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Descrição da Área de Estudo

3. METODOLOGIA

3.1. Descrição da Área de Estudo

O município de Aiuaba situa-se na região dos Inhamuns, porção sudoeste do estado do Ceará (Figura 24), limitando-se com os municípios de Parambu, Arneiroz, Campo Sales, Antonina do Norte e Saboeiro, além de porções limítrofes com o estado do Piauí e compreende uma área de 2.597 km2, conforme Figura 24.

Figura 24 Localização do Município de Aiuaba no Estado do Ceará

Segundo o IPECE (2006), o município de Aiuaba apresenta um quadro socioeconômico empobrecido, castigado por fatores climáticos adversos. A população, em 2000, era de 14.431 habitantes, com maior concentração na zona rural. A sede do município dispõe de abastecimento de água, fornecimento de energia elétrica (COELCE), serviço telefônico (OI CEARÁ), agência de correios e telégrafos (EBCT), serviço bancário, hospitais, hotéis e ensino fundamental e médio.

A principal atividade econômica reside na agricultura, com culturas de subsistência de feijão, milho e mandioca, além de monoculturas de algodão, banana, abacate, cana-de- açúcar, castanha de caju e frutas diversas. Na pecuária extensiva destaca-se a criação de bovinos, ovinos, caprinos e suínos.

O extrativismo vegetal baseia-se na fabricação de carvão vegetal, extração de madeiras diversas para lenha e construção de cercas, bem como prática de atividades com oiticica e carnaúba.

O artesanato de redes e bordados é difundido no município. Na área de mineração, a extração de rochas ornamentais, rochas para cantaria, brita, fachadas e usos diversos na construção civil, é, ainda, incipiente. Por outro lado, a extração de areia, argila (utilizada na fabricação de telhas, tijolos), bem como a extração de rochas calcárias (utilizadas na

fabricação de cal, pisos, fachadas, batentes, etc.), encontra-se difundida no âmbito do município.

A maior parte do município situa-se na superfície de aplainamento denominada Depressão Sertaneja, com altitudes logo acima dos 200 metros. Nela, sobressaem alguns maciços residuais. A oeste, já fronteira com o estado do Piauí, a serra Grande constitui um planalto sedimentar e atinge altitudes de até 900 metros. Variados tipos de solos são verificados neste município: latossolos, solo bruno não-cálcico, solos litólicos, planossolos e, com menor distribuição, solos podzólicos.

Estas unidades apresentam valor de porosidade efetiva média em torno de 0,03 (SABESP/CEPAS, 1994, apud Kauffman Ferrari, 2006).

Neste capítulo descreve-se o clima e vegetação da área pesquisada, considerando as árvores de maior porte que entram na parcela da evapotranspiração , assim como a geologia, os recursos hídricos, a topografia e a precipitação.

3.1.1 Clima e Vegetação

Nos atlas do IPECE (2002) e da SRH–CE (Plano Estadual dos Recursos Hídricos, 2006) o município de Aiuaba insere-se na região climática semi-árida por registrar um dos mais baixos índices de pluviosidade do estado do Ceará, cerca de 663,60 mm anuais (Costa, 2007). As temperaturas variam entre 23 oC (média das mínimas) e 29 oC (média das máximas). O balanço hídrico é deficitário, uma vez que boa parte da água precipitada sofre evapotranspiração, havendo exceção apenas no mês de março, abril e maio, que é o período chuvoso. A precipitação média anual é de 562,4 mm (IPECE, 2006). Como os estudos da região indicam dois valores de precipitação, optou-se por utilizar a média deles, para o cálculo do balanço hídrico.

A principal cobertura vegetal do semi-árido nordestino é a caatinga, sendo reconhecida como uma das 37 grandes regiões naturais do planeta, conforme estudo coordenado pela International Conservation (Tabarelli Silva, 2003 apud Costa, 2007).

A Caatinga é considerada como único bioma exclusivamente brasileiro, grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do planeta. Este bioma ocupa uma área de 895 mil quilômetros quadrados, da área total do Nordeste, englobando a maior parte do Estado da Paraíba, parte do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais. Na Paraíba, dois terços da área total do Estado correspondem ao ecossistema Caatinga.Rica em biodiversidade e

espécies endêmicas, a Caatinga abriga animais e plantas adaptados à escassez de água. (CAVALCANTE,2006)

3.1.2 Ambiente Fisiográfico do Bioma Caatinga

As unidades fitoecológicas que se estabelecem nesses solos variam desde a caatinga arbórea (ou floresta caducifólia espinhosa) e a caatinga arbustiva aberta, até a mata subcaducifólia tropical pluvial e a vegetação xerófila de carrasco, na região serrana.

A Caatinga apresenta três estratos: arbóreo (8 a 12 metros), arbustivo (2 a 5 metros) e o herbáceo (abaixo de 2 metros). A vegetação adaptou-se ao clima seco para se proteger. As folhas, por exemplo, são finas ou inexistentes. Algumas plantas armazenam água, como os cactos, outras se caracterizam por terem raízes praticamente na superfície do solo para absorver o máximo da chuva. Algumas das espécies mais comuns da região são: Amburana, Aroeira, Umbu, Baraúna, Maniçoba, Macambira, Mandacaru e Juazeiro.

Quando chove, no início do ano, a paisagem muda. As árvores cobrem-se de folhas e o solo fica forrado de pequenas plantas. A fauna volta a engordar.

A BEA possui duas classes de vegetação principais: Caatinga Arbustiva-Arbórea Alta Densa e Caatinga Arbustiva-Arbórea Alta Aberta. A primeira tem elementos arbóreos de até 8,5 m e espécies escandentes, a segunda possui árvores emergentes e esparsas com alturas entre 8 e 10 m. Ambas possuem espécies arbustivas altas entre 5 e 7 m, contudo, na primeira, tais árvores são encontradas mais densamente (LEMOS, 2006, apud Costa, 2007).

De acordo com Lemos (2006), a vegetação de Aiauba é variada, existindo árvores de grande porte que consegue retirar água a grandes profundidades, fato que as mantêm folhosas o ano inteiro. Dentre estas árvores está a Chinopsis Brasiliensis, conhecida como “Baraúna/ Maria-Preta” (Figuras 25 E e F). Este tipo de vegetação apresenta raíz que consegue atingir grandes profundidades. Outro nome para esta árvore é Guaraúna, Ibiraúna, Maria-Preta-da- Mata, Muiraúna, Paravaúna e Rabo-de-Macaco. O nome indígena “Baraúna” significa madeira preta. Esta árvore, mesmo em períodos de estiagem, consegue manter-se “verde”, folhosa, significando que conseguem retirar água do solo a grandes profundidades.

Segundo Cardoso et. al.(1996), do Laboratório Geoambiental do Cariri, dentre as espécies que predominam em relação aos parâmetros de abundância em Aiuaba-Ce, são em ordem de IVI (Índice de Valor de Importância), Cróton Sonderianus ( 73,3 %) – Marmeleiro (Figura 25 D), Croton Conduplicatus ( 33,1 %) – Quebra-Faca, Bauhinia Cheilantha ( 31,8 %)

- Mororó, Caesalpinia Pyramidalis ( 27,5%) – Caatingueira (Figura 25 A), Cordia Globosa (18 %) – Maria-Preta/Baraúna e Myracrodruon Urundeuva (15,8 %) – Aroeira. Na Tabela 01 são apresentadas diferentes espécies de vegetação em Aiuaba-CE de acordo com Cardoso et al. (1996), onde: NI = Número de Indivíduos; DR = Densidade relativa; DoR = Dominância Relativa; FR = Freqüência Relativa; IVI = Índice de valor de importância, conforme Tabela 01. Além destas árvores, existem também em Aiuaba, Craibeira (Figura 25 B) e Umbuzeiro (Figura 25 C). Existem aproximadamente 1.332 (um mil trezentos e trinta e duas) árvores na região em estudo de porte médio.

Tabela 01 Espécies de vegetação em Aiuaba-Ce

ESPÉCIES NI DR(%) DoR(%) FR(%) IVI

Croton sonderianus 613 41,6 20,8 10,9 73,3 Croton duplicatus 184 12,5 0,3 10,3 33,1 Bauhinia cheilantha 167 11,3 10,2 10,3 31,8 Caesalpina pyramidalis 100 6,8 10,6 10 27,5 Cordia globosa 90 6,1 5,3 6,7 18 Myracrodruon urendeuva 12 0,8 11,7 3,2 15,8 Jathopha molissima 59 4 0,8 8,6 13,4 Commiphora leptophloeos 16 1,08 7,4 3,2 11,6 Amburana cearensis 26 1,76 4 5,4 11,3 Piptadenia stipulacea 17 1,15 0,6 4 5,7 Manihot glaziovii 13 1,02 1,17 3,5 5,6 Sapium 6 0,5 1,7 1,4 3,5 Erytrina velutina 6 0,5 1 1,7 3 Aspidosperma prirfolium 9 0,6 0,4 1,7 2,7 Pilosocereus piauhiensis 5 0,4 0,8 1,4 2,5 Pseudobombax marginatum 2 0,2 1,3 0,6 2 Parapiptadenia zehntneri 3 0,2 0,7 0,9 1,7 Dalbergia cerensis 3 0,1 0,7 0,6 1,5 Cedrela odorata 1 0,2 0,4 0,3 0,8 Anadenanthera macrocarpa 1 0,1 0,3 0,3 0,6 Lantana mixta 1 0,1 0,0 0,3 0,4 Rollinia leptopetata 1 0,1 0,01 0,3 0,4

Fonte: Cardoso et al. (1996) 3.1.3 Geologia

O município de Aiuaba apresenta um quadro geológico relativamente simples, observando-se um predomínio de rochas do embasamento cristalino de idade pré-cambriana, representadas por gnaisses e migmatitos diversos, associados a quartzitos, xistos, metacalcários e granitóides. Sobre esse substrato, repousam, no extremo oeste, arenitos de textura grossa, arcoseanos ou caulínicos, com intercalações de siltitos e folhelhos, de idade siluro-devoniana (Formação Serra Grande). Ocorrem ainda, coberturas aluvionares, de idade quaternária, encontradas ao longo dos principais cursos d’água que drenam o município.

As principais classes de solos encontrados na área são: Bruno Não Cálcico, Litólitos, Latossolo Vermelho-Amarelo, Planossolo Solódico, Podzólico Vermelho-Amarelo e os Colúvios-Eluviais (IPECE, 2004).

Geologicamente o município de Aiuaba, tem 100% de sua área ocupada por litologias das unidades pertencentes às rochas cristalinas Proterozóicas, segundo a Figura 26.

Os limites são feitos por zonas de cisalhamento dúcteis transcorrentes, sendo a de Aiuaba a que define o seu limite norte e associada a esta, existe um grande número de falhas, fraturas e diáclases com direção predominante NO-SE (Figura 27, azul), reativadas atualmente por esforços distensivos.

Figura 26 Mapa geológico de Aiuaba. O quadrado (em vermelho) indica a região da BEA. Fonte: CPRM (2005)

Legenda do Mapa Geológico da Região de Aiuaba-Ce Fonte CPRM, 2005

Localmente, a área é caracterizada pela ocorrência de rochas do Grupo Orós -, incluindo micaxistos diversos, metassiltitos, quartzitos e metacalcários, que formam uma vasta área de afloramentos com trend (xistosidade) NE-SO, recoberta por sedimentos da Bacia do Parnaíba em sua extremidade sudoeste.

3.1.4 – Recursos hídricos

A formação geológica do Estado do Ceará é um dos fatores que dificulta o armazenamento de água subterrânea, com cerca de 75 % de rochas cristalinas em sua parte central e 25% de rochas sedimentares (PERH-CE, 1992). As rochas cristalinas funcionam como uma barreira à penetração da água forçando assim um escoamento superficial e consequentemente uma perda maior por evaporação.

a. Águas Superficiais

O município de Aiuaba encontra-se inserido nos domínios da bacia hidrográfica do Rio Jaguaribe, na sub-bacia do Alto Jaguaribe. Os principais tributários são: dentre outros, os riachos: do Umbuzeiro, da Pedra Furada, da Lagoa do Rocha, da Garganta, do Salgado, da Cachoeira, dos Cavalos, dos Bois e da Gameleira. O principal corpo de acumulação é o Açude Benguê com 19.560.000 m3. O padrão da drenagem é o dendrítico e os cursos d’ água tem regime de fluxo intermitente.

b. - Águas Subterrâneas

No tocante aos recursos hídricos subterrâneos nas áreas do município de Aiuaba, existem dois sistemas de aqüíferos: o das rochas cristalinas e os dos aluviões. Dentre os aquíferos cristalinos, destaca-se os aquíferos fissurais, que são bem expressivos na região.

Os aluviões, são depósitos de sedimentos, os quais são transportados pelos rios e depositados ao longo de suas margens, formando um extrato poroso com um bom potencial para o armazenamento de águas. Em Aiuaba, cerca de 30 % da região é composta por este tipo de solo. Nestes aluviões, dependendo da localizaçãoção, pode haver um grande depósito de águas subterrâneas.

No outro sistema de aquíferos, o de rochas cristalinas, observam-se um baixo potencial, pois os mesmos encontram-se inseridos em área de rochas do embasamento cristalino, sendo as zonas de fraturas, os únicos condicionantes da ocorrência d’água nestas rochas. A recarga destas fraturas se dá através dos rios e riachos que estão encaixados nestas estruturas, mas o que ocorre somente no período chuvoso. Estas águas são geralmente de qualidade regular, mas pode-se encontrar águas muito duras (carbonatadas), devendo-se ao tempo de residência das mesmas, que é muito longo, quando o fraturamento não oferece

condições de circulação, o que impõe, neste caso, baixa produtividade (poços de pequena vazão).

A água dos Poços na área da bacia destina-se em sua maioria a consumo animal e irrigação, sendo de qualidade ruim, com exceção de alguns poços, como o Poço Luiz Eudo. No Quadro 02 são mostrados alguns parâmetros destes poços, onde a sigla TDS (sólidos totais dissolvidos) indica a quantidade de partículas sólidas dissolvidas em litro da solução.

Quadro 02 – Parâmetros estatísticos dos poços de Aiuaba PARÂMETROS PROFUNDIDADE (m) VAZÃO m3/h TDS mg/l MÉDIA 59,03 2,06 1437 MÁXIMO 80,00 15,00 3932 MÍNIMO 23,00 0,00 401 Fonte: Cordeiro (2007)

Os aquíferos fissurais são localmente constituído pelas rochas fraturadas do embasamento cristalino. Em Aiuaba, esse sistema foi investigado com a utilização do método geofísico Very Low Frequency (VLF), para a detecção de zonas fraturadas.

Os resultados do estudo geofísico foram agrupados para a geração de uma malha no programa Surfer 8 e a partir deste foi construído um mapa de anomalias (VLF), plotado sobre as fotografias aéreas, de modo a permitir a correlação das anomalias com as fraturas. Este produto mostra que a maior concentração das estruturas se dá na porção nordeste da Bacia Experimental de Aiuaba, não só devido ao fato de ter sido o lado com maior número de informações, mas também por ser esta a área mais cisalhada da bacia.

3.1.5 Estudos Topográficos da área

Foram realizados oito perfis topográficos na região de Aiuaba, na área da Bacia Experimental (Figura 28). A localização destes perfis topográficos coincide com os perfis geofísicos realizados com o VLF.

O objetivo deste estudo é sobrepor as curvas de níveis, com as fraturas existentes na região para determinação da direção do fluxo subterrâneo.

Perfil 8 Perfil 6 Perfil 1 Perfil 4 Perfil 3 Perfil 7 Perfil 2 Perfil 5 Contorno da BEA

Figura 28 Levantamento topográfico com marcação dos Perfis

A área e o perímetro da BEA foram determinados a partir do conjunto de dados: curvas de nível da carta planialtimétrica em escala 1:10.000 elaborada por Araújo et al, (2004), com curvas de nível a cada 5 m e rede de drenagem digitalizada a cobertura aerofotogramétrica com curvas de nível a cada 5 m geradas a partir da base de dados SRTM (Shuttle Radar Topography Mission), por Costa (2007), como mostra as Figuras 29 e 30.

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Figura 29 Curvas de Níveis na área da BEA destacado em vermelho e em amarelo as curvas de níveis da carta planialtimétrica

Figura 30 Curvas de níveis – em amarelo as curvas de níveis da carta planialtimétrica, em vermelho as curvas de nível da base da SRTM, em azul a rede de drenagem digitalizada e em preto a divisão dos municípios.

Fonte: Costa (2007)

3.1.6 Precipitação em Aiuaba

De acordo com a dissertação de Costa (2007), a precipitação na Bacia Experimental de Aiuaba (BEA), corresponde a 663,60 mm, de acordo com a média dos último cinco anos (2003 – 2007), conforme Quadro 03 e 04.

Quadro 03 Precipitação média mensal em Aiuaba

Onde: PÆ Precitação LE Æ Lâmina Escoada CRÆ Coeficiente de “Runoff” SY Æ Produção de Sedimentos

Quadro 04 Precipitação mensal dos últimos cinco anos em Aiuaba-Ce

Fonte: Costa (2007)

Os dados do IPECE (2006), anexo A, apontam para uma precipitação em torno de 562,4 mm e os dados de Costa (2007) apontam para uma precipitação de 663,60mm. Portanto admitiu-se uma variação da precipitação entre 560 e 660 mm, já que as pesquisas foram feitas em períodos diferentes.

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