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2.2 Biomecânica

2.2.1 Descrição

A estabilidade da articulação metarcarpo-falângica deve-se não só aos tendões exores e extensores que cruzam a articulação, mas também aos lumbricais e interósseos prove- nientes dos seus respetivos músculos. Desta estabilidade, surge assim a possibilidade de existência de movimentos como exão, extensão, abdução, adução e rotação.

Movimentos

O movimento ativo na articulação metacarpo-falângica ocorre em torno de dois eixos localizados na cabeça do metacárpico. Dentro deste tipo de movimento surge a exão, extensão, abdução e adução.

A exão e a extensão, presentes na Figura 2.17 e na Figura 2.18 , ocorrem segundo o eixo transverso presente na cabeça do metacárpico. No entanto, durante a exão, este interseta o eixo longitudinal da falange proximal devido à geometria das superfícies articulares. Durante este movimento, o ligamento move-se além da cabeça, sobrepondo-se sobre si próprio, de modo a deslizar ao longo da diáse do metacárpico. Simultaneamente, a cápsula articular e o seu revestimento sinovial desbobram-se de modo a não limitar o movimento. Todo o movimento de exão existente é, também, limitado pela tensão criada nos ligamentos metacárpicos transversos profundos e pelos ligamentos colaterais, no entanto é pelos músculos lumbricais e interósseos, juntamente com os tendões exores que todo o movimento é permitido. Este movimento, exão, atinge um valor ligeiramente inferior a 90◦ no dedo indicador, aumentando progressivamente até ao dedo mínimo.

Na extensão, a superfície anterior da cabeça do metacárpico articula-se com o liga- mento palmar sendo responsabilizada pelo extensor dos dedos, com adição do extensor do indicador no dedo indicador e do extensor do dedo mínimo no dedo mínimo. A ampli-

Figura 2.17: Movimentos de exão e extensão da mão.[18]

Figura 2.18: Movimentos de exão e extensão da articulação metacarpo-falângica.

tude da extensão ativa varia entre os pacientes, podendo atingir 50◦ e até 90em alguns casos.

A abdução e adução, Figura 2.19, neste tipo de articulação, ocorre segundo um eixo ântero-posterior presente na cabeça do metacárpico, promovendo o afastamento ou apro- ximação no sentido do dedo médio, respetivamente. Este movimento pode atingir, quando o dedo se encontra estendido, uma amplitude de 30◦ para cada direção, uma vez que quando o dedo se encontra etido a tensão desenvolvida nos ligamentos colaterais limita os movimentos laterais. A abdução na articulação é produzida pelos interósseos dorsais para os dedos indicador, médio e anelar, e pelo abdutor do dedo mínimo para o dedo mínimo, auxiliada pelo primeiro e segundo lumbricais. Na adução, encontram-se pre- sentes os interósseos palmares, auxiliados pelo terceiro e quarto lumbricais para o dedo anelar e mínimo. No caso de a articulação se encontrar etida, a adução tem o auxilio dos exores dos dedos.

Descritos os movimentos principais dos dedos, designados como movimentos ativos, é importante referir a possibilidade de existência de um movimento passivo, a rotação. A rotação ativa não é possível, exceto no dedo mínimo mas, no entanto, devido às superfícies articulares e ao estado a que alguns ligamentos se encontram, é possível um certo grau de rotação passiva. Esta rotação tem uma amplitude máxima de 60◦, sendo que no dedo indicador se encontra na ordem dos 45◦.

Todos este movimentos encontram-se direcionados aos quatro dedos, indicador, mé- dio, anelar e mínimo. No entanto o V dedo, o polegar, assume condições um pouco diferentes quando se fala em movimentos. Assim para além os movimentos já referidos, exão, extensão, abdução e adução, o polegar contêm movimento de oposição.

Relativamente à exão e extensão do polegar pode-se referir que a sua amplitude de exão é na ordem dos 45◦, enquanto que a extensão é zero em condições ditas normais. A sua exão é responsável pelo exor curto do polegar com a ajuda do exor longo. No que toca à extensão, a partir da posição exionada, esta é produzida essencialmente pelo extensor curto do polegar com a ajuda do extensor longo do polegar. A abdução e adução são limitadas pela largura da cabeça do metacárpico e pelos ligamentos colaterais, podendo mesmo assim atingir 15◦na abdução, provocada pela contração do abdutor curto do polegar. Contrariamente aos restantes dedos, no polegar está presente uma rotação axial na articulação metacarpo-falângica, o que é um fato importante para o movimento de oposição, Figura 2.20. Esta rotação pode ser classicada como ativa, produzida pela contração do exor e do abdutor, curtos do polegar, ou passiva, ao pressionar o polegar contra o dedo indicador - movimento de oposição. O movimento de oposição referido inclui, simultaneamente, exão e abdução, sendo o grau de abdução maxímo quando o contato é feito com a face palmar do dedo mínimo. Este movimento conjunto, exão e abdução, provoca uma rotação ativa até ao momento de contato, aumentando o grau de rotação de forma passiva após este.[17] [12] [18]

Figura 2.20: Movimentos de oposição.[18]

Forças

Como consequência de ser um elemento essencial em inúmeras atividades no dia a dia, a mão está muitas vezes sujeita a esforços de baixa a elevada magnitude. A transmissão destas forças dentro da mão e dos dedos deve-se, essencialmente, ao tamanho e o peso dos objetos que esta pode carregar podendo mesmo ter consequências catastrócas em

cada articulação. O valor da reação, destas forças, em cada articulação é então objeto de estudo no que toca a concepção de próteses. Estudos revelam que as reações nas articulações metacarpo-falângicas são em média o triplo da carga aplicada, enquanto que as articulações carpometacarpianas são o dobro. A magnitude e direção destas forças conduziram assim a previsões de deformações e a lesões nestas mesmas articulações.

Entre as várias atividades de manipular e agarrar executadas pela mão, beliscar e segurar um objeto são alguns exemplos para o qual muitos estudos se direcionam. Assim, tendo presente as atividades a estudar, procede-se, normalmente, ao cálculo da força de reação provocada pela carga inicialmente aplicada ao dedo, o que se encontra representado na Figura 2.21 como o CX.

Figura 2.21: Diagrama de forças.[1]

Os ligamentos, tendões e respetivos músculos exercem também forças na articulação metacarpo-falângica, Figura 2.22, sendo estas também alvo de estudo no que toca à sua inuência na articulação. Todos estes elementos são componentes essenciais no equilíbrio e estabilidade da própria articulação. Na tabela 2.1 estão representados os signicados de todas as abreviaturas assinaladas na 2.22.

Tabela 2.1: Identicação de todos os componentes presentes na análise deste artigo.[1]

Articulação Incógnitas Símbolos

Metacarpo-Falângica

Força de compressão axial Cx Força Dorsal/Volar Cy Força Radio/Ulnar Cz

Momento Axial Mx

Força do Tendão Abdutor APB Força do Tendão Flexor FPB Força do Tendão Addutor ADD Força do Tendão Extensor EPB

Na tabela 2.2, estão apresentadas as propriedades mecânicas aproximadas para cada tipo de estrutura óssea, cortical e esponjoso, e para a cartilagem.

Tabela 2.2: Propriedades mecânicas do sistema esquelético.[2] Modulo de Young

E[MPa] Coeciente de Poissonv

Cortical 18600 0,3

Esponjoso 750 0,3

Cartilagem 8 0,5

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