piso aceites consoante o material utilizado para o seu fabrico.

Tabela 3.3.06: Intervalo permitido para a temperatura do piso para diferentes materiais (adaptado de Calleja (1999)]

O estudo deste tipo de desconforto térmico tem sido impulsionado pela engenharia têxtil, na procura de novos materiais transpiráveis e termicamente confortáveis.

Intervalo da Temperatura do piso (ºC) Piso com material têxtil 21,0<

T

FL<28,0 Piso de pinheiro 22,5<

T

FL<28,0 Piso de carvalho 24,5<

T

FL<28,0 PVC 25,5<

T

FL<28,0 Linóleo 24,0<

T

FL<28,0 Cimento 26,0<

T

FL<28,5 Mármore 28,0<

T

FL<29,0

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3.4. STRESS TÉRMICO

3.4.1. DEFINIÇÃO

Stress térmico é o estado psicofisiológico a que um individuo está sujeito quando exposto a situações ambientais extremas de frio ou calor. Em condições de stress térmico o ser humano sofre alterações das reacções psicosensoriais, debilitação do estado geral de saúde, queda do rendimento laboral e intelectual, entre outros. É fundamental conhecer as condições ambientais que facultam o stress térmico de modo a estabelecer acções preventivas e correctivas. Os ambientes térmicos sujeitos a stress térmico podem dividir-se em dois tipos:

o Ambiente quente – stress por efeito do calor o Ambiente frio – stress por efeito do frio.

Este trabalho debruça-se essencialmente no estudo do ambiente quente.

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