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4. O CONTO AMAZÔNICO NA ESCOLA: UMA PROPOSTA

4.3 Proposta de intervenção

4.3.2 Descrição da proposta de atividade

É importante, aqui, descrever os passos percorridos durante as atividades em sala. O plano durou quatro meses e ocorreu em vinte e quatro encontros de cem minutos, sempre em aulas geminadas nos dois últimos horários nas sextas-feiras. O quadro (01) mostra a seguir como as aulas foram organizadas:

Quadro 01- Proposta de cronograma das atividadesdesenvolvidas em sala

MÊS CONTEÚDO OBJETIVOS E ESTRATÉGIAS NÚMERO DE ENCONTROS SETEMBRO LEITURA DO CONTO ―VOLUNTÁRIO‖ Propiciar momentos de leitura: Motivação, pré- leitura, leitura, pós-leitura, produção de textos. 6 OUTUBRO LEITURA DO CONTO ―ACAUÃ‖ Propiciar momentos de leitura: Motivação, pré- leitura, leitura, pós-leitura, produção de textos.

6

NOVEMBRO

LEITURA DO CONTO ―O REBELDE‖

Propiciar momentos de leitura: Motivação, pré- leitura, leitura, pós-leitura, produção de textos

6

DEZEMBRO

ESCRITA DOS CONTOS DOS ALUNOS

Orientação para a produção escrita; escrita do texto, partilha das produções textuais, refacção dos contos, produção final dos contos.

6

Fonte: Dados do autor.

O que reproduzimos, aqui, é nosso plano de atividades do projeto de intervenção, incluindo o previsto para as quatro fases – antes, durante, depois da leitura; produção escrita -, detalhando todos os encontros e, no final, discutindo a pertinência de um evento avaliativo como culminância.

Antes da leitura Primeiro encontro

- Motivação para a leitura; mobilização dos conhecimentos prévios dos alunos e de sua criticidade diante do tema abordado.

- Organizar a turma em círculos. Em seguida, motivá-la, falando sobre o gênero conto (seus traços peculiares) e colhendo histórias relembradas pelos discentes que os conectem às narrativas curtas. Depois, instigá-los a levantarem hipóteses sobre o que poderão encontrar nas histórias que serão lidas.

-Após socializar as respostas, a turma deve escrever um pequeno texto em que apresenta sua expectativa sobre os contos a serem lidos.

Segundo encontro

- Propiciar momentos para que a turma revele suas expectativas, escritas no encontro anterior. As respostas são semelhantes? O que há de diferente nas respostas dadas?

- Apresentar o livro aos alunos e mostrar informações sobre o autor em data-show. Falar sobre o autor, ressaltar que escreveu sobre temas da região amazônica e indagar dos alunos se conhecem ou ouviram falar de outros autores da região.

- Provocar a observação das imagens da capa do livro, levantando hipóteses sobre os assuntos tratados nos contos.

- Entregar o livro à turma, para que circule entre os alunos e que observem aspectos como capa, título, autor, quantidade de páginas etc.

- Indagar à turma se ela ficou curiosa para ler o livro. Combinar o início da leitura para o próximo encontro.

- Propor à turma um convite aos pais para que possam participar das rodas de leitura. Observar as reações e respostas dos discentes

Durante a leitura Terceiro encontro

- Preparar o ambiente, distribuir a turma em círculos (se houver pais de alunos, esses deverão também ser incluídos no círculo) e entregar cópias dos livros aos alunos.

- Iniciar a leitura em voz alta, enfatizando os trechos por meio da entonação, expressão facial, dos gestos, do movimento, da interpretação na tentativa de envolver o leitor e buscar interação com ele.

- Permitir que os alunos e pais leiam, conforme suas vontades. Ao fim de determinados parágrafos, esclarecer questões de vocabulário e propor questões sobre passagens da obra.

Quarto encontro

- Relembrar o encontro anterior, oferecendo situações para que os alunos expressem seus comentários e atentar para inferências feitas, hipóteses levantadas, em resumo, suas reações à obra.

- Propor cerca de vinte minutos para leitura silenciosa e, após isso, conduzir reflexões sobre as passagens lidas.

- Permitir que os alunos façam a leitura, instando-os a reflexões após pequenos grupos de parágrafos lidos.

- Sugerir que podem dar continuidade à leitura em casa e anotarem o que encontrarem de novidades, dúvidas, bem como lerem outros contos do livro.

Após a leitura Quinto encontro

- Socialização das impressões dos alunos sobre o conto lido.

- Socialização das impressões dos pais sobre os encontros e sobre sua participação nas aulas, junto aos filhos.

Sexto encontro

- Conduzir uma reflexão acerca do conto lido, observando as impressões dos aprendizes; verificar, juntamente com eles, se suas expectativas apresentadas antes da leitura confirmaram-se, o que pode ser feito por meio de devolutiva do texto escrito anteriormente por eles; promover o debate acerca das relações das narrativas com outras que conheçam, com passagens de suas vidas.

Para atividades com escrita

Finalizadas as oficinas de leitura, a partir da leitura e discussão do conto, propor uma atividade que permita aos alunos expressar e materializar suas impressões acerca do que foi lido, além de dar voz às próprias narrativas.

- Suscitar uma breve recapitulação dos contos lidos durante as oficinas. - Sugerir que escrevam uma pequena narrativa inspirada na obra lida. - Iniciar a produção textual dos alunos em classe.

Planejamento do texto

Mencionar aos alunos que o objetivo, que não precisa ser cumprido integralmente na primeira tentativa, será escrever uma narrativa que eles considerem interessante e que pode chamar atenção de outros. Como sugestão, eles podem escolher alguém, entre as pessoas com quem convivem– parentes, vizinhos, amigos -, e produzirem uma história, real ou fictícia, vivenciada por tal pessoa.

Avisar que os textos produzidos podem ser apresentados ao público (comunidade escolar e do bairro) durante exposição na escola e, posteriormente, farão parte de um livro que será doado à escola.

Fornecer algumas sugestões de assuntos para ajudá-los a desenvolver suas narrativas – deixando claro que são sugestões, não são obrigados a seguir esse caminho; se desejarem, podem abordar qualquer tema que considerem mais interessantes. Alguns temas sugeridos:

● Um morador que vivenciou o progresso do bairro.

● Alguém que vivenciou um fato triste no local onde mora. ● Alguém que vivenciou um fato alegre no local onde mora.

Em seguida, podem pensar nos personagens, cujo número não deve ser extenso, dada a brevidade da narrativa.

Por fim, pensarem em um título sugestivo para sua história, que dará ao leitor a noção do que irá encontrar nela.

Etapas de revisão e reescrita do texto produzido

1ª etapa: os alunos podem ser orientados a escrever seu primeiro conto. Esse

momento cria oportunidades para que os discentes ―descubram‖ a expressão escrita como forma de comunicação, de interlocução.

2ª etapa: socialização dos textos escritos em sala, na etapa anterior. Os alunos se

organizam em duplas. Dentro das duplas, entre si, cada aluno lerá o texto de seu colega e opinará acerca da narrativa, da clareza, das personagens, da ordem dos eventos, da adequação do título etc. e dará sugestões para a melhora do texto. Neste momento, o professor deve estar circulando entre as duplas e orientando a atividade.

Em seguida, os alunos reescreverão seus textos a partir da discussão.

3ª etapa: os textos serão entregues ao professor, que escreverá sugestões e fará a

devolutiva aos alunos. Os textos, reescritos após as observações dos colegas, serão encaminhados para o professor para que oriente os alunos sobre possíveis ajustes. Após a leitura dos textos, o professor os devolverá, a cada estudante, com as anotações feitas para a redação da versão final de seu texto.

Por fim, a culminância de todo o projeto de leitura e escrita se fará com a exposição dos contos produzidos para o público: a classe escolar e a comunidade do bairro. Essa atividade deve ser organizada pelos próprios alunos e coordenada pelo professor.

Durante todo o planejamento, preocupou-nos a questão de como dar conta de um processo dinâmico como o percorrido pelos alunos em uma (ou mais de uma) avaliação que respondesse ao que a burocracia escolar exige.

O dilema se coloca, pois Souza (2010) nos leva a questionar se devemos avaliar atividades de leitura ou, mesmo, se devemos mesmo avaliar qualquer atividade. Cosson (2014), por sua vez, propõe que, em um círculo de leitura literária, a avaliação se faça por meio da observação do docente e autoavaliação do aluno.

Talvez, mais importante que avaliar seja observar se o aprendente, ao ler um texto, consegue fazer referência ao contexto do texto e ao seu próprio contexto de leitor, buscando a produção de sentidos para a sua existência em sociedade – pelo que, durante a proposta, não adotamos nenhum tipo de avaliação tradicional.