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Descrição da amostra e resultados consolidados dos pré-testes 2 e 3

O somatório das duas amostras, referentes aos pré-testes 2 e 3, totalizou 32 indivíduos de ambos os sexos, maiores de 18 anos, residentes no Distrito Federal. Foram considerados elegíveis para participarem do estudo os indivíduos que cumpriram os seguintes critérios: 1) ter tido relações sexuais pelo menos uma vez na vida; 2) ter 18 anos ou mais; 3) assinar o TCLE.

A análise conjunta dos dados está descrita em duas categorias, a saber: Conhecimento e comportamento, atitudes e práticas sexuais no contexto da epidemia do HIV/aids, com vistas a atender o objetivo geral desta pesquisa.

Conhecimento sobre as formas de transmissão e as estratégias para a prevenção da transmissão do HIV

Quando analisado o conjunto das duas amostras, verificou-se que a totalidade dos indivíduos entrevistados concordou com as afirmações de que o uso de camisinha em todas as relações sexuais diminui o risco de infecção pelo HIV e de que o compartilhamento de seringas ou agulhas é uma das formas mais comuns de contágio. Além destas, apenas mais uma questão obteve resposta unânime: a de que nenhum dos entrevistados conhece ou ouviu falar em cremes e/ou géis microbicidas para prevenir a infecção pelo HIV.

Foi observado conhecimento baixo da população amostrada acerca da TARVcomo fator de diminuição do risco de transmissão do HIV a outra pessoa, porquanto apenas 21,6% concordaram com essa afirmação.

Sobre a diminuição do risco de transmissão vertical do HIV em decorrência do uso de TARV pelas gestantes, 58,9% concordaram com essa afirmação, sendo superior a proporção de mulheres com o conhecimento correto (63,1%). Todavia, no país, no período de 2000 a junho de 2019, foram notificadas 125.144 gestantes infectadas com HIV. Nos últimos 10 (dez) anos houve um aumento de 38,1% na taxa de detecção de HIV em gestantes: em 2008, a taxa foi de 2,1 casos/mil nascidos vivos e, em 2018, de 2,9/1.000 nascidos vivos (BRASIL, 2019a).

Menos da metade dos indivíduos demonstrou conhecimento sobre a existência da PrEP (45,3%), e 37,2% discordaram de que essa profilaxia PrEP poderia protegê- los da infecção pelo HIV. Além disso, quando perguntados sobre se tomariam ARV diariamente para reduzir o risco de infecção pelo vírus, caso estes fossem disponibilizados gratuitamente no SUS, 59,2% afirmaram não ter certeza sobre se esses medicamentos evitam o vírus da aids; dessas pessoas, 75% eram do sexo feminino.

Apenas 51,3% dos entrevistados afirmaram já ter ouvido falar de PEP, e somente 41,1% concordaram que ela serviria para protegê-los do HIV. Observa-se pouco conhecimento sobre a PEP, diante do fato de que essa profilaxia é ofertada no SUS desde 2009.

Sobre a circuncisão como forma de prevenção, a grande maioria (93,4%) afirmou desconhecer tal precaução. O desconhecimento sobre o autoteste domiciliar também foi alto, 90,3%, e o dessaber sobre o autoteste por fluido oral foi um tanto mais baixo: 69,3%.

A totalidade das mulheres, nas duas amostras, afirmaram saber aonde ir caso queiram realizar um teste de HIV, proporção esta de 71,7% dos homens.

As principais fontes de informação sobre HIV/aids e IST relatadas pelos sujeitos da pesquisa como desejadas foram: amigos (76,5%), televisão (76,5%), serviços de saúde pública (74,9%), internet (67,5%) e escola (65,7%); notavelmente, 91,7% dos homens e 61,3% das mulheres escolheram os amigos como maior fonte desejada de informações.

As fontes mais citadas pelas quais as pessoas não desejariam receber as mesmas informações foram: instituições religiosas (81,3%) e por meio da família (72,3%); as instituições religiosas foram proporcionalmente mais rejeitadas pelas mulheres (87,5%, frente a 75% entre homens), e a família, pelos homens (83,3%, frente a 61,3% das mulheres).

Comportamento, atitudes e práticas sexuais

Com relação às práticas sexuais, as amostras dividiram-se proporcionalmente entre pessoas homossexuais e heterossexuais, tanto entre os homens quanto entre as mulheres.

Pouco mais da metade (54,9%) dos indivíduos afirmou ter usado preservativo em sua primeira relação sexual. A maior parte (87,2%) declarou ter tido mais de uma parceria sexual na vida; 57,8% afirmaram ter tido mais de dez parcerias, sendo que a proporção entre os homens foi consideravelmente mais alta (80%) do que entre as mulheres (35,6%). Aproximadamente um terço (31,5%) dos indivíduos declarou nunca

usar preservativo; o uso frequente do preservativo foi reportado por apenas 22% do total, sendo que entre as mulheres essa proporção foi ainda menor, 15,6%, comparada a 28,3% entre os homens. Quando questionados sobre se utilizaram preservativo em sua última relação, apenas 35,1% dos participantes responderam que sim, e, ao contrário da questão anterior, essa proporção foi maior entre as mulheres, 41,9%, comparada a 28,3% entre os homens.

Em relação aos motivos pelos quais os indivíduos não utilizam preservativo, 32% afirmaram confiar em suas parcerias, sendo essa proporção entre as mulheres de 45,6%, e, entre os homens, de 18,3%. O segundo motivo mais citado para o não uso foi a diminuição de seu prazer sexual e o de sua parceria (23,8%). Vinte por cento (20%) não responderam, e 16,1% alegaram não usá-la por não se sentirem em risco de serem infectados(as). A diminuição da sensibilidade foi declarada por 6,6% das pessoas, todas do sexo feminino. Apenas 1,6%, todas também do sexo feminino, afirmaram não utilizar camisinha por reportarem alergia em si ou na parceria.

No que concerne à testagem para o HIV, 59,2% das pessoas afirmaram ter se testado ao menos uma vez na vida, sendo essa proporção ligeiramente mais elevada entre mulheres do que entre homens (65% e 53,3%, respectivamente). Apenas 8,1% dos indivíduos já se testaram para o HIV utilizando testes rápidos de fluido oral, e os locais mais frequentes de realização do teste foram laboratórios ou clínicas particulares (76,3%). O principal motivo para a realização de teste foi ter tido relações sem proteção (30,64%). Apenas 17,7% afirmaram testar-se periodicamente. Entre as pessoas que nunca se testaram, o principal motivo indicado foi o de não se sentirem em risco de infecção (48,5%) ou por não reconhecerem nenhum motivo para fazê-lo (36,4%). Das pessoas que já haviam se testado, 81,9% sabiam o resultado do teste.

Após a ocorrência de situações de risco sexual, 44,8% dos indivíduos afirmaram ter feito um teste de HIV após um período (19,4% entre as mulheres e 43,3% entre os homens), e 34,7% não se testaram, apesar da preocupação (31,9% entre mulheres e 16,7% entre homens).

Ademais, quando perguntados sobre sua opinião quanto ao risco próprio de se infectar pelo vírus, 13,1% afirmaram não possuir nenhum risco, 41,9%, pouco risco; 20,7%, risco moderado; e 6,3%, grande risco. Os demais não souberam ou não quiseram responder. Ao se correlacionarem os dados referentes ao não uso do preservativo e a percepção de risco de se infectar pelo HIV, possui destaque o fato de

que os sujeitos da pesquisa que não usam regularmente o preservativo têm baixa percepção do risco real de adquirir o HIV/aids.

Em relação à hipótese de tomar medicamentos ARV todos os dias, caso isso prevenisse a infecção pelo HIV, 34,8% dos indivíduos afirmaram que os tomariam, sendo essa proporção entre as mulheres superior à dos homens (51,3% e 18,3%, respectivamente). Sob a mesma hipótese de uso diário de ARV como prevenção, 75,4% dos indivíduos afirmaram que não deixariam de usar camisinha, e 78,9% afirmaram que não teriam um número maior de relações sexuais.

No mesmo contexto, o medo de sentirem os efeitos colaterais dos ARV faria com que 36,4% dos indivíduos deixassem de tomar esses medicamentos, sendo 53,3% dos homens e 19,4% das mulheres. Em contrapartida, 69,6% dos indivíduos afirmaram que não deixariam de tomar os medicamentos por medo de outras pessoas acharem que elas têm HIV.

A totalidade dos homens pesquisados na presente amostra relatou que deixaram de usar o preservativo devido ao uso de álcool e outras drogas. Entre as mulheres, essa proporção foi de 93,8%. Em ambos os sexos, 60,2% afirmaram que não usaram preservativo quando estavam sob o uso de substâncias psicoativas durante as relações sexuais.

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