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3 POR UM INSTRUMENTAL ANALÍTICO SOBRE O PARTIDO

3.2 POR UMA ANÁLISE DO PARTIDO

3.2.4 Descrever e Analisar o Partido

68 Após chegar a aproximações sobre modelos gráficos, é a vez de exercer um olhar analítico sobre projetos selecionados a partir de uma abordagem analítica-diagramática própria deste trabalho que seja capaz, a partir de seu resultado sintético, de fazer um comparativo entre o conceito do partido arquitetônico contido no discurso dos arquitetos e aquele encontrado no presente trabalho.

As análises foram realizadas, nos projetos selecionados, a partir dos seguintes procedimentos: coleta dos desenhos técnicos nas pranchas enviadas para os concursos brasileiros selecionados; sobreposição gráfica nos desenhos técnicos com os componentes gráficos dos diagramas; geração dos diagramas baseados nos desenhos técnicos; agrupamento das propostas; e decupagem das informações, utilizando-se dos textos apenas para entender a defesa do partido por parte das equipes e discorrer sobre os resultados dos diagramas da análise desenvolvida. Esta será eminentemente gráfica, baseada nas propriedades morfológicas das propostas dos concursos analisados, fazendo-se um comparativo entre o partido arquitetônico defendido pelas equipes e aquele encontrado no presente trabalho.

Nesta pesquisa, a análise gráfica desenvolvida se pautou por aspectos formais e espaciais dos projetos selecionados, elencando itens de cada proposta a partir da síntese gráfica que culmina no diagrama do partido arquitetônico. Para o desenvolvimento, foram utilizados plantas, cortes e elevações disponibilizados nas pranchas dos concursos selecionados. A partir deste conjunto de material gráfico, formado pelos desenhos técnicos, foram tratados aspectos que resultam na configuração formal-espacial (mescla de informações geométricas e distribuição espacial) de um edifício, sendo necessária a extração dessa série de concepções de configurações para se entender qual o partido arquitetônico adotado em determinado projeto, de acordo com o instrumental analítico do presente trabalho.

Pode-se dizer que estes aspectos estão correlacionados com o partido demonstrando as escolhas ou interpretações do problema arquitetônico por parte das equipes. Sendo assim, compreende-se o partido de um projeto a partir desta série de elementos. Estas serão apresentadas em diagramas, gerados a partir da sobreposição dos desenhos técnicos, na seção de análise deste trabalho.

69 Os elementos de análise foram distribuídos em três agrupamentos conceituais: forma, que explicita os aspectos geométricos tanto do volume externo quanto da configuração do traçado regulador interno; uso, que apresenta o modo como o usuário navega pelo edifício a partir da categorização da dinâmica de funcionamento; relações verticais, que demonstra as resoluções verticais dos aspectos formais do edifício.

Os elementos de análise desenvolvidos neste trabalho serão os seguintes: - Forma:

• Volume:

a) Definição: identifica e hierarquiza os sólidos geradores do conjunto responsável pela volumetria final. Relações como adições ou subtrações também são levadas em conta para se ter uma noção dos caminhos formais seguidos pelos arquitetos. b) Apresentação diagramática: traçado em linha contínua para a definição do volume

principal através da figura geométrica primária que deu origem ao volume da edificação. E explicitação dos volumes secundário — ou aquele que foi justaposto ao volume que foi entendido como principal — por linha tracejada preta e volume extraído — composto pela representação do que foi subtraído do volume principal.

● Perímetro e acessos:

a) Definição: demarca a forma principal do edifício, seus limites e como se relacionam com os acessos externos ao edifício. Este diagrama se aproxima da implantação, porém, foi rebatizado devido à falta de explicitação da relação dos edifícios analisados com o terreno ou entorno. Vale lembrar que neste item há uma mescla de informação geométrica (perímetro) com outra de natureza não visual (acessos). No segundo caso, configura como uma ação de adição na elaboração do diagrama, tal qual como explicitado, a partir de Bernard Leupen et al (1999), anteriormente neste trabalho.

b) Apresentação diagramática: delimitação do volume conformado pelo invólucro (na horizontal ou vertical) a partir de linha tracejada, demarcação do perímetro dos volumes gerados pelos espaços de uso principais com linha contínua e apontados os acessos principais com setas.

70 ● Malha estrutural:

a) Definição: identifica a malha estrutural como traçado regulador, auxilia na dedução do raciocínio espacial e informa como os espaços estão locados com esta malha. b) Apresentação diagramática: grelha com linhas tracejadas para representar a malha

estrutural formada pelos pilares, linha contínua vermelha para parede estrutural e linha contínua preta para volumes de usos dos principais espaços — neste caso, chamando-os de volume de referência.

- Uso:

● Setorização:

a) Definição: permite compreender a distribuição dos setores por predominância de uso, suas relações entre si, estratégias de organização e distribuição do programa. b) Apresentação diagramática: separação em predominâncias de uso do projeto a

partir de manchas com cores para cada zona. - Relações verticais:

● Corte:

a) Definição: explicita as relações espaciais no sentido vertical, unindo as relações já encontradas nos diagramas horizontais.

b) Apresentação diagramática: linha contínua preta para demarcar a linha de solo e linha contínua vermelha para explicitar os elementos principais que constituem determinada seção.

● Elevação:

a) Definição: demonstra as relações verticais a partir da leitura sobre determinadas resoluções formais do edifício.

b) Apresentação diagramática: linha contínua preta para demarcar a linha de solo e linha contínua vermelha para explicitar os elementos principais de uma elevação escolhida como mais representativa para um determinado projeto.

Na seção seguinte, o modelo apresentado será aplicado a uma série de projetos desenvolvidos a partir das demandas de concursos de arquitetura no Brasil, com resultados entre os anos de 2012 e 2017. A ideia não é só testar o modelo de análise aqui desenvolvido,

71 como também explicitar e reafirmar o conceito de partido arquitetônico definido neste trabalho, que se apresenta como objetivo principal.